Já tinha pensado nisto: quando nasceu o coração? O dia trouxe-me a oportunidade e, nem que fosse só por isso, já tinha valido a pena. A história é esta: parece que a forma é quase tão antiga como nós no mundo, mas só no século XIII (por volta de 1250) foi usado para simbolizar o amor. Julga-se que aparece pela primeira vez numa iluminura da letra S no livro francês Roman de La Poire, de um tal Thibaut, com ilustração de um tal de maître de Bari, que, sem saber, ainda muda a vida de todos nós. Feliz Dia de São Valentim. Muito amor. Sempre. De todos os tipos.
PS: Faz 15 anos que o dia dos namorados é espetacular.
Para descrever o que aconteceu hoje de manhã quando me despedi do papá e da Manena à porta de casa, teria de ter
1) uma máquina fotógrafica que tivesse captado aquele segundo da nossa despedida
ou
2) um talento absolutamente extraordinário, ao nível de um Nobel, para escrever.
Tudo o que possa dizer fica aquém da realidade e do que senti.
Facto: O papá veio despedir-se de mim com um beijinho.
Facto: A Madalena, com o seu gorro enfiado cabeça abaixo, estava já ao lado do elevador.
Facto: Quando viu o beijinhos do pai voltou atrás.
Facto: Esticou o pescocinho, com aquele gorro tão querido na cabeça, e fechou a boca como quem vai dar um beijinho.
Eu vi amor naquele gesto e no olhar dela.
E o que adorava descrever é o que se sente naquele nanosegundo em que uma criança - a nossa - tem uma reacção tão adulta, que sintetiza tudo o que tem aprendido ao longo destes quase dois anos de vida: as palavras, os sentimentos, a representação. A sério, eu vi amor nos olhos dela.
Como pode o filho de uma mãe drogada, prostituta, sem casa, sem nada, sem valores, sem moral, querê-la a ela mais do que ao conforto de uma família que dá tudo?
Alegra-me ler sites sobre bebés de dois meses - a idade da Mini M. - e descobrir que está tudo a seguir o curso normal da natureza: passa mais tempo acordada, dorme mais tempo, quer muito colinho, gosta de ouvir a nossa voz, faz barulhinhos, gosta de ver objectos às cores e, sobretudo, o melhor de tudo sorri.
Já aconteceu várias vezes. Para mim (pouco), para o pai (muito), para a minha mãe e etc, sempre por razões diversas. Só que esta noite foi especial. Estava a acabar de lhe dar de comer, peguei-lhe à canguru, ela levantou a cabeça e lá estava: um sorriso enorme e uns olhos muito brilhantes a olhar para mim. Tão linda. Tão linda. Tão linda. Quase podia explodir de amor.