O hino
Os Deolinda fizeram quatro concertos nos coliseus. Apresentaram uma música nova - 'Parva que Sou' - que está a entupir os blogues e o Facebook de comentários e links. Fala disto de ser uma geração sem trabalho fixo. Sem rede. Que vive pior. Estou de acordo com tudo. É verdade, vivemos pior. Os pais continuam a ter de nos oferecer bons presentes de aniversário. Ajudam com as compras no supermercado. Oferecem roupa. Nós viajamos mais e somos mais cultos e nada. Não temos melhores ordenados nem mais tempo nem mais satisfação. Nem todos, claro. Mas uma parte. Alguns que até nem trabalham a recibos verdes. Achava que isto era tudo conversa de coitadinhos quando me pus a pensar em mim e no meu grupo de amigos mais próximo. Onde está a nossa independência? A nossa independência real? Perversamente, os Deolinda passaram a viver da música, coisa que não faziam há dois anos quando a Ana Bacalhau era arquivista. Acho que o António Guerreiro (Ao Pé da Letra, suplemento 'Atual', 'Expresso') é que tem razão: O progresso não existe. Faz parte dessas metanarrativas que nos inventaram. E agora vamos ter aprender a viver com essa descoberta.