Gostava muito de blogar, mas o meu diretor não me deixa #3
Andei pelo MAAT, o novo Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, ali em Belém.
Crédito: Paulo Alexandre Coelho/MAAT
Entrevistei a arquiteta, Amanda Levete, no sábado. É preciso dizer que ia morrendo dos nervos por ter de falar em inglês com uma pessoa que tem o idioma de Shakespeare como língua materna num momento tão importante. Ia morrendo porque pensei que a entrevista não se ia dar. Ia morrendo porque ela tinha acabado de fazer um edifício espetacular e merecia perguntas espetaculares. Ia-me cainda o cabelo do stress.
Queria tanto impressioná-la, que assim que cheguei meti a pata na poça. LITERALMENTE. Andava linda e formosa pela relva quando enfiei um pé num buraco cheio de lama, pelo que fui entrevistá-la com um ténis todo porco e as calças sujas.
Ainda assim, valeu a pena. Valeu mesmo. E percebo todas as muitas, muitas pessoas que usaram a folga do feriado para irem ver. Ouvi numa reportagem na TV que foram 15 mil e fiquei feliz. Pensei: que maravilha que é abrir um museu novo, desenhado por uma arquiteta do caraças, um edifício super diferente de tudo o que estamos habituados e tanta gente querer ir ver. Pensei nas pessoas que foram com os filhos e no serviço que lhes prestaram: um dia alguns vão ser arquitetos e vão poder dizer que viram aquele edifício quase vazio no dia em que abriu. Um dia vão ser artistas e vão poder dizer que conheceram ali a artista Dominique Gonzalez-Foerster. Pensei no grande sentido noticioso de todos os que ali estavam. Porque oportunidade de viver um dia histórico só havia uma. E foi na quarta-feira.