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Quem sai aos seus

Um blogue para a Madalena, para a Teresa e para a Francisca.

Qual é a escola certa? #2

Em primeiro lugar, obrigada a todas as meninas que tiveram a amabilidade de perder algum do seu tempo a comentar o post anterior.


 


E agora abro aqui um parêntesis, em nome da etiqueta e da saudável convivência blogosférica, para dizer à Mil Sorrisos que, apesar das minhas dúvidas e críticas, tenho imensa admiração pelos professores e pela função social que desempenham. Não é minha intenção ofendê-los. Mas é precisamente por achar que são fundamentais (e tão pouco apreciados pelos governos em geral) que opino com tanta 'violência'. Não confundo o todo com as partes e, apesar de nunca ter estado na tua sala de aula, sou testemunha do teu empenho quando te lançaram o desafio de dares uma disciplina nova. Pediste ajuda, quiseste saber e acho isso louvável e correcto. Também tenho uma prima professora de uma escola secundária pública que se dedica com afinco à sua profissão e aos seus meninos, apesar das adversidades, pelo que não pretendo fundamentar as minhas decisões apenas num mau exemplo que uma professora primária me dá. E estamos de acordo: maus profissionais ou, no mínimo, gente com cujos métodos não concordamos, existem em todos os ofícios.


 


Acontece que guardo recordações maravilhosas da escola infantil e da primária - o tal CSPSJL de que a Dulce fala. Parte das minhas angústias resumem-se, aliás, ao facto de desejar que a minha filha seja tão feliz nas escolas por onde vai passar como eu fui naquela. Era o que hoje se chama de IPSS (Instituição Particular de Solidariedade Social), dirigida por freiras. Para a época em que comecei a frequentar o ensino primário, 1982, estava uns furos acima da média. Além de catequese (e eu não tenho nada contra escolas católicas, só contra as fundamentalistas), tínhamos ginástica, fazíamos um mês de praia no Verão e a mesma professora acompanhava as turmas da primeira à quarta classe.


 


Gosto imenso da Fernanda, a professora que me ensinou as primeiras letras e os primeiros contas e que incentivou, como nenhuma outra depois disso, o gosto pela leitura. Conhecia-nos quase tão bem como os nossos pais. Interessava-se. Por nós e pelo que se passava à nossa volta. Obrigava-me a fazer contas e problemas até à exaustão. Odiava. Mas era preciso. Era a minha fraqueza e ela sabia.


 


O resto da escolaridade fi-la em escolas públicas. Também guardo excelentes memórias desses tempos. Tive professoras óptimas. Que faziam de tudo para dar (bem) toda a matéria e que eram exigentes até ao último dia do terceiro período. Os que mais gostei são precisamente os mesmos que associo a grandes ralhetes. É mesmo assim. Só os tinham alguma expectativa e conheciam as nossas capacidades se zangavam com as nossas falhas. Deve ser a isto que chamam de tough love.


 


Mas na escola pública também fui confrontada com faltas de professores continuadas, com escolas em instalações precárias ou inexistentes. Frequentei três diferentes. A primeira era nova, tinha até uma pista de salto em comprimento, mas não havia um tecto para fazer ginástica. Os anos lectivos começavam e não tínhamos profes. Outra ficava num palacete lindo que foi adaptado a escola, o que nem sempre resulta bem. Acho que foi a segunda escola de que mais gostei, talvez por ser pequena, talvez por ter professores bons, que faziam das tripas coração para não notarmos que estávamos numa edifício a cair de podre. A terceira tinha tudo o que era preciso, até mais mais alunos do que devia. Tínhamos aulas nuns pré-fabricados a que chamávamos galinheiros, provisórios há 30 anos naquela altura.


 


De professores maus prefiro não falar (os piores mesmo encontrei na faculdade). É injusto comparar um período em que temos apenas um professor com outro em que temos dez. Mas concluo, com desgosto, que a distância dos gabinetes do ministério da Educação para as salas de aula é maior do que eu gostaria. Como se fosse possível um bom profissional trabalhar tão bem numa escola sem condições como em outra que tem tudo - como a Mil Sorrisos diz. 





Deve ser por isso que quando olho para trás, não tenho dúvidas que a primária foi mais importante para o meu crescimento e que foi a mais completa. Talvez fossemos demasiado "queques" para uma escola grande, precisamente sermos tão treinados para ser tão bonzinhos, mas no geral era a melhor. Atribuo isso à professora, mas não só Poderia ter tido uma igualmente boa, ou melhor, no sector público (ela, aliás, foi trabalhar para o sector público anos depois). Tem a ver com o contexto geral, que era melhor na primária.


 


E como não posso prometer evitar pensar neste assunto sem me lembrar da minha própria experiência só posso prometer que serei cuidadosa na escolha. Vou basear a escolha na análise minuciosa do currículo dos professores, claro. Mas não só. E é este "não só" que há-de fazer a diferença.

Casinhas com arroz e ervilhas? Jamé

Porque sou uma mamã preocupada com o que dá a comer à sua cria, comprei este livro:


Tudo muito giro, tudo muito útil, até à parte em que sugerem que se  façam coisas como casinhas de arroz, debruadas com ervilhas, janelas de feijões verdes e árvores que são brócolos só para tornar a hora da refeição mais aprazível para a criança. Se algum dia me virem a fazer isto, por favor, internem.me. Em todo o caso não chamem a Segurança Social (conhecendo o fervor normativo desta gente são capazes de achar isto bem).


 


Acho inacreditável esta mania de que tudo o que tem a ver com crianças tem de ser divertido e super-mega-fixe. Uma coisa é achar, como acho, que devemos retirar prazer em tudo o que fazemos, mas isso não tem a ver com a coisa em si. Tem a ver com cada um de nós. Nós é que temos de encontrar o lado bom de tudo na vida. O que é vocês acham, mães, pais, pessoas deste mundo?

Colégios privados querem ajuda do estado (?!)

Deve ser a notícia mais cómica das últimas semanas, daquelas que fazem as delícias da darling Mónica, mas hoje vi uma reportagem na TV sobre a crise nos colégios privados e de como há famílias que têm dificuldades financeiras e que, por causa da crise, não estão a conseguir pagar a mensalidade. Até aqui tudo bem. Têm toda a minha solidariedade. Mas então começam a aparecer os donos e directores destes estabelecimentos de ensino pedindo (naquele tonzinho irritante que raia a exigência) que o estado ajude estes pobres estudantes.


Fiquei presa ao ecrã a esfregar os olhos como nos desenhos animados. Seria verdade? Ou estamos perante doentes com síndrome BPN?


Meus amigos, ficam desde já a saber: nós aqui não somos a santa casa da misericórdia. Não pago as mensalidades de colégios privados de ninguém a não ser a minha filha (e mesmo assim, sabe Deus até quando é que isso vai durar). Mas onde é que já se viu isto'? E o ano lectivo não começou há menos de um mês? Não se podem inscrever as crianças no ensino público? Haja paciência! Embora tenha que reconhecer que é preciso ter muita lata e mais cara de pau do que o Pinóquio para dar a cara por uma opinião destas.

A beleza está, evidentemente, nos olhos de quem vê. Por uma boa razão

Na escola da minha filha existem crianças giras, ao domingo de manhã quando vamos ao parque cruzamo-nos com duas gémeas louras lindas, saídas de um anúncio, a publicidade, claro, está cheio de putos charilas encantadores, e não tenho qualquer problema em reconhecer que existem miúdos giros no mundo. Mas nenhum, nenhum mesmo chega aos calcanhares da minha Madalena.


Nem mesmo quando ao fim do dia a vou buscar ao infantário e ela, cansada, toda despenteada, com os vestidinhos amarrotadas, a cheirar a criança, às vezes birrenta, corre para mim, meia trôpega. É que não há. Isto é um facto, uma verdade como um templo. E não há quem me convença do contrário.


Que isto são os meus olhos de mãe a ver, tenho a certeza. E que sei que todos pensamos o mesmo a respeito das nossas crias também tenho a certeza. Tal como estou certa de que isto é uma funcionalidade com que vimos equipados em série quando saímos da fábrica.


Amamentamos, ficamos com os braços mais fortes para dar o melhor colo, nunca mais dormimos uma noite de jeito porque estamos sempre alerta, seríamos capazes de carregar o mundo às costas se disso dependesse a sobrevivência das nossas crianças, e olhamos para elas como se fossem exemplares únicos (e os mais perfeitos) simplesmente porque entre as múltiplas incumbências de ser mãe/pai está essa de lhes ensinarmos o que é o amor próprio: vemo-los tão belos que eles acabam convencidos disso mesmo. E ainda bem. Como poderíamos crescer e aprender a tomar decisões sozinhos se não fosse a auto-estima?

Uma história simples

Antes da Madalena nascer, a minha amiga Joana disse-me que os livros infantis traduzidos em português estão cheios de lições de moral e ideias pré-concebidas. Falhei em compreender a mensagem na sua real extensão. Mas era verdade.

Há centenas de livros de meninos que perdem a mãe porque são mal comportados. E está mal. Coitadinha da Mini, como se já não lhe bastasse a sua própria vida, e saber que de vez em quando (tantas vezes) nos dá mais jeito que ela durma fora de casa porque temos de trabalhar a horas impróprias para crianças, ainda vínhamos nós contar-lhe que o Pato Patareco se pôs a olhar para a borboleta, perdeu-se da mamã e da mana e ficou sozinho. Sim, eu contei esta história, só porque o livro é lindo e tens desenhos incríveis, como se uma criança de 19 meses não pudesse esperar mais uns meses (anos, quiçá) antes de compreender tudo isto. Depois admiro-me que ela chore e não queira que eu saia do quarto na hora de dormir...


Tão mal!



Sorte que uma pessoa pode mudar a agulha e ver a luz a qualquer momento. Sorte que me falaram do Goodnight Moon, azar que se trocaram na encomenda, mas sorte que me mandaram o My World, que é da mesma autora e é o grau zero da história: a mãe coelha lê o livro à bebé coelha, aconchega a filha na cama, faz-lhe o pequeno-almoço. A bebé coelha lava os dentes como o pai, vai pescar com o pai, conduz um carro como o pai - só que o dela é pequeno e dele é grande. Passam tempo no alpendre da casa. Assim, tão simplesmente! Como a vida de todos os dias. Sem história, sem lição, sem nada.


Não está traduzido (mais um desses mistérios insondáveis impossíveis de compreender tendo em conta que em Portugal são lançados livros novos quase todos os dias).

Giiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiira!!!

Esta manhã, retomámos algumas rotinas do tempo de trabalho. Acordar, tomar o leite, vestir, pentear... Até o facto da mamã acordar depois da baby foi so very typical. Despachar para sair foi mais difícil do que o habitual, mas valeu a pena. Primeiro, porque a mamã pôde comprovar como os exemplos actuam de forma poderosa nas crianças (até dá medo!), depois porque o resultado foi inesperado.


Explicando:


Dona Mini abriu as gavetas de sua mãe e encontrou por lá umas bandoletes. Sugeri-lhe que usasse a sua fita de cabelo e ela concordou (isto agora tem de ser tudo muito conversado). A seguir disse-lhe qualquer coisa como "vá, vai ver-te ao espelho. A ver se estás gira". E ela foi. Abriu muito os braços como se fosse uma diva e soltou, felicíssima, "giiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiira!!!". E não é que é mesmo?

Tau tau

Esta noitem quando fui deitar a Madalena, surpreendi-a a dar palmadas no rabo dos bonecos e a dizer "tau tau". Se nós não lhe dizemos isso, de onde virá esta a nova mania? Da creche, da casa dos avós? Amanhã é aberto o inquérito para a apurar a verdade.


Do mal o menos, estava a partir-se a rir com a história do "tau tau" aos bonecos e quando lhe perguntei se já tinha levado tau tau disse que não. Mas vá-se lá entender isto...

Coisas que uma mãe deve dizer a uma filha #6

Eu sou a mãe que comete erros


 


Bem, eu vinha para casa, do trabalho, meia mole, um calor do caraças e fiquei ali parada na Antena 3 a ouvir umas mulheres que não identifiquei (só descortinei a Teresa Caeiro) a discorrerem sobre a educação, tendo por base o livro de um autor qualquer a propósito da educação dos filhos. Ouvi várias vezes, de pessoas que diziam ser mães, coisas como "porque os pais se demitem", "os pais não fazem"... Então, pensei: quando chegar a casa vou escrever como isto me parece uma tontice. Quando e como é que os pais passaram a ser culpados de tudo o que acontece aos filhos?


Seria uma desculpa maravilhosa, não digo que não, mas irreal. Ponto. Não haverá margem para debate sobre isto. Nem tudo é consequência dos "não" ou dos "sim" que vais ouvir ao longo da vida.


Pela minha parte, espero não me tornar numa destas pessoas que falam dos outros pais como se fossem uma categoria à parte, denunciando uma estúpida superioridade moral. Se por algum segundo te parecer que penso ser o supra-sumo da pedagogia é tanga.  Eu sou a mãe que comete erros. Que diz e há-de dizer "não" impulsivamente e sem necessidade. Que se engana. Que se calhar vai dar uma palmada no rabo, que te dá chocolates e doces (e não devia), que não te deixa fazer coisas que desejas muito só porque tem medo, a mãe que manda tomar banho e fazer os TPC.


Pela parte que me toca, filha (e a todos os outros filhos que venha a ter), só posso prometer que ajo por bem.


Da conversa radiofónica retiro apenas uma ideia. Os pais não devem ser amiguinhos dos filhos. Podes ficar descansada. Não estou a pensar entrar nesse campeonato. Quero que possamos conversar de tudo o que pais e filhos precisem de falar, mas não pretendo sair à noite contigo, não tenha a expectativa que me contes como foi o teu primeiro beijo ou que seja comigo que aprendes a jogar xadrez. É a vida. E tu, és do mundo. Se te parece que me esqueço disso, lembra-me.

E enquanto os pais brincavam aos Globos de Ouro...

Aproveitavam para dormir, se enfeitavam, e se equilibravam em cima de saltos altos e num smoking (o papá estava uma brasa, Mini), tu foste à missa pela primeira vez. De acordo com relato de parte interessada (a tua avó, claro), estiveste bem enquanto andaste de colo em colo. Depois apeteceu-te andar e, já se sabe, não é boa política deixar crianças à solta em sítios pios. (Enfim, não és baptizada, mas já estiveste mais tempo numa igreja do que muitos bebés que o são)

Comida processada e totalmente estragada

Estou a fazer compras on line. Abri a lista dos iogurtes denominados "infantis" e estou em estado de choque com a oferta.


Em vez de encontrar iogurtes naturais ligeiramente açúcarados, Agros biológicos ou outros com ligeiros aromas, o que tenho à minha disposição são iogurtes com bolacha de chocolate e recheio de leite, de nesquik, queijinho com polpa de morango (um dos mais inofensivos), sandwich de leite Kinder (?!)...


Pergunto-me:


- Como se pode ir a um supermercado com uma criança sem sair de lá com uma camada de nervos, sem distribuir umas palmadas no rabo, azia e, ainda por cima, uma destas porcarias no carrinho? É que, como se não bastasse o conteúdo, as embalagens estão repletas de bonecada atractiva, ao passo que o Agros Biológico, por exemplo, parece saído dos anos 70,


- Como é que uma pessoa pode controlar e manter hábitos alimentares saudáveis quando o apelo de compra é para porcarias destas?


 


Pode sempre argumentar-se que quem não quer passar por isto não leva os miúdos ao supermercado. Acho difícil levar a cabo este plano, já para não falar de como, para prevenir um mal, estamos a fazer outro: privar a criança de participar na economia familiar.


Está certo que existam iogurtes destes. Irrita-me é que lhes chamem "infantis".

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