Voltarei a este assunto com mais detalhe logo que possa, mas queria dizer que, como fã tardia do Pão por Deus, estou totalmente decidida a manter acesa a chama da tradição. Não por teimosia, não por achar que o mundo acaba se não andarmos com o saquinho na mão com as nossas crianças a gritar "pão por deus, pão por deus, saco cheia, vamos lá com deus", mas porque me parece incrível -- incrível mesmo! -- que um costume que sobreviveu mais de 250 anos (começou no ano a seguir ao terramoto de 1755) seja atirado para o esquecimento por causa de uma decisão de secretaria. Quanto mais penso nisso mais indignada fico. Se ninguém celebrasse porque achava que já não fazia sentido era uma coisa. Era a prática e o costume. Agora, decidirem acabar com o feriado, mesmo que seja católico (e, portanto, haja mais justificação para acabar com ele), lamento, mas não. Não acontecerá! Porque, como já escrevi algures por aqui, quando uma pessoa não tem feriados pelos quais ansiar para que vive? Somos pessoas, não somos animais. Temos memória. A minha reação é excessiva mais por prevenção do que outra coisa. Não quero ser aquela pessoa que um dia vai dizer "mataram os pretos, mas eu não era preta; mataram os comunistas, mas eu não era comunistas; mataram os judeus, mas eu não era judia". Acabaram com a cultura do meu país, mas como eu não a vivia... Não. Não. Não. Tudo isto, e ainda nem comecei a falar da Senhora da Nazaré. Aguardem-me!