Quica Furacão
A madrinha da Quica batizou-a com este petit nom. Achamos que lhe assenta como uma luva e adotámo-lo. Ser mandona é a principal virtude e o principal defeito da nossa filha. Ainda esta noite mostrou de que fibra é feita:
- Mãe, poxo ir para o quarto pais?
- Vou perguntar ao pai para ver o que é que ele acha? (mãe a ganhar tempo)
- Mãe, xou bebé (olhinhos fofos).
Claro que fui obrigada a tirá-la da cama e a levá-la para o nosso quarto, premiando a sua lata monumental e a capacidade de entender conceitos abstratos. Ela sabe bem que a deixamos fazer algumas coisas só por ser bebé.
Expressa-se tão bem, tão bem, usa palavras cheias de nove horas tão bem que só posso ficar orgulhosa.
Um dos melhores momentos dos nossos dias acontece quando chega à escola. À entrada, o senhor C. mete-se sempre com ela. Pergunta-lhe se quer ajuda. Invariavelmente, responde: Num pexijo de ajuda. Vira costas e sobe os degraus danada, a fugir. Quando já se sente em segurança vira-se para trás para se meter com o senhor, como quem diz "já cá estou".
Estamos a começar a desfraldar, processo que não se está a revelar muito simples porque os pais não estão muito empenhados. A nossa grande vitória e a Quica pedir, em algumas (poucas) ocasiões para usar cuecas em vez de fralda.
Está melhor com a comida. Já debica uns pedacinhos de frango e até uns bagos de arroz (hossana nas alturas).
Começa, finalmente, a ter os seus gostos. Se pudesse vivia dentro dos fatos da Disney. Se há pessoa que está amortizar o investimento em vestidos do Frozen, Cinderela e Bela sou eu. Todas as manhãs quando acorda pega no telefone e diz "Pinxeja Sofia, mamã".
A canção preferida, em português ou inglês, continua a ser esta:
Para cantar e dançar ao lados das suas imãs.