Pode ser-se pró-uber e pró-táxi? Ao mesmo tempo?
Tenho pena de não me conseguir juntar ao coro de pessoas que nunca mais vai andar de táxi. Tenho pena, mas não posso. A minha aplicação da Uber não funciona. Não funciona por minha culpa (introduzi mal um dado), mas a coisa caricata é que não há maneira de resolver. Um mail veio para trás, o formulário só teve resposta hoje e só vi jeito de a coisa se resolver quando me queixei no Twitter. Lá me ajudaram um pouco (antes a morte que ficar falado nas redes sociais), mas não o suficiente. E se me conhecessem melhor sabiam que sou alérgica a esse género de empresas que só se mexem quando lhes podem danificar a imagem.
Da meia dúzia de vezes que experimentei o serviço, quando a aplicação funcionava, apanhei dois totós - educados, muito educados, mas muito totós. Não faziam ideia onde estavam. Mas isto quer dizer que vou deixar de usar o Uber? Não. A não ser que eles não me ajudem a arranjar a aplicação. E quer dizer que desisto dos táxis? Não. Quer apenas dizer que usarei cada um deles conforme a minha conveniência como todos os consumidores fazem e nem sei por que raios esta história se está a transformar num Sporting-Benfica. Se preciso de um carro rapidamente levanto a mãozinha, mas se vou a um jantar chamo o uber - vem à minha porta e, para já, se há coisa que têm é carros limpos. Limpos e novos. E não exijo carros novos, mas um pouco de asseio cai sempre bem. E aos ubers também lhes caía bem terem mais formação, fazerem o curso de condutor profissional e passar fatura imediatamente, em vez de ser preciso um requerimento. Tal como pagar os impostos que lhes são devidos e em Portugal. Porque, vá lá, não vou pagar como se estivesse no estrangeiro.
Ver um conjunto de boçais no aeroporto, ameaçando o país de porrada se não fizerem o que eles querem não me impressiona nada. O governo não tem de ceder a parvoíces e eles têm de aceitar a concorrência. Mas, é verdade, têm direito a uma concorrência justa e, portanto, por mais que custe, merecem ser defendidos. Merecem-no até quando abanam carros de ubers ou os chingam em bombas de gasolina. Tenha pena que o façam, parecem uns animais, mas, lá está, a lei quando nasce é para todos. Podemos fazer de conta que não está a acontecer, mas está. Talvez seja melhor aceitar a realidade. Apanhar o vento com as mãos é inútil. Mas também não me impressiona nada o estilo bem falante do diretor da uber. Num fórum da TSF, a propósito da última manifestação, deixou bem claro, pela inexistência de resposta, que a formação dos condutores não existe.
Felizmente, não precisamos de ser pró-uber nem pró-táxi. Só pró-sensatez. É desse lado que me apetece estar.