Algo como isto aconteceu hoje: apanhei o fim de uma pequena preleção de uma pessoa que representava uma universidade do norte deste país. Ele instava os alunos a terem cuidado com as redes sociais, sobre as quais já se fazem doutoramentos nos EUA (imagine-se!) e alertava os pobres estudantes para este tenebroso facto que é aquilo que escrevermos poder ser lido pelos nossos futuros empregadores. Mais: que aquilo que escrevemos será um dia bagagem que vão carregar o "encontro dos vossos espermatozóides e dos vossos óvulos". Juro que ele usou esta expressão. Em primeiro lugar, era bom, talvez, refletir sobre a necessidade de usar esta expressão para dizer "os vossos filhos". Refletir, ponto final. Não é preciso sermos puritanos, um discurso público até deve ser sexy, gracioso, captar a atenção, mas, não posso deixar de notar a ironia de tal fraseser proferida por uma pessoa que acha que devemos ter cuidado com o que escrevemos. Permitam-me uma observação à bruta: quem diz bujardas destas naturalmente tem que se preocupar com o que deixa registado nas redes sociais.
Mas vamos ao cerne da questão: devemos ter cuidado com o que escrevemos nas redes sociais sob pena de sermos penalizados? Sim, devemos. Devemos não insultar as pessoas, devemos respeitar os outros e as demais regras da urbanidade que, relembre-se, existem desde que existe escrita e não desde que existe Facebook. Um marciano chegava agora à Terra e ainda acreditava que a Internet foi o primeiro meio de comunicação do Homem!
Sim, acredito que podemos ser penalizados por expressarmos as nossas opiniões. Mas queremos mesmo ser contratados por quem não partilha as nossas ideias? Não devemos responsabilizarmo-nos pelas nossas ideias e pelas coisas em que acreditamos? Em primeiro lugar porque são o que pensamos e depois, que se saiba também podemos um dia mudar de opinião. O mais importante, como disse um dia Pacheco Pereira numa conferência a que assisti, é que "os nossos atos batam com as nossas palavras".
O que se passa é que isto já nem é a cultura do medo, é espalhar a ideia de que o que é bom é ser sonso. Parece que o que é bom é sermos aquele tipo de pessoas que estão nas redes sociais a cuscar tudo o que outros fazem, e a interpretar todos os seus atos, fingindo-se de mortas. Não, não é esse o tipo de vida que quero.
Sim, conheço várias pessoas que, para o meu gosto, pisam o risco no Facebook (ofendem os outros com as suas generalizações, por exemplo), mas mais faz mais falta um "maluco" destes do que 100 pessoas a fazerem de conta que não existem.
Mas, sobretudo, e isso era a principal coisa que aqui me trazia: de uma vez por todas, sejamos donos das nossas opiniões.
Desde que o "running" se tornou moda, uma pessoa não se pode virar sem ler qualquer coisa sobre "como começar a correr". A este propósito, gostava de dizer que uma coisa é desejar correr, a outra é querer mesmo correr. Se todas as pessoas que me dizem "tenho de ir correr contigo" o fizessem, teria mais gente atrás de mim do que ratos teve o flautista de Hamelin. A verdade é esta: quem quer mesmo correr, corre, não precisa de nenhum tutorial. Põe as calças de fato de treino, calça os ténis e faz-se à estrada. É isto e não se deixar levar por aquela coisa de "parece que vou morrer ao fim de 5 minutos". Os primeiros 5 minutos são sempre os piores. Aposto que uma pessoa pergunta à Rosa Mota e ela dirá o mesmo. O outro conselho abominável que mais vezes encontro é: procure um sitio plano. Não, não procure nenhum sítio plano. Não se meta num carro, conduza durante não sei quanto tempo, procure um sítio para estacionar e depois, então, vá correr. NÃO! A maneira mias simples é sair de casa e correr. É uma subida? Excelentes notícias: no regresso é uma descida. E se esse trajeto for feito a andar, também não estou a ver qual é o problema. Tenho quase a certeza que não virão os agentes da autoridade para prender. Finalmente, a velha questão do aquecimento. Importantíssimo! Sem dúvida. Mas quando saio depois de ter dados pequenos-almoços, estendido roupa e apanhado 700 pequenas peças de playmobil do chão, tenho quase a certeza que estou quente o suficiente. E, pronto, e agora deixa-me ir que tenho uns km para fazer.
Sexta-feira foi, então, a festa da Inês. Havia tema: Galdérias & Fardas. Eu resisti e resisti. Primeiro, a mascarar-me, depois a ir de galdéria, mas lá me pus no papel e ainda bem, porque foi ÉPICO. Tão épico que só recuperei totalmente ontem.
Uma das fotos que mais gosto:
Como se pode perceber pelo exemplo supra, houve muita variedade de galdérias e fardas.
Eram 04.00 da manhã quando entrei em casa, diverti-me como há muito tempo não me divertia, a música estava para lá de espetacular e esta coisa de estarmos mascarados e a tudo acrescentarmos a palavra marota dá-me muita vontade de rir. Um dos momentos que guardarei para sempre na minha memória é ver chegar uma das enfermeiras sexy com o casaco do pirata. Impagável!
Quando digo que só recuperei ontem não é exagero. No sábado à noite fomos a outra festa, e outra festa com tema: anos 20. Era o único tema possível tendo em conta o local - um palacete muito Great Gtsby.
Conheço-a há mais de metade da minha vida. Conheço-a desde os tempos em que ela tinha todos os seus órgãos internos, desde os tempos que a nossa vida era uma depressão juvenil (e uma festa também), dos tempos em que íamos ao teatro no dia do teatro porque tínhamos estado na fila uma hora ou duas para conseguir bilhetes à borla ou em que ela me dava com o "Público". Conheço-a das aulas e conheço-a dos tempos livres. De irmos na passagem de ano para o Marco [de Canavezes]. De quando ela não bebia um pingo de álcool.
Ela foi a primeira pessoa a visitar-me em Barcelona. Ela é responsável por ter encontrado esse trabalho. Ela disse-me para ir a casa dela, a primeira casa com o namorado (uau! foi tão importante), naquela sexta-feira, dia 14 de fevereiro, o dia que ela tinha guardado para celebrar o 27.º aniversário. Ela apresentou-me aquele rapaz de camisa branca e calças de ganga escuras e cabelo meio comprido com quem fiquei até ao fim da festa e de quem me despedi na rua da escola onde hoje andam as nossas três filhas. Uma delas, a Teresa, é a sua afilhada. A minha amiga Inês faz 40 anos. Temos muitos motivos para celebrar.