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Quem sai aos seus

Um blogue para a Madalena, para a Teresa e para a Francisca.

Regresso ao activo

Lembrei-me de montes de coisas giras da Madalena que queria deixar aqui registadas, como essa incrível coincidência que é a Mini chorar sempre que entra na H&M e portar-se como um anjo na Massimo Dutti - danadinha, já sabe o que é giro e caro! -, mas não consigo. Só me consigo lembrar que faltam apenas dois dias úteis e um fim-de-semana para regressar ao trabalho.



Claro que uma parte de mim deseja regressar à vida activa. As notícias, escrevê-las, as novidades, os serviços, aquela adrenalina de querer a melhor história... Isso é bom e eu quero. Seis meses em casa servem para reafirmar o que já sabia: que não tenho feitio para ser uma "stay at home mum". Ninguém aprecia o que se faz, parece que não se faz nada e uma pessoa acaba por tornar os rebentos no seu único objectivo. E quando eles crescem? Perde-se o rumo? Não quero isto. Finalmente, por uma questão de perspectiva, acho que chegou a hora de voltar. Quero ter a certeza que estou a usar a minha massa cinzenta nas coisas certas e não a descobrir o supermercado com as fraldas mais baratas (como dizia uma rapariga que conheço) ou a descontar cupões do Minipreço. Perdida no meio de tanta fralda, leite e roupas mínimas, uma pessoa tende a achar que o mundo se resume ao seu bairro.


 


Mas depois outra parte de mim acha que aceitaria o desafio de uma vida sem sentido se pudesse dar um beijinho à Mini sempre que lhe pego ao colo (dá uma média de mil beijos por dia) ou dançar com elas êxitos dos festivais da canção ou garantir que sei sempre o que ela come, como come e quando suja a fralda. Arrepia-me que possa haver momentos de puro desperdício de tempo quando podia estar em casa e ver quando é que a Mini vai bater palmas pela primeira vez, quando se senta ou quando gatinha.








Até sempre, Sport Billy


A mala desta mãe a.M (antes da Madalena)


Eu era daquelas que andava com a carteira, o telemóvel, o telemóvel do trabalho, a agenda, a bolsa da higiene, lenços de papel, chaves, uma quantidade impressionante de facturas espalhadas, máquina fotográfica e ainda havia sempre espaço para alguma que outra surpresa: remédios, carregadores de telemóvel, umas bolachas...


A mala desta mãe d.M (depois da Madalena)


Carteira, telemóvel e chaves. Arrumados num cantinho que a Mini deixa livre na mochila dela.

Mais uma página que se vira

Nem acredito que já passaram quase seis meses desde que a Madalena nasceu. Há um ano, por esta altura, estava de baixa a cruzar os dedinhos para que a gravidez corresse bem, depois de um mega susto que resultou de uma estupidez completa (uma semana de loucos a trabalhar, uma ida de avião para Barcelona, mais comboio para Sants, mais comboio para Reus, mais um casamento, mais uma viagem de avião perdida e um dia inteiro à espera no aeroporto). Nessa altura parecia que 15 de Fevereiro - data prevista para o parto - vinha longe e afinal... Isto tem sido o ano mais rápido de sempre.





E se me lembro hoje que já passaram quase seis meses é porque fomos ao cardiologista ver se a Mini ainda tinha o sopro no coração e se estava tudo a correr bem. Está. Está mesmo tudo a correr perfeitamente. A nossa filha é uma campeã e tudo o que resta de um (muito) mau começo é uma folha A4 no boletim de saúde a relatar essa triste história de cinco capítulos: taquipneia transitória do recém-nascido; pneumotórax bilateral, hipertensão pulmonar, persistência do canal arterial, ectasia piélica bilateral (nomes giros, hã?). Não temos sequer de voltar lá para uma consulta de rotina. Já suspeitávamos que estava tudo a correr bem, mas agora é oficial. Podemos, por fim, virar página. The end.

Posso revoltar-me, se faz favor?

Expliquem-me, sábias mentes que me rodeiam, por que razão, quase sempre, o muda-fraldas dos locais públicos está na casa de banho das mulheres? Isto já me aconteceu em "n" locais, restaurantes, então, já perdi a conta. O que é que o papá da Madalena faz se tiver de mudar a fralda? Despi-la em cima da mesa? Isso sim, seria um momento para ASAE ver. Se calhar até já está dentro dos requisitos a preencher e eu é que não sei... Seja como for, se está, poucos cumprem. Assim que me lembre, só mesmo as bombas de gasolina na auto-estrada e certos centro comerciais é que acham que um homem pode mudar uma fralda. Raios partam esses hereges! Que pensam que os machos da nação podem conseguir limpar chichi e cocó sem precisar de um mestrado e sem que lhes caiam os parentes na lama. De resto, a maioria das pessoas parece partir do princípio que meter as mãos na porcaria é coisa de gaja. Ora, eu, que tanto lutei pelo meu direito a não engomar roupa a ferro porque isso não é só tarefa de mulher,  e que preferia jogar às cartas com os homens a levantar a mesa com a mulheres da minha família, nunca pensei chegar a 2008 e encontrar o mundo neste estado. Chega a parecer que o "Conta-me como Foi" é uma série actual.

A melhor do dia

- Pois, às vezes damos uma gotinha de aero-om à Madalena para ela cola a chucha. Como é doce...


- Ei, mas isso assim é batotice.





Sabem quando a bigorna cai em cima do mau nos desenhos animais? Foi mais ou menos o que senti. Depois ri-me, claro. É verdade, verdadinha. E foi uma miúda de 15 anos que disse.

Mini-conquistas

- Virar-se e rebolar sobre o corpo. Creio que até já tinha comentado isto aí com umas mil pessoas: achava que a Mini era daquelas que não se ia virar sozinha, rebolando sobre o seu corpinho danone. Pensava eu que a rapariga tinha apanhado medo desde que, com dois meses, a tínhamos ajudado a fazê-lo. Afinal não. Ainda não tinha chegado a altura. Foi hoje. Rebolou e ainda deu um gritinho de menina para garantir que o feito não passava despercebido.


 


- Sabe que um pai é diferente de uma mãe. O papá é aquele barbudo que faz brincadeiras, cócegas nos pés e na barriguinha, que faz rir às gargalhadas e seca depois do banho. A mamã põe a dormir, dá papinha e canta. "De olhos vermelhos/E pêlo branquinho/Às saltos bem altos/ Eu sou um coelhinho" (obrigada, Dulce).


Pausa para mais um momento de piroseira

Bons tempos esses em que as férias que tirávamos eram para apanhar um avião e ir para uma cidade qualquer ou pegar no carro e passar quatro dias de papo para o ar na Zambujeira do Mar. Acabou-se. Estamos de férias e mais próximo que estivemos do estrangeiro deve ter sido a avenida dos EUA. Já fomos ao Alentejo, sim senhor, isto ainda não está assim tão mau, mas em lugar de uma mala cheia de sapatos para todas as possíveis ocasiões (dia, noite, gala, cocktail e etc.), levámos uma varinha mágica, o prato xpto da sopa da Mini e uma mala térmica cheia de legumes bio (e isto é conversa para outro post). E, no entanto, como comentava o papá estar tarde, está a ser tão bom... Só porque existe a nossa baby e porque podemos passar horas, os três, a olhar uns para os outros feitos parvinhos. Cá está: não interessa onde, interessa com quem. 

Louvada sejas, chucha de borracha macia

Até há bem pouco tempo, a Mini não morria de amores pela chucha. Tinha uma azul que lhe deram no hospital e só a usava para dormir. Durante o resto do tempo nem vê-la - chegava mesmo a ser mais um motivo de fúria quando estava com a birra. Até que, como naquelas descrições sobre grandes descobertas científicas, o erro conduziu-me à luz.





Esqueci-me da chucha em casa e quando chegou a hora de dormir, a baby acusou a falta do acessório e eu, mamã dedicada, fui comprar-lhe outra, apesar de me parecer um bocado parvo ir à procura de uma coisa que seria usada 5 minutos.


Pois, das azuis que brilham no escuro não havia, mas cruzei-me com esta - a Soflty - que tem feito maravilhas pelo sossego da Madalena. Isto até pode ser tudo fruto do acaso, mas não quero saber. Softly forever.

A caminho da independência

Já deixaste de precisar do meu colo para dormir, já nem preciso de estar ao pé de ti para pegares no sono. Comes sopa e mamas cada vez menos. Tens brinquedos preferidos e já escolhes as pessoas para quem te ris na rua. Resumindo e concluindo, cada dia estás mais independente e só passaram cinco meses e meio. E ainda vais aprender a comer sozinha, a andar sem fralda, a ler e a escrever, atravessar a estrada, estudar, tirar a carta, acender o fogão... Fico contente e triste em partes iguais por causa disto: rebento de orgulho por cada novo marco de desenvolvimento, tristonha porque parece que cada diz precisas menos de mim.


 


Portanto, quando fores crescida e te parecer que eu te estou a sufocar porque queres ir à tua vida e parece que eu não deixo, é melhor relermos este post. Tu para saberes que eu já previa que, mais cedo ou mais tarde, te teria de dar a chave de casa e afinal não sou assim tão pirada da cabeça, eu para me lembrar que o gozo de ver as tuas descobertas é muito maior do que a tristeza de não ser sempre a protagonista do teu filme.

Também quero ter uma vida

Antes que me esqueça quero dizer que se alguém se lembrar de fundar um movimento como este que está a acontecer em Espanha eu apoio. A ideia é não convocar nenhum evento para lá das 18h00 numa tentativa de conciliar vida familiar e vida laboral, já que tudo o que seja marcado para lá desta hora pressupõe um esforço suplementar. Ora aqui está uma medida louvável, algo que adorava que acontecesse por aqui. É que por estas bandas há sempre um canal de televisão que se lembra de marcar a apresentação de uma novela - esse evento super mega importante, obviamente - para as 18h00 e vai tudo para lá com os neurónios já queimadinhos e, como se isto não bastasse, ainda temos de ir aos pares, caso contrário não apanhamos nada.


 


Faltam três semanas para regressar ao trabalho. Começa a notar-se, não começa?

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