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Quem sai aos seus

Um blogue para a Madalena, para a Teresa e para a Francisca.

Vamos à chicha dos problemas nacionais

Vamos esquecer por um bocadinho essas coisas que não interessam nada como o melhor amigo do primeiro-ministro ter andado a servir de mandatário do Governo sem contrato, sem eleição, sem que ninguém o conhecesse mas apenas por ser amigo de António Costa, vamos fazer de conta que os partidos do Governo ('bora lá começar a tratá-los pelo nome que têm em vez de ser pelo nome que eles querem ser tratados) -- PS (naturalmente), BE, PCP e Os Verdes -- não andam a fazer de conta que isto não é grave e vamos lá então concentrarmo-nos no essencial dos temas quentes: deve o cartão de cidadão (DE e não DO) passar a chamar-se cartão de cidadania?

Ponto 1: Não estou a acompanhar a malta que diz "ah, não têm assuntos mais importantes para tratar?". A julgar pela quantidade de notícias que ultimamente têm saído a propósito do Cartão de Cidadão, efetivamente, não. O Parlamento anda ocupado com esta questão, tanto que no início do mês surgiu a proposta de aumentar o prazo de vida do dito cartão para 10 anos, em vez dos atuais cinco.

Ora, isto sim, devia ter merecido manchete nos jornais. Uma pessoa faz um corte de cabelo inenarrável aos 25 anos, começa a trabalhar, casa-se, compra um casa, tem filhos, ainda pode chegar a chefe de alguma coisa e lá está o cartão a denunciar o seu passado. Para quê apagar fotos no Facebook quando temos o Estado a embaraçar-nos? É esta a pergunta que deixo.

Ponto 2: A palavrinha do cartão, então. Sou muito favorável a tudo o que estreite o fosso de representação do poder entre homens e mulheres (é mesmo isto, não ando a conseguir dizer de maneira mais breve ou sexy), pelo que me parece que se pode melhorar. Podemos ir à procura de uma formulação neutra. Não é errado, não tem mal nenhum, o BE até diz que isto não vai ter custos para o cidadão. É o que espero.

Em todo o caso, acho a palavra cidadania um bocado arriscada. Parece que uma pessoa sem cidadania não existe e, se calhar, vamos ter aqui um problema com a malta sem terra. Este é o momento em que cito o "Clandestino", do Manu Chao: "Me dicen el clandestino por no llevar papeles". Ou até mesmo a Gata: "Tive uma ideia. Preparem-se. É uma coisa assim mesmo inovadora, não sei se o mundo está preparado para isto, mas pronto, temos que pensar para a frente, não é? Sermos arrojados. Pensar fora da caixa e não sei quê. Então e se fosse: Bilhete de Identidade."

Seus idiotas

Ando a desenvolver um instrumento científico para avaliar o trabalho dos comentadores, opinadores e cronistas da nossa praça. Chama-se insultómetro e diz-nos isto: quantos mais desesperados estão mais insultos usam. É tão simples a medição, tão certos os resultados. Experimentem. Chega a dar pena.

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