A escola nova da Madalena é exigente. Para as crianças. E para os pais. Todas as semanas surgem pedidos novos: a semana passada era a fotografia de família, esta semana o "material" para a representação de Natal (ah, pois é). Habituada a ver as coisas aparecerem feitas (e a adorar isso) na outra escola, estranhei tanto pedido mas agora já estou mais que habituada e até já fico tristonha se não há envelope novo na mala. Diverte-me! Estou contentíssima com tudo, mas é de reconhecer que há detalhes neste estabelecimento de ensino de arrepiar os cabelos a muita gente que conheço.
Por exemplo:
- Toda a criançada é corrida a tratamento na terceira pessoa do singular. Resultado: agora a Madalena diz coisas como "venha, mamã, venha brincar".
Bem sei que estas coisas dividem pessoas, mas, tenho vindo a reparar, há muito mais gente a fazê-lo do que eu própria imaginava. Betaria ou arcaísmo? É a pergunta que deixo... Pela parte que me toca, tratamo-nos todos por tu. É o que me sai naturalmente e não vou agora mudar nada. E não é coisa que me chateie nada. Com sorte, espero que no final do ano saiba conjugar os verbos em outras pessoas porque na nossa vida não tratamos toda a gente por tu. Como digo: a mim o que me sai é "tu isto, tu aquilo" mas um pouco de variedade cai sempre bem.
- Estamos a conversar no outro dia e digo-lhe "encarnado e vermelho é a mesma coisa". Responde-me: "A M. [educadora] diz que na escola se diz encarnado, os meninos em casa dos pais podem dizer vermelho". E, pronto, anos e anos que uma pessoa passa a limpar o ruralismo e, vai-se a ver, e é disso que gostam. Bem sei as conotações políticas da coisa, mas, para além disso, eu sou do tempo (e do lugar) em que os "parolos" é que diziam encarnado.
Acredito que haja quem não goste nada disto. Mas, para mim, isso são detalhes. Estou mais interessada no que ensinam e como ensinam e, até ao momento, corre muito bem. Já vi vários trabalhos, pede-me para fazer o pino, dá cambalhotas e sabe as cores, alguns números e algumas partes do corpo em inglês. Também diz "oh my god", mas isso, temo, é mais por culpa da mãe que tem. Ponho aqui um smile?
Seria totalmente hipócrita da minha parte fazer greve. Queixo-me de muitas coisas mas nenhuma delas pode ser resolvida não trabalhando um dia. Isto dito, quem não pensa como eu que se manifeste. Nas greves, a única coisa que não gosto é daquela conversa "só atrapalham quem quer trabalhar". Se atrapalham é porque está a funcionar. E todos devemos ter direito a expressar-nos. O mais livremente possível.
O programa Encontros com o Património, de Manuel Villas-Boas, na TSF, é das coisas melhores que se fazem em Portugal.
Deixo aqui o link para a emissão em que falam sobre Arquitectura Popular, inquérito concretizado em 1961, mais por ser aquele que estou a ouvir agora do que por outra coisa. Qualquer um deles é bom. Uma maravilha, aliás.
A minha vida carece excitação, apesar de esta manhã ter tido de me deslocar ao local da minha residência para acudir a minha "mais nova", também conhecida como filha-chaleira. Iiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiihhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhhh!
A Teresa tem um medo horrível de andar e agora estou realmente preocupada com isto. Mas, afinal, o que é que se passa?
Fora isso, descobriu as palavras, a sequência, a musiquinha em português. Apanhei-a a apontar para a capa de um livrinho: "Cãem, Gat". E outra vez: "Cãem, Gat".
Uma maçã que dá vontade de trincar, encontrada neste blogue
Não tenho grande simpatia pelo que defende Assunção Cristas nem pela forma como disse isto ("está na altura de voltar a dar fruta natural às crianças"), mas acho que a ministra da agricultura tem razão. E é de políticas destas que precisamos. Achamos que os potes são comida processada e que faz pior à saúde dos nossos pequenos cidadãos? Taxamo-la. Não é uma questão de crise. É de bom senso.
- Começa a cansar-me essa conversa de "ah, e tal, podemos cortar ali mas é tão poucoque não se nota". Ou é uma questão de princípio ou não é. Isso é a mesma coisa que desperdiçar esparguete em casa só porque é barato. Não se estragam recursos, ponto.
- Mas em matéria de princípios, convinha que dissessem que realmente que as privatizações são mais ideológicas do que por questões económicas. Só isso explica que se queiram ver livres de participações que funcionam e dão dinheiro como a EDP, por exemplo.
- Estava a ouvir a o Fórum TSF (o único que interessa) na sexta-feira sobre o aumento do número de horas de trabalho e dizia um ouvinte: aumentar em meia hora a jornada de trabalho não nos vai fazer ganhar nada. Só vamos produzir mais, não necessariamente mais barato. Ora, o que aumenta a competitvidade, como o senhor bem frisou, é produzirmos mais, com a mesma qualidade, no mesmo tempo.
Acompanhando os tempos, parece que em Janeiro de 2012 passarei a a escrever diretor, ator, caraterística, pelo e para (sem acentos) e outras palavras identicamente divertidas. Tudo o que mantenha sentido e poupe em caracteres (ou será carateres?) a mim parece-me bem.