Cansei-me de dar más notícias, por isso o espaço que se segue pretende apenas dar conta de coisas boas, porque a Madalena está muito mais arrebitada.
Primeiro tiraram-lhe o ventilador, depois puseram-na ao nosso colo (na verdade, só eu é que usufruí desse privilégio na segunda-feira) e ontem começou a mamar (e o papá já esteve com ela ao colo um tempão). Eu sei que ela continua no hospital e que continuam sem me dizer quando é que ela sai, mas agora pelo menos tiram-lhe fios. Antes, chegava e tinha sempre mais uma porcaria qualquer atada à volta dela.
Isto ainda está longe de ser perfeito, mas é um orgulho poder dizer que finalmente lhe demos banho e até a vestimos. Ou mais ou menos, porque aqui entra a parte cómica (sim, já há uma parte cómica). Depois de tantos dias seguindo as tendências de Adão e Eva, esquecemos que algum dia seria preciso ter roupa e ela só tinha um barrete verde e umas meias a condizer. Resultado: depois de arranjada com este modelito impressionante parecia um duende. Mas ficou linda na mesma. Porque ela é linda.
31 de Janeiro é o dia da Madalena. E o mais feliz das nossas vidas. Uma quinta-feira gloriosa, que tinha planeado, e planeio, descrever ao pormenor para que a nossa filha saiba tudo o que puder sobre o dia em que nasceu: A anestesista que parecia uma esquiadora polaca, a epidural, as cuecas descartáveis (esta é memorável!), como ela não queria sair, como foi tudo tão rápido e como este foi dia mais feliz da minha vida. Mas vou deixar depois, porque o seguinte foi o mais horrível que já vivi.
Passámos a noite com ela e depois, na hora do banho, às 9h00, acharam que a Madalena não estava bem. E não estava mesmo. E foi assim que nos separámos da nossa filha. Primeira era apenas precaução, depois tinha ar na pleura, finalmente hipertensão pulmonar. E assim, enquanto o diabo esfrega um olho, a nossa menina ficou cheia de fiozinhos e começou a tomar remédios como gente grande. Não consigo descrever o que senti, e sinto, quando a vejo ali deitada na incubadora. Pior se me lembrar que vim para casa sem ela.
De segunda até hoje temos andado uns dias mais cima, outros mais na mesma. O que, dadas as circunstâncias, já é bom. Tudo isto leva tempo. É preciso calma e paciência. Repetem-nos isto 100 vezes ao dia. E nós acreditamos. Um passo de cada vez.
PS: Obrigado a todos pelos vossos telefonemas e mensagens. Não imaginam como têm sido importantes.