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Quem sai aos seus

Um blogue para a Madalena, para a Teresa e para a Francisca.

E o que quero em 2014

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Tantas coisas. Algumas secretas, outras que se podem dizer alto: bué saúde, bué trabalho, bué amor, bué tempo para estar com a minha família, cozinhar para toda a gente, organizar-me, sentir-me adulta, sentir-me feliz. Gostar da vida que tenho (há tantos motivos), ensinar as minhas filhas a sentirem-se bem, a defenderem-se, a apreciarem a incrível vida que têm à sua disposição. Viajar, no sentido literal e no sentido figurado. Rodear-me de coisas bonitas.

Quando forem 00.01 perceberei, como todos os anos, que a vida não muda só porque o ano aumenta um dígito, mas gosto destes momentos de incerteza e esperança. E da possibilidade de fazer tudo melhor.

Em 2014 também pretendo investir mais tempo no blogue. Cuidá-lo e mimá-lo. Ao longo dos últimos quase 7 anos foi uma fonte de alegria e motivação. Pelas coisas que escrevi e que me permitem voltar atrás no tempo, porque me ajuda quando a memória de velha falha, porque muitas vezes foi graças a coisas que escrevi -- algumas publicadas, outras apagadas, muitas em rascunho -- que mudei de opinião ou me reconciliei ou tomei decisões. Há quem tenha psicólogos, eu tenho o Quem Sai aos Seus. Não é bem o mesmo, mas ajuda muito.

O principal gozo é meu, Divirto-me com isto! (A droga seria pior). Estaria aqui mesmo que não existisse vivalma desse lado. Mas a graça também vem de ter algum interlocutor -- o auditório gourmet que acompanha as façanhas das minhas gajinhas. São muitos mais pessoas do que alguma vez imaginei e são bastante impecáveis. Ninguém me insulta, ninguém me chateia (nem aqueles que se queixam de eu estar demasiadas vez em destaque nos blogues do Sapo) e ninguém me cria problemas. Está muito bem! E é porque são uma crowd tão fixe e simpática, que vos desejo tudo de bom em 2014. Muito amor, muita alegria, muita saúde, muito trabalho, muitos amigos e todas as coisas boas que vos passem pela cabeça. Vemo-nos por aí. Ou não. Isso é convosco.

Preciso de... cenas. A bons preços. Assunto sério

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2014 será o ano em que vou fazer... uma coisa. Uma coisa que não me apetece partilhar ainda com o mundo que vai requerer uma empresa de catering, um DJ e um designer gráfico com uma cabeça arejada. Recomendações? Preciso delas como de pão para a boca. Se o vasto auditório está em casa embrulhado em mantas e não sabe o que fazer para alegrar o próximo, já sabe: deixa uma mensagem a esta querida -- santos_lina@hotmail.com -- com bué ideias de empresas de catering, nomes de DJ que não tenham medo de misturar a Xuxa com os U2 e designers gráficos. Não pode é ser em Freixo de Espada a Cinta. Estamos limitados aqui aos concelhos de Lisboa, Sintra e Mafra. Mas, bom, não deve ser difícil. Alguém me ajuda? Obrigada!

[A foto é da LovelyKasey]

Essas 5 exposições que me fizeram cócegas no cérebro

Não é que alguém me tenha encomendado o sermão, mas eu acho que estas coisas são boas para recordar. As minhas exposições favoritas deste ano (algumas ainda em exibição):

(Procissão do Corpo de Cristo de Amarante, Amadeo)
1. "Sob o Signo de Amadeo - Um século de arte", no Centro de Arte Moderna da Fundação Calouste Gulbenkian.
É, sem dúvida, uma das minhas preferidas deste ano. Primeiro porque faz uma viagem pelo que foi a arte nos últimos 100 anos deixando bem clara uma relação entre política, economia e arte, depois porque mostra  em grande todo o Amadeo Souza-Cardoso que o CAM tem, e que é muito. O que mais gostei foi que mostrasse novas facetas de um pintor que, por ser português, por ser de Manhufe, por ter morrido jovem e por durante muito tempo ter estado escondido, nunca aparece entre os maiores da pintura moderna embora o seu trabalho, tão à par do que de mais vanguardista se fazia, o justificasse. Apaixonei-me por Amadeo Souza-Cardoso. Acho que há coisas piores (e, graças a ele, mantive interessantes conversas com o otorrino das minhas crianças). Ainda temos até dia 19 de janeiro para a (re)ver.
(D. João V com a batalha de Matapão em fundo)

2. "Encomenda Prodigiosa. Da Sé Patriarcal à Capela de S. João Baptista", no Museu Nacional de Arte Antiga (MNAA) e Museu de S. Roque.
Só não vai para primeiro lugar porque já não se pode ver em todo o seu esplendor (fechou a 20 de outubro), mas merece total destaque. Sempre tive um fraquinho pelo D. João V (uma pessoa não pode crescer a olhar para o Convento de Mafra e não pensar nele). Com esta exposição ficou claro que ele não era apenas um tolo gastador, mas um homem político que pretendia afirmar-se pela paz, pela diplomacia, pelo conhecimento Quem nos dera ter mais gastadores como este. E quando uma tragédia nos assolasse fossemos capazes, como foi a geração que sobreviveu ao terramoto de 1755, ser capaz de rapidamente erguer uma cidade.
(Foto de Helena Almeida)
3. Helena Almeida, no BES Arte e Finança (Marquês de Pombal).
Quando fui ver a exposição número 4, o Delfim Sardo (uma vénia para um dos nossos melhores curadores) disse-me "ainda não foi ver a Helena Almeida? É só atravessar a rua!". Ele parecia genuinamente surpreendido por ainda não me ter dado ao trabalho de ir ver. Na verdade, e apesar da Helena Almeida ter ganho o BES Photo, nunca me tinha apercebido verdadeiramente da existência dela, até
No dia seguinte, bem mandada e surpreendido com o ar de espanto dele, fui ver e é simplesmente incrível. A começar pelo nome: "Andar, Abraçar". Porquê? Não sei. Não aparecem caras, não há explicações, mas, de alguma forma, o que se vê nas imagens passa emoção. A forma das pernas, a forma como se enlaçam são, em si, uma história. (Passei lá no outro dia e ainda dá para ver).

(Uma das pedras pintadas de Fernando Lanhas)
4. "Caveiras, Casas, Pedras e uma Figueira" - Desenhos de Álvaro Siza Vieira, Fernando Lanhas, Noronha da Costa e Júlio Pomar no Atelier Museu Júlio Pomar. 
É linda. E tão bem montada que quando estava a escrever quase me apeteceu escrever que o grande artista ali é o Delfim Sardo (já disse que gosto do trabalho dele, não disse?). Pela maneira como conjugou as coisas. Há aquelas pessoas que com nada se vestem, ele com pouco faz uma exposição espantosa. As minhas preferidas: as pedras de Fernando Lanhas. A outra boa razão para lá ir é apoiar um museu novo (abriu este ano) que pretende aprofundar os conhecimentos sobre um pintor sem esperar que ele morra ou que fique gravemente doente para o fazer.

5. Joana Vasconcelos no Palácio Nacional da Ajuda
Talvez não seja a exposição mais espectacular. Muitas daquelas peças já tinham sido vistas no Museu Berardo. Mas a combinação palácio antigo+peças modernas e o facto da artista ser tão orgulhosa da sua obra e tão pouco medrosa fizeram daquela exposição um momentaço da vida portuguesa em 2013. Odiei algumas peças (aquela Perruqueira concebida para a sala Maria Antonieta de Versalhes é uma coisa que me enoja um bocado) e alguns "móveis" usados para expor as peças. Aquele suporte da Vespa, por exemplo, que coisa mais medonha! Mas a Vespa em si... Tirou-me a respiração. Porquê? Não sei. Mas tirou.

Só não trago para aqui "Rubens, Brueghel, Lorrain, A Paisagem nórdica no Prado", tão imponente e espectacular, porque ainda temos até março para a ver e, por outro lado, porque não é feita com a material nacional. Se vale a pena? Cada cêntimo!

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