Um caminho com dois sentidos
Estava a ler este post da Kiki e a pensar que os blogues são terapias do caraças. Isto são euros e euros que poupamos em psiquiatras e psicólogos, não me digam que não. Uma pessoa aprende muito a ler os outros e a escrever (alguns diriam que é porque as palavras fazem coisas).
Às vezes leio os blogues dos outros e penso: aquela pessoa tem uma vida tão difícil, aquele problema é uma pedra no sapato tão grande... Era incapaz de viver com esse peso. Mas ela parece-me feliz... Outras vezes sou eu que venho aqui irritar-me com as coisas chatas que me acontecem. Parvoíces, problemas da vida (a vida como ela é), o que não corre como quero... Escrevo, escrevo, escrevo. E depois penso: mas eu quero que as minhas filhas leiam isto? Mas o que é isto interessa? Esta pessoa merece que perca mais do que cinco segundos da minha atenção? E apago tudo. E quando não apago quase sempre me arrependo. Não é porque elas não me irritem ou porque mude de opinião (embora também aconteça). É porque vê-las postas em palavras me mostra como são nada na contabilidade geral do universo. E quem é que gosta de se ver confrontado com a sua mesquinhez? Eu cá não... Também me acontece uma coisa ainda mais simples: "Mas tu queixas-te de quê mesmo?". Deve ser por estas e por outras que a maioria das pessoas se dedicar a partilhar apenas aquilo de que gosta ou com que se sente bem.