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Quem sai aos seus

Um blogue para a Madalena, para a Teresa e para a Francisca.

Caí na “ratonera”

Essa pessoa sensata e equilibrada que procura não embarcar em modas do Netflix foi espreitar “La Casa de Papel”, achou que aquilo não era nada de especial e que tinha um argumento bastante parecido com o de um filme com o Clive Owen cujo nome se me varreu, ficou maluca ao terceiro episódio e nunca mais largou a série. Foi na segunda-feira. Estou a dois míseros capítulos de terminar.

 

 

(Ainda bem que dia 6 há mais).

A marcha do orgulho feminista

Um dia, lendo velhas primeiras páginas do Diário de Notícias, do início do século XX, descobri um pequeno texto bastante crítico contra "os feministas". Que fosse de bota-abaixo não me surpreendeu. É o habitual quando se fala em direitos das mulheres. Foi aquele masculino - os feministas. Tem graça. Estamos a descobrir, e bem, homens que percebem que os direitos não podem estar apenas no papel, mas eles, pelos vistos, sempre existiram. Ou, pelo menos, estiveram no princípio de tudo. E eram alguns daqueles que estiveram nessa enorme, gigantesca, fabulosa, marcha do 8-M, em Madrid e outras cidades espanholas. Essa marcha que me deixou roidinha de inveja.

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 El Pais

Claro que nunca me passou pela cabeça fazer uma coisa assim. Tenho pena. Eu nem sabia que era possivel. E, pelos vistos, em Portugal, também ninguém se lembrou, deu crédito ou lhe viu interesse.

Uma dirigente do Movimento Democrático das Mulheres (MDM) manifestar-se contra a greve das mulheres espanholas. Regina Marques diz que em Portugal "não temos razões para isso". "Só metade das mulheres é que são trabalhadoras e têm de fazer greve por razões laborais e não por outras questões". Mas, para o meu apetite, o pimento padrón picante é este: "A greve é algo que está instituído para quem trabalha. Uma mulher que não trabalha, não faz greve. Quem é o patrão que se vai sentir incomodado com essa greve? Portanto a greve é uma questão laboral (...). Uma reformada faz greve contra quem?".

A bem da verdade, nenhuma outra força política se lembrou de se unir a nuestras hermanas (exppressão gasta, mas super bem aplicada neste caso) e compreendo que o MDM luta pelos direitos das mulheres trabalhadoras, mas não vejo como isso poderia colidir com uma marcha como a que se viu em Madrid e em outros mais de 100 mumicípios (brutal!, não sei se já disse).

As mulheres quiseram lembrar que fazem a diferença nos seus locais de trabalho. Que são uma força de trabalho que importa. Bem sei que quando falamos de salários era melhor tratar todos, homens e mulheres, por igual, se a prática não mostrasse que, apesar das leis, as mulheres continuam a receber menos do que os homens. Em Portugal, menos 17% para ser exata. Isto para além da maioria continuar a ser o pivô da vida familiar, e não vou fazer um rol das muitas minudências que as mulheres sabem e que os homens não precisam de acumular no disco rígido. 

O que me parece, das palavras da dirigente do MDM, é isto já nem é uma questão feminista. Na sociedade que temos só quem trabalha por um salário é que pode exigir o que quer que seja. Todos os nossos direitos estão indexados ao trabalho. Ser pessoa não basta.

Posto de outra forma, talvez mais simples, se eu decidir ficar em casa com as crianças ou cuidar dos mais velhos, como o meu trabalho não é pago e não desconto para a segurança social, tudo o que faço é considerado nada. É nada? Não tenho direito a reclamar uma vida melhor, não me posso queixar, não posso dizer que ganho uma pensão de miséria quando esse dia chegar? Nunca passou pela cabeça de ninguém que se pudesse descontar ainda que não se trabalhe por um salário em dinheiro mas por uma família? Que uma pessoa para ser livre de tomar as decisões que melhor entende só o possa fazer tendo um salário é coisa muito perversa.

Mas, para voltar ao feminismo, o que a marcha do 8-M vem mostrar é que, talvez, talvez mesmo, estejamos a chegar a novos lugares nisto de ser uma (ou um) feminista. O mundo está a mudar e eu quero fazer parte dessa mudança. Quero ser capaz de entender as novas feministas, miúdas que um dia vão passar a "tocha" às minhas filhas (mesmo que elas já tenham tudo para não se importar nada com isto).

Fico contente, mesmo contente, por tantas e tantas mulheres que não querem flores no Dia da Mulher, nem cursos de maquilhagem nem manicures nem massagens relaxantes. Ou por existirem outras maneiras de nos expressarmos. Fico contente pelas palavras de Natalie Portman. "Não estamos a viver um mundo mais puritano. É puritano aquele em que vivemos, onde um homem pode dizer o que quer, mas uma mulher não".

O que uma mulher precisa é de ter opções, escolher livremente, ocupar lugares de chefia, falhar como os homens, marchas onde se exibe o orgulho de ser feminista (já não é palavra maldita) e desses 17%  que ainda recebemos a menos do que os homens. Quando os tivermos na mão logo decidiremos se os gastamos nas unhas. E se o fizermos, so what...

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 American Beauty

 

 

Um dia para as mulheres e para os que acreditam na igualdade

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Não há muito tempo não podíamos guiar, se usássemos maquilhagem éramos mulheres da vida, calças nem pensar, ser polícia ou advogada só em sonhos, decidir não ter filhos impossível... Tanto que andámos, tanto que nos falta andar. Já disse tudo o que podia de todas as vezes em que bati o pé contra o anti-politicamente correto (como se fosse pecado a pessoa querer dizer e fazer as coisas certas). Hoje, dia da mulher, apenas tenho um desejo: que não passem por mim celebrações que são rosas e pomoções em lojas. Um dia para a Mulher serve antes para lembrar que há uma ética, há deveres, há uma igualdade pela qual devemos lutar. Uma igualdade de salários, de oportunidades, de tratamento. Um dia da mulher para que nenhum político volte a dirigir-se a uma jornalista por "minha senhora". Uma dia da mulher para celebrar as muitas pessoas que já perceberam como é ridículo juntar o adjetivo histérica à palavra feminista. Um dia da mulher por todas as mulheres que empurram a vida com garbo, apesar de tudo.

Então, vamos lá falar do Festival da Canção

Desde Guimarães, berço da deslocalização do Festival da Canção, aqui fica uma espécie de ranking das minhas canções preferidas.

 

Aquelas que foi amor à primeira audição:

O Jardim, Cláudia Pascoal

Foi a que me chamou mais a atenção na segunda semifinal, tem um bocadinho de tudo - uma música linda, a interpretação, a letra fácil de apanhar.

Zero a Zero, Joana Espadinha

Dá-me vontade de bater o pé.

O Voo das Cegonhas, Lili

Caiu-me no goto e a cantora estava linda na segunda semifinal (também gosto dessa parte).

Patati Patata, Minnie e Rhayra

Paulo Flores, o compositor, dizia que a frescura das meninas contava muito para a canção e é capaz de ter razão.

 

Aquelas que se foram entranhando:

 

Para Sorrir Eu Não Preciso de Nada, Catarina Miranda

É um bom mix: canção muito linda, interpretação impecável, uma cantora que dá nas vistas e tem a sua forma de fazer as coisas. Mas só caí nela durante a semana.

Sem Título, Janeiro

Só aceitei que era uma canção mesmo top 5 quando, um destes dias, acordei a cantar o refrão. Revi o vídeo e está impecável a mis-en-scène: a fita na cabeça, o fato macaco, o cantor giro, cantar sentado com a guitarra, a coluna atrás, os grandes auscultadores.

Anda Estragar-me os Planos, Joana Barra Vaz

Mais uma que só me conquistou já depois de ter passado a semifinal. Adoro a letra, gosto da música e só precisava que a cantora me convencesse quando a vejo. Fora isso, 12 pontos para o uso do amarelo, a fazer pandant com a compositora Francisca Cortesão e o autor da letra, Afonso Cabral.

 

Aquelas que estão na zona cinzenta:

- Só Por Ela, Peu Madureira

Foi a canção mais votada pelo público na primeira semifinal, estou a ouvir a canção e gosto, vejo o intérprete e parece-me que tem qualquer coisa, mas não posso gostar de todas da mesma maneira, não é?

- Amor Veloz, David Pessoa

Gosto muito da canção, tem ali vários coisinhas a tocar que me agradam, mas precisava que o cantor agarrasse nisto com mais confiança.

 

Aquelas em que o artista fez a canção:

Para te Dar Abrigo, Anabela

Bandeira Azul, Maria Inês Paris

Acontece a ambas a mesma coisa: a interpretação dá à canção um tchanam.

 

Aquelas que não me dizem grande coisa:

Sem Medo, Rui David

Sunset, Peter Serrado

Mensageira, Susana Travassos

 

Eu gostava da canção do Diogo Piçarra e tendo passado agora por ela agora mesmo acho que a Tamin, com a canção da Capicua, também podia ser finalista, mas são estas as 14 que temos e ainda não é claro quem ganhaVamos a isto. 

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