Mas eu quero o branco!
A propósito das coisas bizarras que as grávidas fazem:
Quando aqui o pai e mãe estavam a montar o quarto da Madalena na nossa primeira casa (aquele tão feliz T2 de 65 metros quadrados), namorámos várias soluções para o so called quarto de bebé. Como eu ia dar à luz a Messias, estava fora de questão comprar um berço igual ao de toda a gente no IKEA. Essa era logo a primeira excentricidade. Era preciso estudar outras soluções. E, a dada altura, descobrimos a T-Zero, ali na rua Luís Bívar (pareceu-me ver na montra no outro dia que estão a mudar de instalações), e ficámos de olho no berço e no fraldário da Stokke. Era lindo, era a coisa mais maravilhosa que tinha visto. Um berço que fica em cama de grades que depois se transforma em cama? Era um sonho! E o branquinho? Que lindo! Que fofo! O problema era o preço. Quase mil euros cada coisa. Era um rombo daqueles!!! Por mais que uma pessoa pensasse que seria uma poupança a longo prazo, e quando eu nem imaginava como o ia amortizar tão rapidamente, aquilo era caro. Era preciso pensar bem (mesmo estando em finais de 2007, mesmo sem falar de crise ou troika). Mas, bom, finalmente decidimos. Íamos avançar para o conjunto branquinho e lá fui eu namorar mais uma vez o futuro quarto da Madalena à loja (por acaso nem sei se não fui lá para encomendar), quando recebo uma chamada do papá.
- Não vais acreditar, o fulano-de-tal, dá-nos a cama e o fraldário dos filhos dele. Comprou uma cama nova para a filha.
- A sério? Isso é bom! É branco?
- Não, é o castanho claro.
- (Voz a esmorecer) Castanho claro?
- Sim. Já viste a sorte?
- (Nó na garganta) Mas tens a certeza que é castanho claro?
- Tenho. Ele disse-me castanho claro.
- (A chorar) Mas eu queria em branco...
- (A tentar manter a calma) Mas este está novo e não nos vai custar nada.
- (A chorar) Mas eu queria em branco!
- (A tentar manter a calma) Mas o castanho é lindo.
- (A chorar) Mas eu queria em branco!
E a certa altura eu continuava a chorar porque queria o berço branco mas entendia perfeitamente o ridículo da situação e sentia vergonha do que estava a sentir. Como é que eu podia estar a lamentar que não fosse branco quando me estavam a dar um berço? E chorava, chorava...
O papá acabou por desligar e eu continuei a chorar, como se estivessem a atentar contra os meus direitos mais básicos.
Felizmente para todos nós, acabei por me acalmar, os amigos mantiveram a oferta e pouco tempo depois o berço Stokke entrava pela porta de casa. Pela porta de casa. Porque pela porta do quarto não passava. E também não cabia lá dentro! Foi preciso comprar um moisés pequenino para ter ao lado da cama (desforrei-me e comprei branquinho).
A caminha e o fraldário foram o quarto do bebé e por cá continuam. Têm-nos acompanhado em cada mudança de casa e a cada nascimento. A Francisca é quinta bebé que dorme nele, a segunda chamada Francisca. Com tanta história para contar, claro que já não o trocava por nada. É muito lindo, sim senhor.