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... Mas não tenho tempo.
Quero apenas deixar aqui registado que tentei pôr a Teresa a fazer chichi entre dois carros e ela recusou-se. Como já estava a chorar como uma condenada achei por bem não insistir. Fica a boa notícia: a mãe é uma selvagem mas a criança um aprumo. Ah, e fui à Marisa Monte (não gozar, tem tudo a ver).
Um projeto da Teresa, que conheço (e gosto), e da Tânia.
São ambas apaixonadas por África e conheceram-se quando a primeira T trabalhava numa redação e a segunda T apareceu por lá para fazer um estágio.
Juntas criaram As Tês, roupa costumizada e acessórios a partir de capulanas. [E tiveram a paciência de responder às minhas perguntas].
Vamos aos básicos: quem se lembrou das capulanas para este trabalho?
Tânia - Eu!
Teresa - Desculpa mas fui eu...
Não tinham mais nada para fazer?
Teresa - Por acaso não... Estou sem trabalho e andava à procura de um projecto novo, que, por acaso, até acabou por ser antigo. Desde que fui a Moçambique, há 6 anos, que gostava de fazer algo com capulanas.
Tânia - Eu estou a terminar os estudos, mas sempre gostei muito de moda e ja há algum tempo que gostava de fazer algo nessa área. Sempre "convivi" com estes tecidos mas só conhecia a maneira tradicional de usar e, quando fui a Moçambique surgiu-me a ideia de os usar de uma forma mais jovem.
Qual é o ponto forte do vosso projecto?
Teresa - Criar uma fusão de culturas, tornar a capulana mais europeia através de uma peça tão simples como é a t-shirt. Claro que a partir de aqui surgem ideias novas, como modelos para mães e filhas, tapa-fraldas, golas e podiamos ficar aqui até amanhã... [E desde que falámos inventaram os chapéus, que estão a ser uma loucura].
Miúdas gordinhas e não-modelos podem usar as vossas t-shirts e golas?
Tânia - Claro, nós criamos para nós próprias. Não temos nenhuma peça que não usaríamos, somos pessoas reais, com celulite, olheiras. Tudo, não nos falta nada.
E agora passam as noites na máquina de costura em vez de irem dançar mornas e coladeras?
Teresa - A dança é uma óptima maneira de nos inspirarmos (risos). Na verdade, nós temos uma costureira a trabalhar connosco e o nosso papel passa pela criação das peças: pensamos e desenhamos.
Teresa - Isso não sei, mas nós vamos ficar mais ricas.
Tânia - Estamos conscientes da crise que os portugueses estão a passar e os nossos preços não têm nada de pornográfico.
A Teresa tem 36 anos, é jornalista e está a fazer uma pausa kitkat há dois anos para se dedicar à familia. É mãe da Mercedes, que tem um ano, e agora vem aí outro baby (iupi!). É uma dessas pessoas que anda sempre impecável e a filha parece saída de catálogo de roupa infantil. Aliás, ela é essa mãe que tem pachorra para comprar tecidos a metro e ir à costureira fazer coisas únicas. Que tenha criado este projeto não me espanta nada. E até aposto que isto é só o princípio. A Tânia não conheço pessoalmente, sei o que me contou. Que tem 22 anos, que é estudante de jornalismo, que não se imagina apenas a ser jornalista. Estão no Facebook.
A propósito das coisas bizarras que as grávidas fazem:
Quando aqui o pai e mãe estavam a montar o quarto da Madalena na nossa primeira casa (aquele tão feliz T2 de 65 metros quadrados), namorámos várias soluções para o so called quarto de bebé. Como eu ia dar à luz a Messias, estava fora de questão comprar um berço igual ao de toda a gente no IKEA. Essa era logo a primeira excentricidade. Era preciso estudar outras soluções. E, a dada altura, descobrimos a T-Zero, ali na rua Luís Bívar (pareceu-me ver na montra no outro dia que estão a mudar de instalações), e ficámos de olho no berço e no fraldário da Stokke. Era lindo, era a coisa mais maravilhosa que tinha visto. Um berço que fica em cama de grades que depois se transforma em cama? Era um sonho! E o branquinho? Que lindo! Que fofo! O problema era o preço. Quase mil euros cada coisa. Era um rombo daqueles!!! Por mais que uma pessoa pensasse que seria uma poupança a longo prazo, e quando eu nem imaginava como o ia amortizar tão rapidamente, aquilo era caro. Era preciso pensar bem (mesmo estando em finais de 2007, mesmo sem falar de crise ou troika). Mas, bom, finalmente decidimos. Íamos avançar para o conjunto branquinho e lá fui eu namorar mais uma vez o futuro quarto da Madalena à loja (por acaso nem sei se não fui lá para encomendar), quando recebo uma chamada do papá.
- Não vais acreditar, o fulano-de-tal, dá-nos a cama e o fraldário dos filhos dele. Comprou uma cama nova para a filha.
- A sério? Isso é bom! É branco?
- Não, é o castanho claro.
- (Voz a esmorecer) Castanho claro?
- Sim. Já viste a sorte?
- (Nó na garganta) Mas tens a certeza que é castanho claro?
- Tenho. Ele disse-me castanho claro.
- (A chorar) Mas eu queria em branco...
- (A tentar manter a calma) Mas este está novo e não nos vai custar nada.
- (A chorar) Mas eu queria em branco!
- (A tentar manter a calma) Mas o castanho é lindo.
- (A chorar) Mas eu queria em branco!
E a certa altura eu continuava a chorar porque queria o berço branco mas entendia perfeitamente o ridículo da situação e sentia vergonha do que estava a sentir. Como é que eu podia estar a lamentar que não fosse branco quando me estavam a dar um berço? E chorava, chorava...
O papá acabou por desligar e eu continuei a chorar, como se estivessem a atentar contra os meus direitos mais básicos.
Felizmente para todos nós, acabei por me acalmar, os amigos mantiveram a oferta e pouco tempo depois o berço Stokke entrava pela porta de casa. Pela porta de casa. Porque pela porta do quarto não passava. E também não cabia lá dentro! Foi preciso comprar um moisés pequenino para ter ao lado da cama (desforrei-me e comprei branquinho).
A caminha e o fraldário foram o quarto do bebé e por cá continuam. Têm-nos acompanhado em cada mudança de casa e a cada nascimento. A Francisca é quinta bebé que dorme nele, a segunda chamada Francisca. Com tanta história para contar, claro que já não o trocava por nada. É muito lindo, sim senhor.
"É o Amor", o novo filme de João Canijo. Simplesmente não me sai da cabeça. E só vi o trailer...