Parecendo que não, ser jornalista é difícil
Veja-se este assunto, um dos mais difíceis de ser jornalista: devemos ou não publicar imagens de mortos? Geralmente, do lado dos tablóides, aposta-se em mostrar tudo. Do lado dos jornais de referência, no não exibir esse tipo de fotografias. Houve uma altura em que era bastante (mais) fácil tomar uma decisão porque o que se via era o que os meios de comunicação mostravam. Entretanto, vieram as redes sociais. E mudou tudo. Porque podemos não ver mortos no El Mundo mas vamos ver um vídeo dos acontecimentos no mural de um amigo que partilhou do amiga da prima de um tio de uma pessoa que estava lá. É incontrolável e muda completamente a nossa perspetiva. A minha, pelo menos. Isto vem a propósito da capa do El Pais. É chocante ou é a equivalência à da carnificina? É sempre preferível sermos poupados a este espetáculo mas não será importante num caso destes vê-lo? Outro tema é a replicação destas imagens nas nossas redes sociais. As autoridades catalãs pediram que não fosse feito e concordo. É uma medida de higiene para não se amplificar o que vira um circo de horrores a favor dos terroristas. É bastante diferente do que pode fazer um jornal, que enquadra, noticia e edita a Informação que nos faz chegar. São linhas ténues, bem sei, mas acho que facilitam o caminho. Também há um debate super interessante neste caminho? Devemos noticiar atentados? Eu acho que sim, vamos fazer o quê? Sonegar informação? No entanto, não será que devemos tratar os alegados terroristas mais como criminosos e menos como gente que é guiado por algum motivo maior? Eles chamam-lhe daesh e o califado de não sei o quê, mas imaginemos que a todos nós que nos sentimos infelizes com alguma coisa nos dava para pegar em carros e atropelar gente?