Lembro-me bem quando ouvi falar de "Modern Family" pela primeira vez. Estávamos em 2009 e eu tinha chegado há pouco tempo ao DN. Não sei por que me fui interessar pela série - nem tão pouco podia imaginar que 11 anos depois estaria aqui a lembrá-lo, assinalando o dia em que vi o último episódio - mas recordo o sítio onde estava sentada e até o resumo que fiz a mim própria depois de ler a sinopse: os mais "normais" serão os mais "anormais" (Mitch e Cam, casal gay, eram conservadores. Gloria tão apaixonada pelo seu marido mais velho. Claire e Phil sempre à beira e um ataque de nervos que parte tudo).
Gostei bastante. Nunca deixei de gostar. Mas houve períodos em que não vi e não senti falta.
Numa tarde qualquer a scrollar na Netflix, reparei nela e apanhei o fio à meada. Foram três ou quatro temporadas de enfiada e aquela sensação de "como é que podia ter deixado de ver isto?". Gosto muito, muito dos textos de "Modern Family", a ironia, o dar a volta à situação, o brincar com o que achamos ser óbvio ou inesperado... Gosto mesmo.
Portanto, foi com algum desgosto que descobri há uma semana que a 11.ª temporada, aquela que tinha acabado de ficar disponível, era a última. Passou-me ao lado, sabe-se lá como, que a série terminou em abril no EUA.
Achei que fizeram um excelente último episódio, coisa que as séries que amamos nem sempre conseguem. Esqueci-me de comentar com a Madalena, e quase me apeteceu acordá-la para trocarmos umas impressões.
Foi a minha filha, que tinha pouco mais de um ano quando "Modern Family" estreou, que me informou que esta era a derradeira temporada. Apesar de ter começado a ver há pouco tempo, ela despachou a série numa penada (é o que não dá trabalhar) e num instante chegou ao fim. Num instante, não. Fez-me muitas perguntas sobre o que ia acontecer às personagens. Esquivei-me o melhor pude, mas ela acabou por me ultrapassar e... guess what? Terminou de ver primeiro do que eu.
PS: E este "WTF - Why the face" será sempre um dos grandes grandes momentos. Lembro-me sempre disto quando estou a tentar ser uma "cool mum".
Entre as milhares de coisas da maternidade que não tinha antecipado está a trabalheira que me dá que as minhas filhas estudem. Apesar de serem três (as probabilidades podiam ter jogado a meu favor), não há uma que chegue a casa e abra, por sua iniciativa, os cadernos para fazer os trabalhos de casa.
Podia escrever longos testamentos sobre isto: São elas? Sou eu? São as circunstâncias? É a genética? Mas tudo se resume aos factos, a um facto em concreto: não querem saber.
O que me põe doente.
Portanto, se alguém souber o que posso fazer para elas estudarem ou, no desespero, como faço para viver em paz com esta ideia de que as minhas filhas não querem estudar, digam-me.
No fascinante mundo das princesas, foi notícia na sexta-feira que Leonor das Astúrias já usa saltos altos.
Começou com um ensaio no Dia da Hispanidade, 12 de outubro, eram altos, mas não agulha, e agora, na entrega de prémios com o seu nome, usou uns 'kitten heels' (fyi: saltos agulha não muito altos).
São três ou quatro centímetros a mais na altura da princesa Leonor que a deixam quase, quase da altura da irmã, dois anos mais nova e mais alta. Sofia, de sabrinas, é mais alta do que mãe, Letizia, com os seus stilettos.
Que importa isto? Nada. Não teria qualquer importância, não se desse o caso de importar aos próprios.
Aos próprios interessa uma pose invariavelmente igual para as fotografias: Leonor à esquerda do pai, Letizia à direita e Sofia ao lado da mãe.
É uma posição de importância - a herdeira à direita do pai, como Jesus de Deus, mas Letizia logo aí ao lado e Sofia já numa posição secundária - como, imagino, dite o protocolo. Vejamos aqui um exemplo, na cerimónia de receção aos galardoados com o prémio Princesa das Astúrias:
Acontece que não basta que eles apareçam por ordem de importância. É preciso que pareçam unidos, harmoniosos, sóbrios, atuais sem serem extravagantes... Sâo muitos quadradinhos onde fazer check!
Neste caso (e não é dos mais perfeitos em termos de cor), os tons claros do vestido de Leonor fazem-na sobressair no conjunto, o que faz sentido porque o prémio tem o seu nome. A gravata do rei combina com o vestido da rainha e este, por sua vez, combina com o vestido da Mango de Sofia. Mas, são, claramente, os saltos altos da princesa das Astúrias que dominam a cena.
Podem ser, como se escreveu em Espanha, o sinal de que entrou na adolescência, mas é impossível olhar para a foto e não notar que estes três ou quatro centímetros que lhe dão os tais kitten heels a põem ao nível da irmã.
Não interessa que quem olha ache que é detalhe sem importância (eu acho), se quem toma estas decisões considera que deve ser feito. E é essa a pergunta a fazer. Por que razão acham que é importante Leonor parecer pelo menos tão alta quanto a irmã? Por que razão se considera que não é suficiente a herdeira ao trono estar ao lado do pai para mostrar que é ela a pessoa a quem se deve atribuir mais protagonismo nesta família?
Isso, especulo, terá certamente que ver com aquilo que não conhecemos destas crianças - as suas personalidades, que, como é natural, começam a ser cada vez mais vincadas e com o facto de anteciparem que Sofia, apesar de não ser a herdeira, ter qualidades mais "gostáveis" do que a irmã e está muito mais resguardada por não lhe ser exigido dizer nada.
É um equilíbrio circense entre a herdeira que tem de reunir o consenso, mas que está muito exposta (e, portanto, sujeita à crítica) versus a 'suplente' a quem só se pede que seja uma boa secundária, mas que saiba o papel principal. As suas personalidades contam e também são certamente moldadas pelas funções que lhes estão destinadas.
Pode dar-se o paradoxo de aquela que vive com menos pressão estar afinal mais preparada para uma vida pública do que aquela que tem sido forçada a ir para a linha da frente
Neste caminho de domesticação, Leonor tem sido exemplar como princesa herdeira ao trono e tudo indica que tem uma formação muito superior a tudo o que Espanha já conheceu, o que é realmente importante no seu universo - todos os dias os espanhóis se perguntam, e bem, para que serve esta instituição - mas precisa de ser gostada pelo máximo número de espanhóis possível. E isso, realmente, não se herda. Ou se tem ou se trabalha. Parece estar a fazê-lo.
Há um ano, Leonor fez o seu primeiro discurso e foi excelente para uma menina que ainda não tinha 14 anos. Melhorou muito este ano. Pelo meio ainda surpreendeu numa outra intervenção pública com um catalão perfeitamente pronunciado.
Não é a princesa das Astúrias, do alto dos seus quase 15 anos (completa-os a 31 de outubro), que pede para fazer discursos públicos. É o momento que se vive em Espanha e a fragilidade da própria Coroa que a estão a empurrar. Na Coroa estão a usar tudo o que está ao seu dispor. Depois da princesa plebeia, obstinada e com ideias próprias, veio a família feliz. Agora chegou a hora de mandar para a frente de batalha a juventude.
Deixei de escrever regularmente, porque perdi o ritmo (e o músculo). Com as crianças todas na escola "a sério" fiquei (ainda) com menos tempo. No trabalho, mudei de tarefas e passei a ter muita preocupação, o que me consumiu muita energia mental. E deixei de ler blogues, o que também ajudou a não me apetecer dizer alguma coisa. Aprendi muito nos blogues de outras mães, mas esse tempo passou. As miúdas cresceram, suponho que eu também, e o desinteresse instalou-se. Não há dois bebés iguais, muito menos meninas de 7, 10 ou 12 anos. E, com estas idades, há coisas que não podem ficar num álbum de recordações público. Ou que não me apetecia contar porque eram dolorosas.
Mas, a bem da verdade, talvez a principal razão seja que fui tomada por uma enorme preguiça! Não me apeteceu. E acho também quis usar essa liberdade que o blogue sempre me deu.
A foto definitiva que documenta a personalidade das minhas filhas.
A que deixa tudo espalhado e de qualquer maneira, a que deixa tudo sobre a toalha de qualquer maneira e a que leva uma malinha e arruma tudo. Enviado do meu iPhone
Parece ser a pergunta do momento: De que tem saudades dos tempos antes do confinamento?
A bem dizer, não tenho saudades de nada.
Apesar da loucura das aulas ao mesmo tempo que trabalho, estes têm sido dias de estarmos juntos, e bem, em que temos cozinhado mais e melhor, e de fazer coisas que gostamos como ver séries e ler (no caso do pai, eu não peguei num só livro, shame on me).
Não se pode dizer que tenha saudades de estar na rua. Embora não me ande a apetecer correr, tenho feito boas caminhadas, junto ao Lizandro e na Tapada da Ajuda, sítios maravilhosos, que dão para matar saudades.
Nas últimas duas semanas, já nos encontrámos com os meus pais e com amigos. Estamos a retomar o convívio. Matei saudades de algumas pessoas, pretendo continuar.
Só muito vagamente me apetece ir almoçar/ jantar num restaurante. Ou dançar. Ou ir ao cinema.
Apetece-me ir a um museu ver coisas diferentes. Beber uma caipirinha ao ar livre. Não muito mais.