Eu queria largar esta história do Happy Meal, mas não me dão descanso
Hoje é o João Miguel Tavares que, no Público, zurze no McDonald's e na distinção de género. E vem dizer que há estudos que dizem que a genética também explica por que razão as raparigas querem bonecas e os rapazes carrinhos. Quero ver esses estudos. Passem-me os links, a sério, e eu estudo com atenção. Até lá, vamos fazer assim: se é assim tão claro que os rapazes querem carros e as raparigas bonecas e se isso não tem nenhum implicação na perpetuação de estereótipos e se o nosso discurso não tem qualquer efeito sobre o mundo, então, vamos simplesmente perguntar: boneca ou carro com o Happy Meal.
Uma coisa que tem sido muito dita é esta: "qualquer dia não há roupa masculina ou feminina, acabam-se com as secções de homem e mulher". Por acaso, ontem à noite estive a pensar sobre isso, e a realidade esmaga. Esta é uma imagem da roupa de mulher no início do século XX:
Como se veste uma mulher para trabalhar hoje em dia? À falta de instrumento mais científico, para lá minha observação empírica (que me diz que a maioria das mulheres se veste de calças, coisa outrora considerada "de homem"), fui ao site da Zara contar o número de vestidos e saias e o número de calças e jeans.
Vestidos: 207
Saias: 97
Calças: 202
Jeans: 144
Portanto, sim, as raparigas andam a vestir-se como rapazes. Têm razão. Há uma aproximação. E que mal trouxe isso á Humanidade? E onde é que as raparigas deixaram de ser raparigas e os rapazes, rapazes? Cada uma dessas coisas adaptou-se depois ao gosto de cada um. E por gosto quero dizer diversidade.
As mulheres têm quebrado muitas barreiras, quase todas na verdade. Hoje em dia ninguém acha que uma rapariga vai dar em lésbica porque gosta do Homem Aranha (a única coisa que se percebeu é que elas também querem heróis). Pelo contrário, aos rapazes ainda lhes falta ultrapassar muitos destes obstáculos. Ai deles que gostem do Frozen e da Hello Kitty.