O lado b do Euro 2016
1 - No segundo a seguir a saber que Portugal e França se iam encontrar no dia 10 de julho, vingar porteiras e pedreiros pareceu-me óbvio. Era isso que ia ser a final de Saint Dennis. Depois, caí em mim. Coisa mais feia. Andei até sábado à noite a polir-me. Porque uma vitória no futebol é apenas uma vitória no futebol. Jogamos bem, merecemos glória. Há um plano simbólico? Sim, claro. Sempre. Orgulho no nosso país, no que fazemos bem. Ajudaram os muitos emigrantes que falaram para repórteres de tv. Chamados a dizerem que vencer a França era uma vingança que se servia fria, preferiram falar no imenso orgulho de serem portugueses. A festa foi linda, mas foi isso -- a festa de ganhar o campeonato da Europa ("Feriado, c******!, como diria o Éder). Hoje voltou a ser dia de vergar a mola.
2 - Que diríamos se Angola nos ganhasse e dissesse que era a derrota dos colonizadores?
3 - Parece que Portugal está surpreendido com a azia dos franceses. Really? Que se esperava que fizessem, que nos aplaudissem de pé? Quero lá saber se não acenderam a torre Eiffel com as cores de Portugal. Tudo bem que teve uma certa piada durante o campeonato, mas não deixava de ser uma das coisas mais azeiteiras que já se viu.
4 - Antes de terem começado a circular as incríveis imagens de Ronaldo a dar ânimo à equipa, já tinha dito que o rapaz vai dar grande treinador. Até não pode dar, mas que está na cara que tem jeito, está.
5 - Quando as galinhas ainda tinham dentes, escrevi este texto sobre como o mundo se divide em Ronaldos e Messis e como é injusto que a algumas pessoas tudo seja permitido e a outros nada. Felizmente, estamos a acordar. Nem Ricardo Salgado era grande gestor (e faço já o mea culpa, achava que era) nem o Messi é tão perfeito como o pintavam. Humanos, todos. Bandidos, apenas alguns. Felizmente.