Política. Amor e ódio
Há sempre um tópico nas leituras de resultados eleitorais que me incomoda e aborrece. Chama-se abstenção e os seus porquês. É um debate que acaba demasiadas vezes com a ideia de que "as pessoas" (seja lá que entidade for essa) estão descrentes da política porque os políticos são corruptos.
Ora, eu tenho quase a certeza que políticos que gostam de meter a mão na lata pública sempre existiram, e deve ter sido bem pior na época em que não havia tribunais independentes e outras formas de escrutínio.
O que vejo mais vezes é que a política como a fazemos -- com partidos -- está refém dos partidos e (muito) menos da ideologia e que tudo no fundo é questão de narrativa ou, de forma mais básica, da maneira como dizemos as coisas.
Vamos ao exemplo:
Quando o governo da aliança PS, CDU, BE diz que "devolveu rendimentos aos trabalhadores" o que está a dizer é aliviou os impostos aos contribuintes, o mesmo que faria um governo republicano nos EUA, liberal dos sete costados na Europa. É uma questão de palavras, não de políticas. É por isso tão desconcertante ler este artigo de Ricardo Arroja. Um homem liberal, que não quer ser mais do que liberal quando fala da economia, defendia, contra Passos Coelho, a solução que está a ser posta em prática com a Geringonça (baixar o IRS).
O que é eu devo pensar sobre isto?