Ainda ontem aqui cheguei e 40 anos já cá cantam
Passei seis meses (ou oito, vá) a pensar no queria para os 40 anos. 40 anos. É uma data especial. Especialmente quando a pessoa nem se sente com 40 anos. A sério. Não mesmo. Hello? Ainda ontem estava em casa trancada sem carta, a ir de autocarro para a escola. Como é que cheguei aqui? Como é que cheguei a ser adulta. Não há hipótese. Uma pessoa pode ser uma jovem de 30 anos, segundo a perspetiva. Mas aos 40, há que assumir a coisa. É-se adulto. Mesmo que agora já se possam usar ténis de miúda sem remorsos e sem achar que se vai parecer ridícula. Aliás, parece que até a moda está do meu lado: uma pessoa mais velha precisa de sapatos confortáveis. Stan Smith são as novas Dr. Scholl.
Portanto, só para voltar ao início, metade do ano estive em reflexão, chamando a mim a depressão, em todas as viagens de autocarro até ao marquês de Pombal, elencando mentalmente tudo o que ficou por fazer e já não vai mudar. Onde está esse trabalho no New York Times, as reportagens na Síria, as pessoas incríveis que eu ia conhecer em pequenas aldeias da Provença e de Itália, o Porsche Panamera, o meu 1,80 m e os meus 35 quilos? E, depois, à medida que a data se aproxima, uma pessoa cai em si e enfrenta a realidade com a sageza que só a idade dá: a vida é o que é e não vale a pena dar muitas voltas. Estamos juntos, temos saúde, está tudo ok. Acho que resumi bastante bem a coisa algures por aqui.
Então, estava na hora de partir para a diversão. E como é que uma pessoa se diverte em junho? Arcos, balões, sardinhas, bifanas, pimentos assados e sangria. É tudo o que é preciso.
Aqui não parecemos muito animados, mas só porque Portugal ainda não tinha feito o golo da vitória contra a Croácia. Se bem, já havia alguém a dar-lhe na sangria... Please!
Claro que esta-aqui estava com os nervos em franja, quase a precisar de uma injeção de ketamina para aliviar. Mas, bom, nada que não se tivesse resolvido.
My baby!
Mala e écharpe oferecida pelos amigos. Para o caso de alguém pensar que é uma carteira da Parfois, fica a dica. Começa por L e acaba em Onchamp e era uma das minhas preferidas vai para séculos.
Havia fotos melhores, mas escolhi esta porque diz exatamente o que estava pensar naquele momento: "manda cenário". (Sei que se esperava algo mais elaborado de uma pessoa de 40 anos, mas, sinceramente, é linda. (Não nos separámos desde então).
Claro que tinham de me pôr a chorar. C#$%&%!
Quase não bebi. Estive sempre a servir as outras pessoas. ;)
Entretanto, uma coisas a dizer sobre a entrada nos 40 e da qualidade dos amigos que tenho é que ninguém se lembrou de cantar "A Ternura dos 40". Estou-vos eternamente grata.
Além de tudo, foi uma noite muito proveitosa. Por exemplo,
. Uma amiga que vai ter o terceiro filho.
. O meu amigo Ricardo contou-me que lhe tinha acontecido uma coisa extraordinária.
. Soube que mais uma revista ia ficar sem diretora. Entretanto, já tem de novo.
. Continuo a gostar de um bom romance secreto.
. Vou ter uma despedida de solteira.
. Vou colar-me à "piscine" de alguém.
Este é aquele momento em que gostaria de fazer uma frase sentida de apreço pelos amigos. Infelizmente, todas as declarações de amor são ridículas e não consigo ultrapassar a vergonha. No entanto, é preciso dizê-lo: senti-me feliz no sábado à noite e isso deve-se aos meus amigos. Adorei.