Fui a Madrid comer... Quer dizer, correr



Depois do que aconteceu à Jessica Augusto em Londres na maratona, sinto que não tenho moral para me queixar da Meia Maratona de Madrid. É sempre a subir? É! Os últimos quilómetros são a pique? São! Enquanto lá estive prometi que nunca mais ia a uma prova? Sim! E passa-me pela cabeça ir a Valência? Claro! É basicamente isto: uma pessoa sofre, sofre a sério, mas depois quer sempre mais.
Portanto, a coisa foi mais ou menos assim: deixarmos o marido da Inês nos 10 km e irmos às duas para o nosso sítio esperar. Eram 09.00 da matina de um domingo. (Gostava de ver a cara do meu eu de 20 anos quando o meu de quase-40 dissesse que ia deixar de me deitar às 09.00 e passar a correr às 09.00.) Partir com frio, demorar a aquecer, aqueles cinco quilómetros demoníacos... Encontrar o equilíbrio na respiração e começar a ter dores nos pés (já é um clássico). Isto tudo sempre a subir um bocadinho. Como já passaram as dores nos joelhos e nas pernas e na planta do pé, só ficou a sensação de superação e essas 2:28 de tempo (por acaso o mesmo tempo que a Jessica Augusto fez, com problemas e tudo e no DOBRO da distância). Comemos a primeira goma aos sete km, a segunda aos 10 e depois disso foi uma quase em todos os km. Foi uma das nossas ajudas. A outra foi a mais maravilhosa de todas: ter o Antonio, a João, a Ana e o Filipe a torcerem por nós nos 15 km e depois aos 20. Que sortudas que somos. E quando já tinha o coração confortado, ouço uma adolescente a gritar Mami e lá vem a mãe já toda escafiada do cansaço dar um beijinho à filha. Muito fofa.
Quase na meta vimos o Inem de Espanha, o Samur, a socorrer um homem e nessa noite a reportagem da TVE contava que a terceira classificada da maratona cortou a meta e desmaiou. Glups...
Mas, bom, isto foram duas horas deste fim‑de‑semana. O resto foi um enfardanço de proporções épicas. Tapitas no sábado, massa al vongole à noite. Croquetes, salmorejo e arroz negro no dia da corrida e um grande hambúrguer ao jantar (e mais vinho rosé do que gostaria de admitir). Ainda estou a recuperar...