Maldito lóbi do leite em pó
Já houve um tempo em que eu me preocupava muito com o local onde dava de mamar à Mini e fazia tudo para estar em casa nessas horas. Depressa percebi que se insistisse nesse método das duas uma: ou ficava maluca por estar sempre trancada em casa ou punha os preconceitos de lado e passava a fazer uma vida normal, dando de mamar onde fosse preciso. Optei por esta segunda via (com bastantes restrições), apesar dos olhares de nojo, repreensão e curiosidade que as pessoas me vão lançando. Ironia das ironias, na maior parte dos casos, por trás desse olhar está... uma mulher. E mãe, ainda por cima. Aconteceu-me na terça-feira, na sala de espera do consultório da pediatra. Era hora, dei de comer à Mini e, de repente, lá estava o olharzinho de "como é que és capaz?!", vindo de uma daquelas mães. Parece impossível, senhores, num consultório... Pela cara dela qualquer pessoa diria que eu estava a dar de mamar numa festa requintada com a Paris Hilton como convidada de honra.
Antes da Madalena acho que também padeci deste preconceito. Embora visse poucas mulheres a fazê-lo, não percebia por que razão as mulheres davam de mamar em público. Perguntava-me por que não o faziam em locais mais recatados. Ingenuidade a minha. Raramente há sítios discretos e, sobretudo, limpos onde se possa alimentar uma criança em condições. Uma pessoa que conheço dizia no outro dia que se fossem os homens a amamentar, já se tinha acabado com isso. Ou, na minha opinião, já tinha criado lounges super-cómodos, modernos e bem apetrechados para se poder alimentar bebés. Não são, é pena.
A questão é que tanto repúdio me fez pensar: por que raio as pessoas se passaram a comportar assim? Apesar do que digam os românticos, realmente uma mulher a dar mamar não é propriamente um ideal de beleza e perfeição, mas também não é caso para se ficar horrorizado. E então desenvolvi uma teoria conspirativa. A culpa de tudo isto é das empresas que fabricam leite em pó. (Garanto-vos, aliás, que não fui a única a chegar a esta conclusão. Há muita literatura sobre o tema na internet).
Portanto, as empresas criaram essa falsa ideia de que o leite artificial era melhor e assim conseguiram criar a necessidade por uma coisa que, estou em crer, a maioria das mulheres não precisa. E se quisermos levar isto mesmo além ainda podemos pensar que à conta disto as mulheres passaram a ir trabalhar um mês depois de dar à luz.
Não acredito que esteja um homenzinho sentado num gabinete a magicar estas coisas, mas lá que parece, parece.