Dentro de género "tens uma sorte brutal", gostava de atrair uma ou duas pessoas para o texto que escrevo hoje sobre o novo edifício dos irmãos Aires Mateus, o Centro de Criação contemporânea Olivier Debré, Tours, uma das coisas bonitas que vi esta semana. As demais, e são muitas, fazem parte de um texto que sairá em breve na revista Volta ao Mundo.
Claro que a pessoa escreve a dormir e saem coisas dúbias. Ora, claro, que nos devemos indignar com o inominável e a Le Pen. E com o que quisermos, já agora. E não é preciso dizer apenas coisas fofinhas. Mas também não precisamos de abraçar todas as causasinhas como se fossem as últimas (mesmo em relação a algumas coisas de presidente dos EUA ou da candidata à presidência de França) no espaço público. Por vezes, a indiferença é o melhor remédio. Porque as pernas de uma assessora num sofá não é o mesmo que uma proibição de entrar num país. Por exemplo.
Três tarefas importantes foram levadas a cabo nestas folgas:
- Pus o wi-fi a funcionar como deve ser em vez de passar os dias a queixar-me que estava uma porcaria e a desesperar;
- Atualizei o software e limpei mais de 240 ficheiros de qualidade duvidosa. Mais de 240. 240! Uma bandalheira que isto estava;
- Deixei de seguir o Trump no Twitter. Era o maior vírus de todos.
O meu gesto é insignificante, que é, mas estou aliviada e, mesmo pequena, sinto que fiz uma coisa mesmo bem feita. Primeiro, porque o inominável pode ter todas as contas que quiser e comunicar como bem entende, mas prefiro ler o que ele diz enquadrado pelo trabalho jornalístico dos meus colegas que acompanham a atualidade internacional. Se algum me tiver de ser eu a fazê-lo logo reverto e volto a acompanhá-lo. Para já não quero fazer parte das não sei quantas mil pessoas que o seguem. Porque do outro lado o que aparece é que sou uma entre não sei quantos milhões a quem a sua mensagem chegou, concordando ou não.
Nesta época de comunicação em rede, sinto muitas vezes que nos usam como figurantes num filme sem nos pedirem autorização. Nós achamos que contamos, que temos um papel (pequeno que seja), e não. Estamos ali a encher. É como seguir as Kardashian. Mal não faz, mas fará bem?
Mas, ao que ia, Trump. A política em relação a este homem -- um patife cuja honestidade está por provar -- tem de ser a do desprezo. DESPREZO total. E, sobretudo, as pessoas como eu, que podem não o ver, ouvir ou ler, não precisam mesmo de o ver, ouvir e ler. Não é que não queira estar informada, é apenas ter a descontração de poder dizer: se for mesmo importante, vou saber. Há de passar na televisão, alguém me vai avisar. Claro que ao escrever um post sobre isto estou a contradizer-me, mas, bom, queria mesmo pô-lo em palavras.
Quanto menos atenção se prestar a pessoas como Trump, melhor, como poderiam explicar, e bem, todos os italianos que tiveram de conviver com Berlusconi. O que digo tornou-se ainda mais evidente depois do magnífico discurso de Meryl Streep na gala de entrega dos Globos de Ouro (na nossa madrugada de segunda-feira). Ah, como gostei daquele discurso.
O problema, como falámos a Catarina e eu, a caminho dos Prazeres, para dizer adeus a Mário Soares, a única coisa que saiu desse discurso foi o aplauso daqueles que já concordam com ela e a oportunidade do inominável dizer que as celebridades podem ficar onde estão, porque ele está com as PESSOAS. E escrevia-o assim mesmo: com maiúsculas. Como se ele fosse a única pessoa preocupada com as pessoas. Como se ele realmente estivesse preocupado com as pessoas (a julgar pelos brancos milionários que tem convidado para os cargos da presidência).
A Catarina, que é cidadã norte-americana e está sempre muito atenta, falava-me de um artigo do Politico muito crítico em relação a este discurso, uma nova perspetiva para o que está a acontecer. Meryl Steeep queixava-se de Hollywood ser vilipendiada, assim como os estrangeiros e a imprensa, e é verdade. Mas ele já foi eleito, passámos essa fase. Chegou a hora de o julgar pelo que faz hoje, sem peninha de nós próprios. Sem pena das celebridades, que são atacadas mas podem falar e voltam para casas aquecidas, frigoríficos cheios e wi fi enquanto milhões de pessoas sem voz estão sem trabalho e simplesmente não têm qualificações para o que se segue. Os progressistas são o sistema. É bastante sufocante o que temos pela frente, e foi também nisso que me concentrei nesta despedida de Mário Soares. Ele fez muito pela liberdade e agora é a vez da minha geração pôr mãos à obra. Talvez pareça tarde, mas de certeza que não é. Soares tinha 49 anos e tudo pela frente quando chegou a Santa Apolónia naquele 28 de abril de 1974. Ainda se pode fazer muita coisa, portanto. É dessa muita coisa que fala Obama, não é?
Nunca vamos saber como é que nós, pessoas que acham Trump um palhaço e escolhiam Hillary no boletim de voto sem pestanejar, estamos a prejudicar o que consideramos ser o caminho do bem. O raciocínio é este:
Vamos imaginar que estou descrente na política e que a opção que me dão é Hillary Clinton. Só na comparação é que esta senhora se safa. Porque ela é muito má.
Um americano que conheci há um mês dizia-me "ela não vale nada". Mas ia votar por detestar Trump e ver nele o que está à vista - ausência total de uma ideia ou um projeto, ignorância política e outras falhas de curriculo.
Depois de ter ficado muito espantada com as palavras dele, calhou ver em direto o terceiro debate Clinton/ Trump. Ela esteve péssima. Entre outras coisas, não foi capaz de explicar por que razão foi paga por uma multinacional de energia para dar uma conferência onde tinha dito exatamente o contrário daquilo que se propõe fazer como presidente, por exemplo. Atrapalhou-se em muitas respostas. Percebi, finalmente, o que o senhor americano queria dizer.
Mas já ninguém pensa nisto de forma distanciada. Sem que se pense muito escreve-se que Trump é ridículo e perdeu e que Hillary é ok e ganhou. Na manhã seguinte, as notícias dos jornais falavam em claras vitórias de Hillary, mas ela não esteve melhor do que ele, porque neste debate eles responderam a coisas diferentes, mais dirigidas a cada uma deles. Ele esteve mal, como de costume, mas ela também.
E isto vem ao caso para dizer o seguinte: parece que há mesmo muitos, muitos eleitores que estão a ver uma pessoa que patina em respostas simples, uma mulher do sistema que já lhes falhou e não querem votar nela. Da mesma maneira que eu digo "como é que podem votar no Trump?", uma parte da América pergunta "como podem não ver que ela tem pés de barro?". Então, sempre que chamamos burro ao Trump estamos a insultar as pessoas que se sentem enganadas pelo sistema e que, achando que há um mundo contra elas, reforçam o apoio a um candidato xenófobo, racista, violento, egoísta, sem sentido de Estado. Para eles, Hillary é a manutenção do status quo que já falhou. Votar em Trump é uma espécie de lição que querem dar.
Não resulta, claro.
Não podemos mudar as regras da democracia porque um louco se candidatou. Só podemos pôr evidência as suas contradições com muita força e, talvez, só talvez, deveríamos mostrar menos interesse pela sua figura mediática, que é, sem dúvida, mais interessante do que a dela. Já vi na capa de um jornal noticiarem que Clinton ia à frente nas sondagens com a foto dele em maior destaque. Isto não é culpa dos jornalistas, não é teoria da conspiração. É o espírito do tempo. Pessoas como Trump estão para os media como a luz para as borboletas.
Sobram-me dúvidas, muitas dúvidas, sobre a real utilidade de uma tomada de posição a favor de Clinton como fez o New York Times. Será que tomar essa posição, sensata em si, não é mais uma acha na fogueira dos que se sentem abandonados pelo sistema e, por isso, mais uma razão para apoiar Trump? Não é dos New York Times, dos intelectuais, da América sem armas que fogem os apoiantes de Trump.
Não tenho dúvidas sobre quem é melhor, só tenho dúvidas sobre como o apoio que lhe é dado reforça as convicções de quem não gosta dela.
Lena Dunham. Nunca tinha ouvido falar dela e agora parece que até na sopa a encontro e ainda bem. Às vezes estou aqui atrás do ecrã a pensar no sentido da vida, e na razão de ser de vos escrever tanto e tantas parvoíces, sempre a dizer a mim mesma "leiam a mãe, leiam a mãe, entendam que é por amor e sigam os meus conselhos", posso já não estar cá quando for necessário. Imagino que é tempo perdido mas depois encontro coisas que me renovam a esperança. Não é preciso serem como mãe, podem inspirar-se em pessoas como a Lena Dunham.
A Lena tem muitas qualidades. A primeira é que o nome se lê Lina. Gigantesca vantagem competitiva! Não é gira como é suposto ser gira na televisão mas está a encontrar o seu lugar em Hollywood, o que é de valor e me faz querer recomendá-la. É possível mudar ideias pré-concebidas. É uma desbocada e uma talentosa escritora e atriz. Basta ver a série "Girls" para saber. A Lena está a fazer a revolução com o seu jeito meio desengonçado e gosto muito disso.
Não sabia que ela existia até aos emmy, cerimónia em que me aparece com um vestido giambatista valli rosa néon mas corte pouco favorecedor que a fazia parecer um cupcake murcho e o cabelo louro oxigenado, mas nunca se desmanchou. Acho que sentia bonita e poderosa e contra isso não há críticas que resistam.
Acho que lhe tirei as medidas certas a julgar pelos vídeos cheios de conselhos para miúdas que tem feito, a propósito do lançamento do sue livro "Not that Kind os Girl", à venda a partir deste 30 de setembro (nos EUA, pelo menos). Meninas e meninas, #ask Lena.
Não o digo com orgulho, digo até com uma certa pena, mas esta loucura em torno do iphone 6 ultrapassa-me. É um telefone muito bom? É. De certeza. Faz chamadas? Sim. Liga à net? Sim. Mas é capaz de me dobrar um cesto de meias num serão escuro de dezembro? Muda-me uma fralda se for preciso? Faz-me um manjar 3 estrelas Michelin com os restos que estão no frigorífico? Não???? Estou desiludida. Esperava mais. Desde que o Steve Jobs faleceu que aquela empresa já não é a mesma. Diz que agora até contrararam um que me faz óculos e copos e camas.
E só não fico mais perplexa com esta febre por causa de um telefone porque entretanto sou casada com o fã número 1 do Steve Jobs e da Apple. Ontem, quando chegou a casa já me estava "E o phone 6?... E o iphone 6 plus?... E o relógio?" O telefone? É igual ao que temos! E o plus? Um telefone para badochas com dedos gordos que não conseguem mandar um sms sem erros! Ultrapassa-me, mas, lá está, vejo o entusiasmo alheio e acho que my husband é que tem razão. E o relógio... realmente... é bonito... Ninguém pode dizer o contrário. Falta muito para 2015?
Duas coisas: o abelhudo é sempre o mais criminoso, que disso não restem dúvidas. Não se mexe no que não é nosso, ponto final. As pessoas têm as coisas na cloud ou fechadas em casa porque querem e ninguém tem de as expor. A segunda coisa é que é ofensivo (e ridículo) vir dizer que quem opina que a cloud é insegura é como as pessoas que dizem "ela estava a pedi-las porque usou minissaia". Causa efeito, sim senhora, mas não tem nada que ver. Tem a ver sim com sermos desleixados na maneira como deixamos as coisas por aí. Deixamos as portas de casa abertas? Apenas no trinco ou com três voltas de chave? Essa é a comparação possível. Pelo menos para mim.
Rosham Qasam, 11 anos, no dia em que se casou com Said Mohammed, 55.
A menina do vestido cor de rosa casou-se aos seis anos com o senhor que está ao lado, Majed, de 25.
A menina do vestido verde é uma colega de escola.
Bibi Aisha foi dada de presente pelo pai a uma família para compensar de um crime que tinha cometido. Ela tinha 12 anos. Fugiu. A polícia encontrou-a e devolveu-a ao marido que, juntamente com o pai e os irmãos a levou para as montanhas do Afeganistão e lhe cortou o nariz e as orelhas.
De repente, ficou um dia lindo, não ficou? Pois.
Estas fotografias são de Stephanie Sinclair, uma fotojornalista norte-americana que andou pelo mundo durante 10 anos a captar estas realidades. Em 2008, as imagens foram expostas na sede da ONU em Nova Iorque. Depois disso têm passado por muitas cidades do mundo e chegam hoje a Lisboa. A exposição "Too young To Wed (Novas Demais para Casar)" inaugura hoje no átrio da sede da Caixa Geral de Depósitos. Fica até dia 15. Mais pormenores no sítio do costume e uma boa notícia (pelo menos para mim que já não me lembrava que esta menina tinha sido capa da "Time"): o nariz de Bibi foi reconstruído e vive em Nova Iorque. Tem outros problemas, mas vamos acreditar que tudo pode melhorar...
Para o costume, vimos muita qualidade e muita coisa bonita. Vá, a Inês* merece! Não se acanhem...
Como disse ontem, o encarnado foi a cor. Só assim de memória, a escolhida de January Jones (belíssima), Claire Danes (gosto sempre), Julia Louis-Dreyfus (uma das grandes vencedoras da noite) e Heidi Klum. A Heidinha, por acaso, merece uma menção especial (e honrosa). Há anos que não a via bem vestida em cerimónia alguma. O modelo da noite passada era do Zac Posen, senhor que, aliás, a acompanhou. Isso, porém, já me parece para lá de deprimente. Mas, bom, é lá com a ela.
Entre os muito bons (para o meu apetite, claro está), a Julia Roberts, mas aí o sorriso é metade do design; Kate Walsh, a senhora da "Clínica Privada"; Sofia Vergara (mas este não podem levar ao casório porque é branco e porque é preciso ter um rabo maravilhoso, que têm, mas vamos tentar não ofuscar a noiva); Michelle Dockery, sempre com aquela pose que aprendeu para o "Downton Abbey" mas que lhe fica a matar; e de algumas mais desconhecidas Giuliana Rinci (apresentadora do E!), a miúda de "O Meu Primeiro Beijo", a trans Laverne Cox ou a Kate Mara. Quase todos também em branco. A Giuliana, por acaso, ia de vermelho.
Claro que houve uns tiros ao lado. Como sempre. E nem estou a falar do que vestem a Octavia Spencer ou a Melissa McCarthy. Não avalio miúdas com corpos menos que bons. Estou a falar de Katherine Heigl, por exemplo. Que raio de cor era aquela? Como é possível levar um vestido que é lindo, que assenta maravilhosamente, ms cuja cor -- champanhe -- e penteado -- estilo avózinha -- podem arruinar tudo? Vi-a chegar e nem achei mau mas com a luzes... Horróroso! E nem era a pior.
Uma morena, tipo Kerry Washington, tinha aguentado aquele vestido na boa, mas a Olivia Pope tem a mania que é original. A propósito, não entendo a agitação com esta atriz. Não me parece que o "Scandal" seja alguma coisa de especial, mas, bom, anda tudo doido com a Kerry. Até o stylist dela, pelos vistos. Que raio de trapo.
A Sarah Silverman também não estava no seu melhor. Acho a ideia de vestir uma maria-rapaz de princesa adorável mas é preciso um vestido giro. Um verde escuro com aplicações de pedraria... Ná... Apesar de lhe ficar razoavelmente bem, para o género. Também não sei o que deu à Mayim Bialik, eterna Blossom, para me ir com um vestido de renda de azul elétrico. Está tudo doido. Bem sei que ela cavalga a cena do nariz judio e de não ser lá muito gira em "A Teoria do Big Bang", mas, malta, é só um papel. Ela consegue mais.
Outros "é-pá-quase-lá-mas-não": Debra Messing (tem sempre qualquer coisa de desarranjado e sem brilho, ruço mesmo) e Camila Alves. O vestido da mais-que-tudo do Matthew McCounaughey era giro. Não se pode dizer o contrário. Ela é linda. Também não vou agora dizer que não, mas parece-me sempre muito cabeluda, um pouco pirosa. De modo geral, acho-a mal vestidota. Ontem, não foi exceção.
E é isto. Não há cá fotos para ninguém. Mas por este link chega-se a uma maravilhosa galeria de fotos do DN, onde, com autorização para publicação e contra o pagamento de um cheque mensal, a malta da Reuters faz o favor de meter repórteres onde eles são precisos. Nas passadeiras vermelhas. Claro está.
*A Inês é uma moça de quem gosto muito e que se casa em menos de um mês. Como sei que ela não vai ter muito tempo para a net nos próximos tempos, ficam já os votos de felicidades. Já agora, a ver se alguém mais disponível se lembra de postar fotos da noiva no grande dia -- #noivamaislinda
Ao domingo, uma coisinha ligeira tipo MTV Video Music Awards. À segunda, Emmys. Podia viver assim, dos diretos do E!Melhoramos 300% o nível e ainda nem começaram a aparecer as estrelas.
- O Ryan Seacrest (Seabrest?) está ausente. Primeira notícia da noite.
- Aquela hipermagrinha que apresenta, Giulianna qualquer-coisa está a desafiar a sorte: as raízes do cabelo A APARECER. Não é para qualquer pessoa. O vestido vermelho assenta muito bem no rabo, no peito não parece tão giro.
- Encarnado é a cor, by the way. Malta com casamento em breve, podem começar a registar.
- Estão a passar imagens das estrelas a chegarem e sinto amor. Apesar de compostinhas no direto, como todas nós, em qualquer boda, há sempre aquele momento a sair do carro da malta a compor-se.
- Vi passar o Sheldon de "A Teoria do Big Bang". Jim Parsons. Eu sei que o ator se chama Jim Parsons.
- Há uma nomeada com borbulhas na testa. Borbulhas. Nos Emmy. Estando nomeada. Pobre mulher.
- Vi a Heidi Klum bem vestida. É quase chocante. Claro que a seguir estragou tudo fazendo-se acompanhar pelo designer do vestido, Zac Posen...
- Jon Hamm=perfeição.
- Sarah Silverman com vestido e mamas à mostra. Outra manchete.
- Devíamos ter uma Joan Rivers na nossa televisão.