O mais difícil para uma pobre cidadã que tanto acredita que é preciso apurar a verdade como defende que todo o ser humano precisa de proteção mesmo atrás das grades é encontrar um comentador equilibrado e sério que não se esteja a regozijar porque Sócrates come uma carcacinha com manteiga e doce com café com leite ao pequeno-almoço ou, por outro lado, a gritar "mate-se e esfole-se". Era importante encontrá-lo. Acreditem em mim.
Se uma pessoa já fica pasma quando vê as pessoas mais preocupadas com uma detenção no aeroporto e violação do segredo de justiça do que com o caso, mais parvo se fica com os que estão a aproveitar o momento para vir dizer "eu escrevi e avisei". O primeiro desses textos pertence ao diretor do Correio da Manhã, Octávio Ribeiro, que começa bem - elogiando a sua redação - e termina mal chamando ao jornal que dirige os louros da detenção de Sócrates. É verdade que nunca largaram o osso mas também é certo que numa vasta maioria dos casos os textos escritos eram uma perseguição. E é aí que se tem de dar razão a quem, como Clara Ferreira Alves, diz que é este pontapé de saída que inquina a investigação. Ponto importante: a investigação. O que está aqui em causa? 20 milhões de euros em subornos (chamar-lhes "luvas" é de menos)? É uma fortuna! Que interrogatório foi este? E porque é que demorou dois dias enquanto Ricardo Salgado passou uma tarde a ser ouvido e foi para casa com fiança? E, a pergunta que nos pode assaltar, o que é que mudou para que tantos casos tenham vindo a lume nos últimos meses?
E do mesmo modo não é possível uma pessoas não ficar boquiaberta quando lê Estrela Serrano e a sua estupefação porque os jornalistas escreveram que o motorista de José Sócrates chorou quando foi detido.
Vou-vos dizer uma coisa: vocês são as minhas heroínas (sim, que eu sei que a maioria são miúdas). Não é treta. A sério que não é. É pura constatação. Eu não dou nada, nem um pacotinho de oreos, não me meto com ninguém e quero manter-me longe de polémicas vãs, sou uma chata que acha que se deve ver sempre os dois lados da questão, às vezes estou com uma neura que não se aguenta, 90% das vezes digo coisas parvas, não tenho filhas sobredotadas, não tenho um cão nem estilo e até há gralhas com fartura por esses textos fora. Podiam ir a qualquer lado e, no entanto, vocês estão aí. E até são mais hoje do que há um ano. Extraordinário! Não são milhões, que não são. Enchiam assim uma Aula Magna, e ainda podiam levar um amigo ou outro. Mas está muito bem assim, porque gosto de concertos intimistas e admiro persistentes. Tenho-vos mesmo em boa conta. Obrigada. OBRIGADA.
Bater o pezinho: "Prayer in C", Lilly Wood & The Prick and Robin Schulz
Para perder a notícia do ano, também conhecida como "detenção de Sócrates" (informação importante caso um ET caia aqui ao engano). Eram umas 08.30, estava a tratar de entrar no duche quando me aparece my husband com ar surpreendido me diz que o ex-primeiro ministro tinha sido preso. É que 'tou p'a minha bida".
mando-te a lista de presentes que gostaria de receber no Natal.
Eu quero me dês Playmobil no Natal. Também quero que me dês um jogo dos cães que saltam e apanham a roupa com a boca. Também quero que me dês um livro dos Três Porquinhos.
A Francisca e a Teresa acordaram às 03.00 e queriam macacada. Deixei-as a berrar uma com a outra, muito sentidas com os pais, a pedirem isto e aquilo... Água, chichi, leite, irem para a cama dos pais -- o costume, no fundo - e às 04.00 lá acalmaram.
Então, a Teté volta a chamar.
- Podes vir aqui, mãe?
E a pobre mãe lá foi.
- Agora que a Quica já está a dormir posso ir para a vossa cama?
A Quica tem uma otite em início de vida, a Teresa uma gastro. É muito agradável a sinfonia. Uma grita que não quer que lhe limpem o nariz, a outra chora porque vomita. E eu também choro. Com a quantidade de lençóis para lavar e camas por fazer que me aguardam e vim para aqui procrastinar, como é evidente. Não há nada melhor para baixar a garimpa das pessoas que querem gozar o fim de semana do que passarem o domingo a orar a máquina de lavar roupa.
Nem sei muito bem como é que isso foi acontecer mas aqui onde escrevo (à mesa da cozinha), estou mortinha para que chegue amanhã de manhã para me pôr em ação. Com uma camada de nervos, a bem dizer, porque se chover como é que vou fazer os quilómetros que tenho pensados? Isto é um amor tão recente que ainda não tenho capinha de chuva.
A semana passada, como é já do conhecimento até dos marcianos, pus-me a correr, e fiz 10 quilómetros. Se gostei? Tanto como de levar uma facada, com uma diferença. Uma naifada é capaz de não deixar uma boa sensação a seguir e correr deixa uma pessoa sentir-se no topo dos Himalaias. Até se esquece que pensou que lhe iam sair os orgãos vitais pela boca...
E depois do esforço que uma pessoa faz para se tornar numa maluca da corrida, tenho receio de que seja apenas um amor de inverno. Resultado: na segunda fui correr (1,5 km só porque desatou a chover), quarta (pouco mais de três quilómetros ao fim da tarde), sexta-feira (5 quilómetros a correr e um a andar às 07.15).
Consultei o dr. Google e diz que estou a fazer a coisa certa: dia sim, dia não. Mas agora para obter resultados e etc. é preciso forçar a barra e baixar tempos. Também me dava jeito aprender a perder peso...