Lloret de Mar
"Há pessoas que nunca saem depois chegam a Lloret de Mar e querem tudo de uma vez". Estou a citar de cor opiniões várias que tenho ido lendo nos jornais e na televisão. Opiniões de miúdos que já estiveram ou estão na vila espanhola e até de pessoas adultas e com responsabilidades. Que adolescentes de 17 anos digam coisas deste género, não me espanta. Mas gente crescida? Com formação e responsabilidades? Estou siderada. Uma pessoa cai de uma varanda porque em Portugal não saía? Apanham-se bebedeiras porque os pais estavam demasiado em cima? Isto não faz sentido nenhum.
A única coisa que me parece mais ou menos sensata é a probabilidade estatística que alguém de maneira ingénua sublinhava numa reportagem do DN (não tenho link): em milhares que todos os anos vão Lloret de Mar, morreram dois. Claro que são dois mais do que deviam, é óbvio, mas ainda assim uma probabilidade. Fosse em que lugar fosse, seria sempre uma tragédia e dói-me a alma pensar nos pais deste miúdo. Perdem um filho (que coisa tenebrosa) e ainda há uma espécie de apontar de dedo coletivo como que a dizer "deixaram-no ir, não é? no fundo, a culpa é vossa".
Ponho-me no lugar destes milhares de pais e pergunto-me como poderei dizer não às minhas filhas quando elas, bem comportadas e a ponto de acabar uma etapa importante das suas vidas, me pedirem para ir uma semana de férias para um sítio que desaprovo tanto. Não estou a falar de cor. Estive em Lloret de Mar em trabalho, em 2002, e é deprimente. E talvez não tão deprimente como em 2012. Mas o ponto é: como se pode fazer a apologia da liberdade com responsabilidad e depois na hora h dizer que não. Talvez existam pais com esse estofo mas eu acho que isso também está errado.
Pela minha parte, a única coisa que posso esperar é que as vossas viagens de finalistas ou o que quer que seja, sejam para destinos mais revigorantes e interessantes do que um sítio onde apenas se bebe e se fuma, onde nem praias, nem discotecas, nem a vila em si são particularmente giras.