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Quem sai aos seus

Um blogue para a Madalena, para a Teresa e para a Francisca.

Halloween e Pão por Deus

Deixei de tentar agarrar o vento com as mãos. Gostam do Halloween, não posso (não quero) contrariar, mas dói-me na alma que uma tradição tenha conseguido ultrapassar um oceano, enquanto outra, que lembra uma das maiores tragédias que aconteceu aconteceu à capital deste país -- o terramoto de 1755 -- esteja a ficar esquecida e nunca tenha conseguido saltar fronteiras de um concelho. É isso... todos os anos a mesma conversa, todos os anos a mesma tristeza. Felizmente, este ano de novo feriado.

Obras em Lisboa. Outra vez...

"As obras em Lisboa são sim, uma grande chatice. (...) Porque não fazem algo mais pertinente como arranjar passeios, alcatroar todas as ruas, limpar e melhorar a sinalização, alindar jardins, arrumar e limpar caixotes do lixo, contratar varredores, pintar o tracejado nas ruas... Tanta e tanta coisa mais pertinente que isto que o Medina decidiu fazer. Era o que bastava para ficarmos com uma Lisboa mais limpa e mais arrumada", escreveram-me nos comentários ao post em que falo das obras em Lisboa.

Agradeço que tenha dispensado alguns minutos a comentar e ainda que me custe responder a uma pessoa que assina CrocDundee, gostava de dizer-lhe que também sofro com as obras e a desorganização que vai pela cidade, que já evito ir à Expo e outras coisas que tais, mas isso é o de menos. Isso é circunstancial. Dentro de um ano, é passado. Além disso, o seu comentário defende melhorar a cidade que existia, eu defendo que se faça uma nova cidade a partir do que já existe. Até pode parecer o mesmo, mas não é.

A mais importantes das razões para defender Medina neste projeto é esta: devolver a cidade às pessoas. É verdade que nos últimos 50 anos passámos a acreditar que a cada pessoa corresponde um carro e que isso é tão natural como a sua sede, mas na minha visão da cidade não é, e, pelos vistos, nesse departamento, o presidente da câmara e eu estamos em sintonia. Menos carros, mais proximidade, mais vida de bairro, mais comunidade.

3 ou 4 coisas que me andam a passar pela cabeça

1. Obras em Lisboa. É uma chatice? É. A cidade estava a precisar? Sim. Então, vamos lá a chorar menos e a ter um bocadinho mais de paciência. Estaleiros no meio de uma capital são inevitáveis se queremos que esteja cuidada. Admito que são muitas, mas ainda bem, porque se fosse apenas no Cais do Sodré os queixinhas do costume iam fazer o seu papel e os restantes habitantes continuavam sem jardins. Assim, olhem, toca a todos. E que lindo, que lindo, que maravilha que vai ser ter um bebé de carrinho e poder ir passear com ele para a 24 de julho.

2. António Domingues na Caixa. O caso é uma séria obsessão do ECO, e está a tornar-se num quebra-cabeças para mim também. Por um lado, realmente eu também acho que o presidente de um banco tem de ser bem pago, mas irrita-me um bocado que isto seja sempre visto a preto e branco. Um salário só é alto se os outros forem baixos. Pergunta: são? Os salários dos outros funcionários são baixos? Quantas vezes a mais vai ganhar António Domingues do que a pessoa que ganha menos? Por outro lado, cansa-me esta conversa do "temos de pagar se queremos ter os melhores". Até parece que eu, que não tenho cargos de responsabilidade, posso fazer uma porcaria de trabalho porque a mim não me vai pagar para ser a melhor. Ou que isso é tolerável. Outra coisa: apesar de Paulo Macedo, muito bem pago, e merecidamente bem pago pelo trabalho que fez nos Impostos, temos tido muito más experiências com isso dos "melhores". Leiam o que diz o meu diretor sobre este assunto: "Bastava ter marcado claramente os objetivos e os prémios a distribuir por objetivos concretizados". Além disso, desculpem lá a apreciação superficial ao currículo do senhor, mas até parece que é assim tão bom. Onde é que eleestava quando escolheram presidentes para o Santander, quando o Horta Osório foi para o Lloyds ou quando foi preciso um gestor para o Novo Banco? Tão bom que é e, no entanto, não me lembro de ouvir falar dele em outras ocasiões. Se calhar, sei lá, isso dos melhores é sempre muito relativo.

3. Maria Leal. Estarei a perder qualidades, e até acho graça à explicação sobre o verso "entroncamentos sem fim", mas humor, humor, o que se diz humor, não encontro. Só miséria mesmo. (E vendo a entrevista também ia uma salva de palmas para a pessoa que pensou "é a Maria Leal, vamos pô-la aqui no meio de umas cadeiras, para quem é bacalhau basta". A Maria Leal pode ser rísivel, mas a escolha do enquadramento foi do quem lhe fez a entrevista).

4. Pais que só querem que os filhos sejam felizes. Ando a pensar nisto quase desde que a Madalena nasceu (e ainda me hei de debruçar com tempo no assunto), mas, por favor, que praga é esta? Encontrem-me um pai ou mãe que algum dia tenha querido que os filhos sejam infelizes. Todos os pais querem que os filhos sejam felizes. Mas isso é um conceito tão vasto quanto o próprio universo. Quase tão superficial como a treta do "ama-te a ti próprio" do Gustavo Santos. Basta já de gente que nos vem dizer que somos todos e cada um de nós o centro do mundo e que as nossas escolhas são sempre as mais importantes e que temos de nos respeitar, e blá, blá, blá, whiskas saquetas... Basta!

Talvez não esteja a fazer tudo mal

A minha filha mais velha a queixar-se de uma distribuição de cadernetas à porta da escola:

- Mãe, imagina, só nos deram estes "cartões" [ar de desprezo], não nos deram a caderneta dos abatons. Só porque somos raparigas...

Talvez as coisas estejam mesmo a mudar...

Como casar com estilo? A Vânia e o marido explicam

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Vânia casou-se, e fez a festa do ano. Foi como se estivesse nas cenas finais de uma comédia romântica. Aquele momento em que tudo é bom. Os convidados sorriem, os mais velhos deixam cair uma lágrima, as crianças estão impecáveis, a música toca e os protagonistas dizem "I love you".

Foi tudo perfeito!

Sónia e eu fomos, estrada fora, qual Telma e Louise, até ao local de casamento, perto da Nazaré. Abrimos a capota à entrada, porque a minha amiga não queria ser a Bridget Jones, e esta foto criou a ilusão de que fizémos uma viagem longa com os cabelos ao vento e mesmo assim chegámos com eles intactos. 

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 Parêntesis: Foi graças à Sónia que decidi ir fazer qualquer coisa com o cabelo. Nem me tinha passado tal coisa pela cabeça quando ela diz "tenho cabelereiro às 11.00". Ah! Então é isso que fazem as senhoras nas festas? Arranjam-se com coisas extra! Então, também eu marquei às 11.00 com a cabeleireira Ana. É preciso dizer que valeu muito a pena. Pelo menos na minha cabeça. Com a trança apanhada, eu já não era uma senhora que ia trabalhar para o banco, que é o que me parece sempre que visto umas calças pretas e uma camisa com "coisas", mas uma rapariga que se  podia apresentar num casamento com dignidade.

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Na definição da Sónia, chegámos ao local do casório à Gandalf: nem tarde nem cedo. Depois da hora marcada, mas antes do início da cerimónia. A noiva fazia um compasso de espera dentro de um carro antigo, romântico, lindo. O vidro só descia até meio, que é exatamente o que acontece nas comédias românticas quando a miúda desaparece no táxi. Estava magnífica. A maquilhagem dava aquele filtro meio desvanecido em que a pessoa parece um sonho. Estão a ver qual é? Era assim que estava.

Então, tomámos o nosso lugar, entre os pinheiros, ao ar livre. Primeiro chegou o noivo. Logo ali, é preciso dizê-lo, comecei a sentir os olhos molhados quando o vi atravessar aquele corredor de braço dado com a mãe. Há sempre qualquer coisa nesse momento que me põe os nervos em franja. A vida toda que passa diante dos nossos olhos naqueles segundos. O que foi preciso acontecer para chegar aquele dia? Felizmente, ia munida de um pacotinho de Renova! E pensei: Lina, mulher, tu recompõe-te que ainda falta a Vânia. E, pronto, ela lá chegou de carro, com uma música super especial do Twilight a tocar. Não por ser moda, mas por ser mesmo especial. A noiva, incrível, de braço dado com o pai, sorridente, e eu a fazer de conta que não era nada de especial, porque se me ponho a pensar bem nestas coisas choro até me doer a cabeça. E a luz? Eles cintilavam. Era uma luz de final de comédia romântica! Estamos a ver aqui claramente um padrão, certo?

Depois entramos no "Madagáscar", aquela parte dos casamentos em que os noivos mantêm a compostura e os convidados parecem animais que escapam do zoo: o copo d' água em si.

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A meio do jantar, a Vânia começou a distribuir presentes pelos convidados. Ou, como lhe chamo, o meu acompanhante na viagem de regresso a Lisboa.

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Este saco de chita, e outros (todos), foi feito pela mãe da Vânia, o que é só por si uma extavagância nos dias que correm. Continha um bolo em forma de ferradura, algo que as noivas de antigamente faziam para os seus convidados, segundo explicou. Como detalhe da festa, achei que era tudo o que eu gostaria de ter numa festa de casamento se fosse eu a noiva. Não sei se consigo explicar melhor o quanto me parece uma ideia maravilhosa.

Comi um bocado do bolo no caminho para casa, sozinha na auto-estrada, enquanto imaginava as coisas horríveis que podiam acontecer se tivesse um furo naquele segundo e me congratulava por ter sido tão sensata e não ter levado as crianças. Senti terríveis saudades delas sensivelmente até às 21.00, porque teriam adorado correr entre as árvores, o vestido da noiva, comer doces, dançar e estar num sítio diferente. Mas quando as crianças dos outros começaram a acusar o sono lembrei-me perfeitamente da razão por que tinha decidido em julho que iria sozinha. Era claro que o casamento ia coincidir com o Orçamento do Estado e o lançamento do ECO, o António não poderia ir. Então, não quis levar as crianças, passar um dia inteiro preocupada com elas e ainda fazer duas horas de viagem de regresso. Claro que me diverti muito mais assim. Não vale a pena dizer que não...

Diverti-me tanto que apesar de já terem passado duas semanas, de já terem ido e voltado da lua-de-mel, ainda me rio quando penso naquele dia e ainda mostro fotografias às pessoas. Foi uma festa excelente e fico feliz por ter estado lá, por ter sido convidada.

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Estou numa cura de sono

A MJ goza-me e até já me whatsappeou às 23.00 com perguntas, porque me viu online. "Não devias estar já a dormir?" E estava! Só lhe respondi no dia seguinte. Portanto, estou numa cura de sono. Deito-me entre as 22.00 e as 23.00, geralmente com o cumputador em cima de mim (é a nova vida das pessoas de 40 anos) e o objetivo é, dentro de pouco tempo, conseguir acordar às 06.45 cheia de estamina e energia sem despertador. Ou acordar às 06.45 cheia de estamina e energia, mesmo que seja com despertador. O que quero é dormir. Dormir muito. Só isso. Diz a pessoa que trocou todos os princípios e intenções por um jantar com amigas e chegou a casa à 01.00. Fraca... Fraca...

O Bob Dylan

É. É um choque. Um escritor de canções ganhar um Nobel da Literatura? Importa-se de repetir? Surpreendeu mais do que se Bono Vox levasse o da Paz. E podia. Ainda pode. Mas, pelo menos desta vez, a gente sabe de quem se fala. Sabe quem é, mesmo conhecendo pouco, como é o meu caso. Felizmente, nas últimas 24 horas fizemos um curso intensivo de Dylanismo. 

Fiquei a saber que afinal se chama Robert Zimmerman e o Thomas foi buscá-lo ao Dylan Thomas, o que torna menos parva aquela comparação que é feita no filme (filminho) Mentes Perigosas (aquele em que a Michelle Pfeiffer é uma 'stora' fixe que resgate uma bando de pré-delinquentes da marginalidade à base de literatura).

Tem 75 anos. Já tem 75 anos. Pensei que ia nos 50 e poucos, mas é aquela ilusão... O tempo passou também por ele. 

Faz muito mais parte das nossas memórias do que podia imaginar. Por exemplo, é ele o autor de "Knockin' on heaven's door", descoberta via Guns 'N Roses nos anos 90. 

Percebi que se tem fartado de escrever, e publicar. Há muita obra editada por aí, até traduzida. Até um livro de canções editado pela Relógio d' Água, que é aquela editora que está a ter um ano de glória (são os mesmos que editam Elena Ferrante). 

É refrescante saber que o podemos ouvir imediatamente no Spotify ou no Youtube e que não temos de esperar que as editoras ponham de novo os livros em circulação. Vale a pena lembrar que nos últimos anos, o vencedor tinha sido editado há mil anos, já não havia livros em circulação ou não estava sequer traduzido. Só para vincar que isto da literatura é muito mais aleatório do que possamos imaginar. Autores considerados incontornáveis pela Academia Sueca não estavam disponíveis sequer para o mais erudito dos eruditos portugueses.

Depois, há que ver: já ganhou uma escritora de contos (Alice Munro), já ganhou uma jornalista (desejo muito lê-la e não vou repetir no nome) e agora um escritor de canções. É a diversificação.

Sou sensível ao que dizia ontem o escritor Bruno Vieira Amaral: outro escritor de canções de língua não inglesa poderia ganhar? Uma colega diz que sim. Jacques Brel podia ganhar. Nunca saberemos. 

Há mais críticas ao prémio: seria mesmo necessário dar a um músico que é já sobejamente reconhecido? Bom, e quando não é (já aconteceu) torcemos o nariz às "descobertas" da Academia Sueca. 

Não há volta a dar: o prémio está entregue e a escolha, criticável como tudo, é defensável, como se percebe nesta tradução que a editora disponibilizou ontem. 

Como Uma Pedra a Rolar

Era uma vez tu vestias-te tão bem
Atiravas um cêntimo aos mendigos no teu apogeu, não era?
As pessoas avisavam-te, diziam: «Cuidado boneca, olha que vais cair»
Pensavas que te estavam todos a gozar
Costumavas rir de
Toda a gente que andava por ali
Agora não falas tão alto
Agora não pareces tão orgulhosa
Por teres de andar a cravar a próxima refeição.

Que tal é a sensação
Que tal é a sensação
De se estar sem lar
Como um perfeito estranho
Como uma pedra a rolar?

Andaste na melhor escola, tudo bem, Miss Solitária
Mas sabes que lá apenas te espremiam
E nunca ninguém te ensinou a viver na rua
E agora descobres que vais ter de te habituar a isso
Dizias que jamais te comprometerias
Com o vagabundo mistério, mas agora dás-te conta
Que ele não vende nenhuns álibis
Enquanto pasmas para o vácuo dos seus olhos
E lhe perguntas queres fazer negócio?

Que tal é a sensação
Que tal é a sensação
De se estar por sua conta
Sem um caminho para casa
Como um perfeito estranho
Como uma pedra a rolar?

Nunca te viraste para ver os cenhos franzidos dos malabaristas e dos palhaços
Quando todos eles se chegavam e faziam habilidades para ti
Nunca percebeste que isso não é nada bom
Não devias deixar os outros divertirem-se por ti
Costumavas montar o cavalo cromado com o teu diplomata
Que trazia ao ombro um gato siamês
Não é duro descobrires que
Ele realmente não era o máximo
Depois de te levar tudo quanto pôde roubar

Que tal é a sensação
Que tal é a sensação
De se estar por sua conta
Sem um caminho para casa
Como um perfeito estranho
Como uma pedra a rolar?

Princesa no campanário e todas as pessoas bonitas
Bebem, pensando que têm o sucesso garantido
Trocando toda a espécie de prendas e coisas preciosas
Mas era melhor que fanasses o teu anel de diamantes, era melhor que
o pusesses no prego, querida
Costumavas ficar tão divertida
Com o Napoleão andrajoso e a linguagem que ele usava
Vai ter com ele agora, ele chama-te, não podes recusar
Quando não se tem nada, não se tem nada a perder
Agora és invisível, não tens segredos a esconder

Que tal é a sensação
Que tal é a sensação
De se estar por sua conta
Sem um caminho para casa
Como um perfeito estranho
Como uma pedra a rolar?

--

Em música é assim, e é muito bonita. Nunca esquecer - Dylan é belo. 

 

 

 

 

 

 

 

Pode ser-se pró-uber e pró-táxi? Ao mesmo tempo?

Tenho pena de não me conseguir juntar ao coro de pessoas que nunca mais vai andar de táxi. Tenho pena, mas não posso. A minha aplicação da Uber não funciona. Não funciona por minha culpa (introduzi mal um dado), mas a coisa caricata é que não há maneira de resolver. Um mail veio para trás, o formulário só teve resposta hoje e só vi jeito de a coisa se resolver quando me queixei no Twitter. Lá me ajudaram um pouco (antes a morte que ficar falado nas redes sociais), mas não o suficiente. E se me conhecessem melhor sabiam que sou alérgica a esse género de empresas que só se mexem quando lhes podem danificar a imagem. 

Da meia dúzia de vezes que experimentei o serviço, quando a aplicação funcionava, apanhei dois totós - educados, muito educados, mas muito totós. Não faziam ideia onde estavam. Mas isto quer dizer que vou deixar de usar o Uber? Não. A não ser que eles não me ajudem a arranjar a aplicação. E quer dizer que desisto dos táxis? Não. Quer apenas dizer que usarei cada um deles conforme a minha conveniência como todos os consumidores fazem e nem sei por que raios esta história se está a transformar num Sporting-Benfica. Se preciso de um carro rapidamente levanto a mãozinha, mas se vou a um jantar chamo o uber - vem à minha porta e, para já, se há coisa que têm é carros limpos. Limpos e novos. E não exijo carros novos, mas um pouco de asseio cai sempre bem. E aos ubers também lhes caía bem terem mais formação, fazerem o curso de condutor profissional e passar fatura imediatamente, em vez de ser preciso um requerimento. Tal como pagar os impostos que lhes são devidos e em Portugal. Porque, vá lá, não vou pagar como se estivesse no estrangeiro. 

Ver um conjunto de boçais no aeroporto, ameaçando o país de porrada se não fizerem o que eles querem não me impressiona nada. O governo não tem de ceder a parvoíces e eles têm de aceitar a concorrência. Mas, é verdade, têm direito a uma concorrência justa e, portanto, por mais que custe, merecem ser defendidos. Merecem-no até quando abanam carros de ubers ou os chingam em bombas de gasolina. Tenha pena que o façam, parecem uns animais, mas, lá está, a lei quando nasce é para todos. Podemos fazer de conta que não está a acontecer, mas está. Talvez seja melhor aceitar a realidade. Apanhar o vento com as mãos é inútil. Mas também não me impressiona nada o estilo bem falante do diretor da uber. Num fórum da TSF, a propósito da última manifestação, deixou bem claro, pela inexistência de resposta, que a formação dos condutores não existe. 

Felizmente, não precisamos de ser pró-uber nem pró-táxi. Só pró-sensatez. É desse lado que me apetece estar.

 

 

Nasce o ECO


A partir desta segunda-feira, dia 10, há mais um título para ler. O ECO. Economia online no endereço mais simples de que há memória: www.eco.pt.

 

Posso falar da grande alegria que isso me dá como jornalista. Mais vozes, mais pluralismo, mais democracia. Tão simples. Tão poderoso. Tão bom. 


 

Posso falar como mulher do António. Ele é Jornalista (e a maiúscula é intencional). Viciado em notícias, viciado em saber como se faz melhor jornalismo. Não conheço outra pessoa que se preocupe tanto com este assunto como ele. E também não conheço pessoa mais sem medo de confrontos. 

 

Mas é enquanto mãe da Madalena, da Teresa e da Francisca que deixo registo para memória futura. Hoje é um dia muito importante para elas. Um dia, dentro de muitos anos, as nossas filhas vão poder dizer que o pai pensou um jornal e conseguiu torná-lo realidade. Isso é fantástico, e bastaria. Mas há mais. Este jornal, que nasce porque muitas pessoas acreditam que é possível, existe para vender jornalismo fazendo jornalismo, e não foi propriamente um passeio no parque chegar até aqui. Mas aqui está. Todos os propósitos do ECO são nobres e é isso que me importa. Mais do que orgulho, sei que podem ver no pai um exemplo. Um exemplo extraordinário. 

Gostava muito de blogar, mas o meu diretor não me deixa #3

Andei pelo MAAT, o novo Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia, ali em Belém. 

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Crédito: Paulo Alexandre Coelho/MAAT

Entrevistei a arquiteta, Amanda Levete, no sábado. É preciso dizer que ia morrendo dos nervos por ter de falar em inglês com uma pessoa que tem o idioma de Shakespeare como língua materna num momento tão importante. Ia morrendo porque pensei que a entrevista não se ia dar. Ia morrendo porque ela tinha acabado de fazer um edifício espetacular e merecia perguntas espetaculares. Ia-me cainda o cabelo do stress.

Queria tanto impressioná-la, que assim que cheguei meti a pata na poça. LITERALMENTE. Andava linda e formosa pela relva quando enfiei um pé num buraco cheio de lama, pelo que fui entrevistá-la com um ténis todo porco e as calças sujas. 

Ainda assim, valeu a pena. Valeu mesmo. E percebo todas as muitas, muitas pessoas que usaram a folga do feriado para irem ver. Ouvi numa reportagem na TV que foram 15 mil e fiquei feliz. Pensei: que maravilha que é abrir um museu novo, desenhado por uma arquiteta do caraças, um edifício super diferente de tudo o que estamos habituados e tanta gente querer ir ver. Pensei nas pessoas que foram com os filhos e no serviço que lhes prestaram: um dia alguns vão ser arquitetos e vão poder dizer que viram aquele edifício quase vazio no dia em que abriu. Um dia vão ser artistas e vão poder dizer que conheceram ali a artista Dominique Gonzalez-Foerster. Pensei no grande sentido noticioso de todos os que ali estavam. Porque oportunidade de viver um dia histórico só havia uma. E foi na quarta-feira. 

 

 

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