Ruca ao Vivo, A Festa Surpresa!
"Ruca - A Festa Surpresa" esteve no Coliseu dos Recreios há duas semanas. E, penso, impõe-se, ainda que tardiamente, fazer observações várias à coisa. É que, ao contrário do que acontece com os adultos, não há publicação portuguesa que faça crítica de espectáculos infantis, evitando que pais e filhos vão ao engano ver certas coisas. Confesso que quando saí deste vinha, não direi fula, mas bastante desiludida. Não cantaram a canção do Ruca no final (imperdoável), foi tudo muito morno e as crianças, pela natureza da sala, tinham de ficar ao colo dos pais se queriam ver alguma coisa (como tive oportunidade de comentar com a Mil Sorrisos). Objectivamente? Muito fraco!
Mas, assente a poeira, acho que realmente o problema é que a produção queria realmente fazer uma coisa extra-boa. Tão extra-boa que deixou de ser infantil. As canções eram originais, os actores representavam e dançavam com aqueles fatos enormes e a história não se pode dizer que fosse má. Só que não puxava pelos miúdos. Houve pouca interacção e a história devia ser daquelas que eles já conhecem. Como eles sabem ao que vão, não vale a pena inventar. Pais e filhos agradecem o conforto de tudo aquilo ser familiar.
Em todo o caso, é imperdoável terminar o espectáculo sem voltar a pôr a música do Ruca. É, como dizia, Mil Sorrisos, "o ex-libris e não insistiram nada nele".
Finalmente, e como já disse há um ano, quando fomos ver o Musical do Panda, é até constrangedora a má gestão e aproveitamento comercial que se faz da marca. É óbvio que não estou mortinha para ser "assaltada" com merchandising mas também não me parece normal que não haja uma pessoa a fazer umas fotografias divertidas à entrada com as crianças e no final, a possibilidade de tirar umas fotografias com os bonecos gigantes pelas quais se pague. É coisa que a minha filha Madalena dispensa. Como é do domínio planetário, tem pavor de cabeçudos e gente mascarada (até do Pai Natal), mas há imensas crianças que adoram e não custava nada, já que os deixam subir para o palco e confraternizar com as personagens terem alguém a fazer fotos, livros de autógrafos e terem a bonecagem a assinar. É nestas alturas que os americanos do Disney World fazem cá muita falta. Repito: não estou mortinha por gastar dinheiro mas acho melhor pagar por coisas giras do que por porcarias com luzes. E sempre era uma recordação mais engraçada da tarde.
Quanto à Madalena, como é muito "exigente" a nível cultural, não manifestou qualquer felicidade com o espectáculo. Só me falou de uma brincadeira que o pai do Ruca faz e que, precisamente, incluía a participação da miudagem.
Enfim, não vou dizer que nunca mais vou porque tenho outra filha e acho que até os U2 têm direito a uma má digressão mas, rapaziada, vejam lá bem isto.