O "acho que me vou chamar Pedro" nasceu hoje às 13h30. Muitas e boas razões nos fazem - à mãe, ao pai e à Madalena - rejubilarmos com a notícia. Primeiro, é mais um benfiquista que nasce. Como se não bastasse, tem uns pais bestiais. Ele ainda não sabe, mas tem. Uma mãe serena e um pai a quem Gilles Deleuze dedicou a estação de metro do Parque: A ética é estar à altura das circunstâncias. Amigo, eu sei que isto não é bonito, não é, mas é o que sinto. E pela mesma razão que me orgulho de dizer que sou amiga deste grande lampião que inventou a expressão "vamos pôr-nos na mariconera", tenho a certeza que há mais uma criança com sorte no mundo.
Já se tinha percebido há uns tempos que as cores já não são o que eram - ele é o laranja magma (Optimus), roxo indigo (Banif) ou até rosa cerise (Millenium bcp) - mas o que não esperava é que esta "praga" chegasse à minha casa, que terá paredes bege miragem (para fingirmos que estamos no Dubai), azul spa (para ficarmos zen) e até mesmo arroz doce ou rosa pop. E, sinceramente, do que tenho pena é de não podermos ter tectos branco decibel, salas onix, manga ou verde wasabi ou até mesmo, do catálogo infantil (sim, porque isto existe), as cores algodão doce ou raio de sol. Só falta mesmo o clássico de todos os clássicos: cor-de-burro-quando-foge.
Os mais cépticos podem achar que isto é um disparate, eu acho que não. Isto prepara-nos para dar grandes abadas a jogar aos países.
Viver como uma cigana (perdão, como um povo nómada) tem a vantagem de pôr as coisas no sítio certo. Sou infeliz por estar a morar a quase 40 km do trabalho? Bem, não exageremos. Esta parte é chata, sim, muito, mas confesso que até tenho um certo carinho pelo IC19 (chamem-me masoquista). Sinto-me mais chateada por ter parte das coisas em caixas de cartão, por não saber onde andam as minhas camisolas e, sobretudo, por sentir que não controlamos nada. E isso inclui a Madalena. E a educação da Madalena. Passa a maior parte do dia com os avós e é tal qual os livros descrevem: está mais mimada do que nunca, está mais esperta do que nunca. Caprichosa, grita para chamar a atenção das pessoas, exige coisas estranhas como garrafas de iogurte pousadas numa mesa e outras coisas deste género, mas, em compensação emite muitos e variados sons, já por várias vezes conseguiu acertar o som (mamá, papá) com a coisa (os progenitores) a que se refere, aponta para o biberão da água quando tem sede, para a cama quando quer dormir, é capaz de comer quase uma banana inteira à dentada, rói maçãs e já brinca que se farta.
Como comecei a escrever este post ontem já perdi um bocado o fio à coisa. Mas basicamente o que quero dizer é que embora me ande sempre a queixar, a verdade é que isto não tem sido assim tão mau. Pelo contrário. Além de uma filha bem tratada também temos sempre sopinha da boa e companhia para ir ao café tomar o pequeno-almoço (eheheheh). Por isso, é só para deixar claro que nos sentimos super afortunados pela vida que temos. Mesmo, mesmo. Obrigada.
Há uma semana a Madalena visitou a redacção do jornal. E o Sávio, que é fotógrafo, anda de preto e é muito mauzão (como vês estou a espalhar as más informações como me pediste) - levou-nos para uns dos hall desta linda casa - o edifício do "Diário de Notícias" - e disparou 9 minutos seguidos para cima da Madalena. Hoje veio aqui entregar o resultado: um CD cheio de fotos (as melhores que temos da nossa filha) e mais três impressões espectaculares onde estão retratadas (é mesmo esta a palavra) as expressões mais verdadeiras da Mini, um curioso feito tendo em conta que ele só esteve com ela uns meros 15 minutos e eu que a acompanho diariamente nunca consegui. Não existe obrigado suficiente para agradecer um gesto assim. E em breve vou partilhar aqui as obras de arte. Mi aguardem.
A Mini pesa 9-quilos-9. Engordou um quilo desde a última pesagem (há um mês) e acabaram-se outra vez as papinhas cheias de hidratos de carbono que fazem bem à anca, à pernoca gorda e ao pneu, mas não fazem bem nenhum à sua carreira de top model. Tem 71 centímetros, 44 de perímetro cefálico e "está óptima". Mas o mais surpreendente foi a despedida: "Pronto, agora só a quero ver quando ela fizer um ano".
Pronto, acabou-se. Ia bem lançada, mas já não vou receber a medalha de melhor mãe do universo e galáxias adjacentes.
A Madalena caiu da cama abaixo. E a culpa foi minha. E pretendo deixar aqui o registo para memória futura. Porque quando o livro de saúde diz: um segundo de desatenção basta para que a criança caia é mesmo assim. Um mero segundo, entre procurar o soro e a porcaria das collants, bastou para que a Mini caísse. Não se magoou. Só chorou muito. E com razão, tadinha. Já passou, mas mesmo assim shame on me...