A Mini e eu temos um novo passatempo: descobrir os jardins de Lisboa. Gostamos do das Amoreiras, já provámos o da Estrela - mas tem demasiada passarada para o meu gosto - e ontem fomos à Tapada das Necessidades.
Para começo de conversa, confesso que não sabia que existiam tantos espaços verdes em Lisboa. E que muito deles têm mais do que uma relva ou espécies interessantes para ver. O da Tapada das Necessidades, por exemplo, tem uma estufa circular, mandada construir no século XIX por D. Pedro V. Descobri esta e outras coisas na net e graças a este artigo do Lifecooler fiquei convencida que estava tudo arranjadinho e saí de casa a imaginar que a Mini e eu íamos passar um tarde bucólica, passear por jardins verdejantes e sentar na relva. Até levei uma mantinha e tudo. Pura ilusão!
Mal se pode andar com o carrinho tal é o nível de degradação da maioria dos caminhos, a famosa estufa está fechada e não há uma placa, uma indicação e até me parece que construíram uma espécie de bancadas de cimento lá dentro. Há vidros partidos por todo o lado, estátuas sem cabeça, uma piscina deixada ao abandono... é de cortar o coração. A única zona bem tratada é um relvado junto à escola, mas da qual não pudemos usufruir porque não havia sombra.
De resto, não me cruzei com vivalma que estivesse a desfrutar do sítio. Só não percebo se ninguém vai à Tapada das Necessidades porque aquilo ainda está degradado ou se é por ninguém lá ir que não arranjam. Eu, pela minha parte, só posso dizer que se não fossem os miúdos da escola, o passeio tinha ficado sem história.
Até eles devem achar interessante ver pessoas diferentes, porque mal passei junto à rede da escola ouvi um "Senhora! Senhora! Mostre-nos o bebé" (vou tentar ignorar que achem que eu sou uma senhora). Eram três e foram-se juntando mais e mais pelo que quando virei a Madalena para eles ouvi um coro de "Ahhhhhhhhhhhhhhhh!" tão forte que até a Mini acordou. Muito cómicos.
Caríssimos, isto está cada vez melhor: 6.250 Kg, 60,5 cm. Acabou-se o redutor na maxi.cosi. Acabou-se a roupa piriri até aos 3 meses. E, finalmente, acabaram-se as collants por causa do calor. Sou free! (Sou free é lindo).
Cheguei à conclusão que, nas mulheres, a história do(s) seu parto(s) é igual às histórias de tropa dos homens. Todas achamos que a nossa é única, diferente e especial (tal como os homens quando falam da recruta). E se não acreditam em mim, dêem um saltinho a este blogue - o Clube Mammy. Vão ver que tenho razão.
À hora a que começo a escrever este post faltam dois minutos para a meia-noite, altura em que acaba oficialmente o meu primeiro Dia da Mãe. Foi tudo feito à minha medida e só posso agradecer à Mini e ao pai por isso. Por ter dormido mais umas horitas de manhã, por ter ido à feirinha do Jardim da Estrela*, por ter passeado, namorado, estado com amigos e, claro, porque a Madalena é linda, saudável, já mostra interesse por brinquedos, ri-se que nem uma perdida quando falamos com ela, gosta de passear e parece feliz.
Às vezes uma pessoa desespera com isto de ser mãe, tentando responder a todas as perguntas que nos martelam a cabeça - estarei a fazer isto bem? ela está bem? estarei a tomar as decisões correctas? -, e às dúvidas que aparecem todos os dias, mas depois releva tudo. Olho para a Mini e ainda digo para mim mesma: UAU! É gente, tem o nosso nariz, rosto, formato ou cor dos olhos, os pezinhos ou as mãos mas também uma personalidade que é só dela. UAU!
* Espreitem lá o presente modernoso que a Mini me deu.
Vamos ter um amiguinho novo. Lá para Novembro nasce o bebé B. Andava tão embalada com essa coisa de não se poder contar ainda não tinha partilhado a novidade. Mas agora acho que já posso e estou muito contente. No meu íntimo, desejo que realmente seja amigo da Mini, porque ter amigos que conhecemos desde que nos lembramos de nós mesmos é muito bom.
A Mini está cada vez mais maxi. Dorme muito bem de noite e de dia só quer conversa. Mas nem tudo é perfeito e chegou o momento de lhe ensinar duas coisinhas importantes:
- Que adormecer sozinha é bom. Ultimamente só adormece com um pouco de colinho. Os puristas arrepiam-se e dizem-me que isso não pode ser. "Que horror! Que prisão. Assim não consegues fazer nada". Mais uma vez, refugio-me nas evidências. Não se conhecem casos de adultos que só adormeçam ao colo e eu também gosto de lhe dar aquele miminho. Porque senão parece que só trato das coisas chatas como vestir roupas pela cabeça, trocar fraldas e aspirar o nariz e porque se não for assim não passo tempo nenhum com ela ao colo. Levá-la do quarto para a sala não conta, ok?
- Que pode ficar a brincar e a olhar o mundo sozinha. E esta sim é uma coisa que me preocupa, a bem da auto-estima da Mini, sem querer racionalizar demasiado o assunto. Gostava que ela percebesse que pode ficar nas suas observações à vontade sem precisar que nós estejamos sempre a olhar para ela ou a fazer festas. Brazelton diz que esta fase é normal e eu vou acreditar, mas talvez a coisa não passe sem termos de recorrer a uma solução drástica como deixá-la a chorar um bocado, coisa que me atormenta bem mais do que eu deixo transparecer.
Uma amiga perguntou-me se fui à manif com a Mini. Nesse momento caí em mim e percebi que se hoje é feriado, eu não dei por nada. O 1.º de Maio cá em casa foi vivido na sua verdadeira plenitude, isto é, a trabalhar. E por conta de outrém! Dá de mamar, põe a arrotar, troca fralda, muda a roupinha...
Sinceramente, eu não precisava de um dia do trabalhador. Preciso é de uma revolução que me liberte da escravatura que é cuidar de um bebé. E antes que fique com remorsos por estar a dizer estes disparates, fica a ressalva: não trocava o meu quase-papel de Margarida do "Conta-me como Foi" (RTP) por nada deste mundo. Tratar da Mini pode cansar, mas é muito bom.
As doenças impressionam-me muito. As dos filhos e das mães, especialmente. Na segunda-feira a Fernanda Serrano anunciou que tem cancro da mama e que se está a tratar. Só a conheço-a profissionalmente, mas isso basta para me sentir tocada pela sua história. Pior, ao lembrar-me que ela tem um filho de três anos e uma miúda com 4 meses não pude deixar de pensar que isto é a repetição de um filme mau que vi há três anos (e nessa altura em alguém que não conheço só profissionalmente).
O que quero dizer é que isto me toca sempre. Só posso imaginar (e mal) o que passa pela cabeça de uma mãe doente e oferecer a minha solidariedade. É pouco, eu sei. Para mais uma pessoa tenta dar força, mas não pode deixar de pensar: porquê esta pessoa de quem gosto? Haverá alguma maneira de fazer isto bem?