Gripe A: a maior pandemia é a do alarmismo
Hoje mandei um sms à pediatra da Madalena com duas perguntas simples:
- Não encontro a segunda dose da vacina contra a gripe sazonal, que faço?
- Ela tomou a primeira vacina há uma semana, pode tomar já a da gripe A?
À primeira, ela respondeu tranquilamente sem qualquer problema. A resposta à segunda disse "pode dar", uma resposta que, no contexto em que aparece, soa mais a bitaite tranquilizador do que a outra coisa, género "mais uma mãe a chatear-me a pinha com este assunto". E não é assim. Eu já falei com ela sobre este tema, ela está de acordo com a vacina e eu confio nela, portanto, não há problema. Mas não posso deixar de pensar: "E se ela não percebeu bem a pergunta e apenas me despachou". Ora, a que se deve isto? À porcaria de clima de suspeição que foi gerado em torno desta vacina e ao estúpido alarmismo em redor de uma doença para a qual há cura.
Isto não é sequer um post sobre Gripe A, é sobre o jornalismo que se faz. Que fazemos. Está certo que se alerte para os perigos da vacina, mas está certo que se dê notícia de todas as mortes de fetos que morrem e cujas mães foram vacinadas? Não foram todas? E não há um monte delas, a maioria até, que tem os bebés em perfeitas condições de segurança? Acaso antes não morriam fetos no dia em que nascem antes da gripe A? Morriam, e é claro que é uma coisa horrorosa (nem é bom imaginar). Tão horrorosa como agora. A diferença é que nessa altura não havia um culpado para apontar ou uma câmara de televisão para a qual falar. Está certo que as pessoas o façam, o que não aceito é que jornais e televisões (sobretudo estas) estabeleçam uma causalidade que depois não é confirmada por médicos. Ou que eles próprios ou os obstetras se desmintam dizendo que os números são perfeitamente "normais".