Só para se ver como isto dos TPC é subjetivo (e como estou obcecada com o assunto), perguntei à Madalena se vai trazer trabalhos amanhã e ela diz-me com o maior orgulho: "os trabalhos de casa são o nosso prémio se soubermos ler". E diz-me isto assim, com a maior naturalidade, como se esse momento fosse mais interessante do que um bilhete para o concerto da Violetta. Está certo!
Várias pessoas deixaram comentários sobre o assunto. Obrigada pelas opiniões. Concordando mais com uns do que com outros, acho que todos falamos do que conhecemos, a partir da nossa experiência e jeito, ou não, para estas coisas.
A Ana Maria dizia que para ela era um problema o onde e quando fazê-los (não ela, a filha). Se for uma carga muito forte a criança não consegue fazer mais nada. E concordo com ela. Da mesma forma que concordo que os TPC devem ser todos corrigidos na aula. Se não são, qual é o objetivo?
Outra pessoa, SerraBrava, falava nessa coisa do pedir ajuda. Quando falar em ajudar é sentar-me ao lado e estar ali a explicar todos os passos a par e passo. Sinceramente, qual é a utilidade disso? Há coisas na vida que são muito difíceis, algumas inevitáveis (vide, a carga de impostos), mas se pudermos poupar na fatura do sofrimento, agradece-se.
Deixo para último lugar uma frase da pessoa que assina Espalha Brasas: "Não vamos exigir nada aos meninos...nem uma cópia...nem uma leitura...nada...(ler com ironia sff). Pesquisar! Significa dar um tablet ou um PC?". Sou bem a favor dos miúdos trazerem pesquisas para fazer em casa, e acho realmente que o mau princípio é achar-se que as pesquisas são ir ao google e escreve uma palavra-chave naquele retângulo. Não são. É cruzar fontes de informação, analisar a sua credibilidade, tirar conclusões e procurar outras fontes, como livros ou a memória dos pais e outras pessoas.
Mas, pronto, nunca nos vamos pôr de acordo nestes assuntos e, com apenas quatro dias de 1.º ano, a conclusão a que chego é que a melhor política é respeitar as opções da professora e os seus métodos. Ela sabe o que está a fazer.
Nem de propósito, esta foto vinha acompanhada desta legenda:
"Children should transcribe favourite passages. ––A certain sense of possession and delight may be added to this exercise if children are allowed to choose for transcription their favorite verse in one poem or another... But a book of their own, made up of their own chosen verses, should give them pleasure."
Madalena: "Passei o dia sentada mas valeu a pena. Aprendi imensas coisas".
Teresa: "Brinquei com a N. e a D.".
Francisca: Chorou a manhã inteira. O relato é de terceiros. Daqueles terceiros (avó) que não douram a pílula.
Agora é que a porca começa a torcer o rabo e, se calhar, não sou tão fortalhuda como achava. Vai-se a ver e vou andar com o coração nas mãos no próximo mês.
Conclusão a que cheguei depois de esta manhã ter empreendido então a espinhosa tarefa de tirar tudo dos quartos e rearrumar, tendo em conta o novo mapa judiciário da nossa casa: grande sozinha e pequenas juntas. É uma missão espinhosa. Havia legos misturados com pinypons, barbies, bonecas, livros... A sério. NUNCA mais ninguém oferece brinquedos a estas miúdas. A começar por peluches. A sério. O que é que vou fazer a tantos peluches? E, já agora, como é que elas juntaram estes bichos todos? A boa notícia é que está tudo a ficar muito lindinho, e pronto para recomeçar o ano como deve ser. Em grande.
Vocês não se vão lembrar, é preciso que vos conte que há uns tempos, na brincadeira, vos disse, Madalena e Teresa, que era capaz de fazer uma gargalhada assustadora. Vocês agarraram-se a mim no quarto, luzes apagadas, enquanto fazia um ah ah ah cavernoso. Vocês têm medo, mas é um riso nervoso e cómico. Agora fazemos com as luzes acesas e onde calha. Ontem à noite, quando estávamos a brincar à "gargalhada assustadora", a Quica imitou a mãe. E hoje repetiu. Para o vídeo.
Estas foram as nossas primeiras férias a cinco realmente sozinhos. Não houve cá avós ou babysitter para dar uma mão. Com a bagageira à pinha, rumámos à Praia Verde. Algarve em agosto é do melhor que há. Escolhemos o sítio por ter fama de ser dos mais quentes e porque tinha estado lá em abril em trabalho. Estava em estado de nervos temendo que o senhor-meu-esposo não gostasse (Barcelona foi um tiro ao lado e tinha sido eu a escolher). Mas parece que acertei. No hotel e no local. Até à praia era um instantinho e conseguimos a proeza de lá chegar pelo menos dois dias antes das 10.00 e nos outros às 10.00 e pouco. A água estava fria à brava, há que dizer. Piscinámos, zangámo-nos convosco, houve birras, mas também nos rimos muito e descobrimos coisas novas.
A Madalena, cada vez mais crescida, tirou fotografias a tudo o que mexia. E até ao que não mexia. Durante as férias aumentou um número de sapatos e também lhe caiu o quarto dente de leite.
A Teresa faz frases cada vez mais completas e complexas e anda muito senhora do seu nariz. Sempre que podia pedia para jogarmos aos "animais". O jogo consiste em dar pistas de um bicho para os outros adivinharem. O preferido da nossa filha era este: "Diz um animal que tem um pau na cabeça e rabo de cavalo e é branco e azul". Nós dizíamos "unicórnio" e era o delírio. O papá ensinou que se diz antes corno.
A Francisca era um bebé e tornou-se uma menina. Quer brincar com as irmãs e exige ser incluída nas conversas com elas. Faz olhinhos de pena quando as manas fazem coisas em que ela não pode participar. Aprendeu a dizer todas as palavras que precisa. A nossa favorita é "baxa" -- francisquês para bolacha.
Entretanto, aproveitámos a babysitter do hotel e as miúdas estiveram a fazer brincadeiras várias. Uma das preferidas foi esta: fazer pizzas a sério.
Há sempre rivalidades e implicâncias quando os irmãos se juntam e é engraçado vivermos isso na primeira pessoa. Engraçado digo eu agora. Quando estamos a assistir é desesperante. Em todo o caso mantenho a convicção: dão-se bem e gostam uma da outra. Gostei de ver. A embirração mútua só pode ser bom sinal quando a seguir vem um abraço.
A meio da semana aconteceu a cena mais divertida. Estávamos na piscina e apareceram três irmãs adolescentes (16, 14 e 12 anos). Estavam a implicar com a mais nova, que só queria imitar as mais velhas e a "Madalena" da família só queria fazer tudo sozinha. Típico, pensei eu. Perguntei-lhes a diferença de idade e era a mesma que a vossa: dois anos.
Mas a grande estrela das nossas férias a sul foi a nacionalização do BES, logo ao segundo dia. Ia ser um dia bucólico domingo...
Madalena e Teresa a aprender a fazer pizzas com uma das pizzeira do À Terra, a Quica a dormir no carro e nós a bebermos um gin.
E, de repente, já o pai tinha de estar ao telefone e a escrever...
Apesar de me chatear que me interrompam as férias, é um orgulho poder dizer que o meu marido gosta mesmo de notícias. É um Jornalista.
E enquanto Lisboa ardia, consumida pelos desastres de gestão do Banco Espírito Santo, a família estava nos carrinhos de choque.
Para a Teté foi uma estreia, ainda que meramente no lugar do passageiro. Ou, como a Madalena dizia, "eu sou o papá e tu és a mamã".
Adoro a mão de mana mais velha a proteger a mana mais nova, nesta espécie de foto.
Sol, pó e rock n' roll. Fomos até ao Super Bock Super Rock.
Só vimos o tributo dos Ladrões do Tempo (Zé Pedro e amigos) a Lou Reed. Descobri que a Madalena é roqueira e suspeito que mais cedo que tarde me vai pedir para fazer uma tatuagem a sério. Está delirante com a que lhe foi feita na EDP (por causa dela e da Teté, que fez umas estrelas, até aceitei ficar na fila). Estava tão entusiasmada com o concerto que se quiser dedicar-se à música, espero que tenha a decência de ser baixista. Não há profissão melhor na música.
A outra maluca roqueira é a Francisca. Fartou-se de dançar e bater palmas. Até quando a Lena d' Água cantou o "Sunday Morning" (valha-me Deus!).
A Teresa é mais dança clássica. Mas isso também já sabíamos. :)
Conclusão: Não lhe vou comprar sapatos nenhuns. Nem para ela nem para a irmã mais velha, que é para não terem a mania que ela é que sabem. Em compensação, vou mandar vir dois pares para a Francisca, a minha filha que não põe em causa as minhas escolhas.
Sabem essas coisas que temos a certeza que nunca esqueceremos e não registamos porque achamos que nunca vão sair da memória? Não sabem porque ainda não chegaram lá, não é, meninas? Mas acontece. Acontece que podia esquecer-me da música que cantei, e canto, a cada uma de vocês para vos adormcer ao meu colo. Porquê? Não sei. Mas adoro-a. Sempre adorei.