A minha prima tinha uma pediatra muito boa para os filhos e nós fomos atrás da recomendação dela. Ela dá consultas numa clínica onde trabalha o médico que segue os sobrinhos de uma amiga. E é prima por afinidade de uma pessoa com quem trabalha o papá. E também segue os filhos da fotógrafa que nos tirou os retratos do Natal.
A minha colega MM ia a um médico muito fixe, eu segui-a. Ele pôs a Madalena no mundo e, com 12 dias de diferença (e eram para ser só três), pôs no mundo a segunda filha da MM, que também se chama Madalena, que também tem um pai chamado António e que também é jornalista.
Laringite atrás de laringite, bronquiolite atrás de bronquiolite e uma otite depois, alguém me diz: "As crianças que foram ventiladas quando nasceram costumam ter problemas respiratórios nos primeiros dois anos". Era mesmo disto que estávamos a precisar lá em casa, mas, já agora, gostava de saber qual é a validade científica disto.
Portanto, aqui a mamã foi desopilar para a loja da Sony. Primeiro motivo de embaraço: parece que afinal as Playstation 3 custam quase 400 euros. Estou desapontada. Já me via em campeonatos de Singstar e, afinal, parece que vou continuar a ser um talento escondido. O pior mesmo foi ter ficado a olhar para uma placa transparente de onde saía uma luz azul e ter perguntado, suficientemente alto para o empregado ouvir, "o que é isto?". Resposta: "É o expositor!". Nunca mais entro naquele estabelecimento.
No meio do desalento, da confusão, da angústia, da incerteza, foi ela, elazinha, com o seu ar avoado (no bom sentido), a sua distracção, a sua genica, que me fez parar e pensar: se ela está na boa, por que razão não me consigo acalmar? Se ela, que trata do filho sozinha e vive a 50 km, acha que isto tudo se faz, para que me hei-de chatear? "Sabes, eu tenho problemas tão maiores para resolver...", disse-me ela. Adorei. E, para mim, já ganhou. Pelo menos, em atitude.
Estou a fazer compras on line. Abri a lista dos iogurtes denominados "infantis" e estou em estado de choque com a oferta.
Em vez de encontrar iogurtes naturais ligeiramente açúcarados, Agros biológicos ou outros com ligeiros aromas, o que tenho à minha disposição são iogurtes com bolacha de chocolate e recheio de leite, de nesquik, queijinho com polpa de morango (um dos mais inofensivos), sandwich de leite Kinder (?!)...
Pergunto-me:
- Como se pode ir a um supermercado com uma criança sem sair de lá com uma camada de nervos, sem distribuir umas palmadas no rabo, azia e, ainda por cima, uma destas porcarias no carrinho? É que, como se não bastasse o conteúdo, as embalagens estão repletas de bonecada atractiva, ao passo que o Agros Biológico, por exemplo, parece saído dos anos 70,
- Como é que uma pessoa pode controlar e manter hábitos alimentares saudáveis quando o apelo de compra é para porcarias destas?
Pode sempre argumentar-se que quem não quer passar por isto não leva os miúdos ao supermercado. Acho difícil levar a cabo este plano, já para não falar de como, para prevenir um mal, estamos a fazer outro: privar a criança de participar na economia familiar.
Está certo que existam iogurtes destes. Irrita-me é que lhes chamem "infantis".
Este fim-de-semana, 11 anos depois de nos termos cruzado pela primeira vez, encontrei-me com os meus colegas da faculdade.
E gostei. E foi giro.E até me apetecia ser amiga de algumas pessoas com quem não tenho uma relação próxima.
Quando vinha para casa (a Mini a dormir no banco detrás, depois de ter andado de colo em colo), dei-me conta de uma coisa importante: há 11 anos, eu morria de vergonha, de medo, de timidez, de conhecer gente nova, qualquer pessoa ligeiramente diferente deixava-me em pânico, sempre a pensar que não estaria à altura de coisa nenhuma.
Se me convidassem para ir a reunião deste género ficaria uma semana a pensar no que ia vestir, no que ia dizer, em quem ia encontrar. Agora não. São cada vez menos as situações que me deixam com um frio na barriga. E apesar do que dizem SLB e R. - de como eu pouco ou nada mudei nestes anos - há uma diferença fundamental: aqui a mamã está muito mais crescida, caraças!
Em muitos aspectos, até é verdade que não sou nada parecida com a pessoa que sonhei que ia ser. Mas, lição de vida, isso não me impede de ser feliz. Nada mesmo. (Adoro estas conclusões!)
Depois de vários dias (semanas, diria mesmo), voltaste à creche. Deixei-te à porta ao colo da Manuel e não choraste (parece que deixaste isso para o almoço quando já estavas podrérrima de sono). Achaste graça à porta e bateste com ela. Na cara da mamã. Não está mal!