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Quem sai aos seus

Um blogue para a Madalena, para a Teresa e para a Francisca.

Teresa 5.0

Não querendo abusar dos lugares comuns, mas sendo obrigada a fazê-lo, nas férias as crianças crescem mesmo a olhos vistos. Quando partimos a a Teresa calçava o 25, a meio queixou-se que os ténis estavam apertados. Mais do que os pés, a cabeça cresceu. Tem opiniões sobre tudo, defende-se, argumenta. É dramática sempre que pode e como boa filha média, sofre por uma falta de atenção que julga não ter. Achamos-lhe muita piada:

Teresa - Você estão sempre a pensar coisas más de mim.
Nós - Que coisas?
Teresa - Sei lá. Vocês é que estão a pensar.

Cresceu. Decidiu que não come certos doces (iupi) mas, só para chatear, descobriu os rebuçados (buhhhhh). É capaz de preparar uma espécie de pequeno-almoço sozinha -- uma caneca de leite e uma fatia de pão.

Fomos aprender a andar de bicicleta. A frustração de não conseguir quase podia com ela. Chorou. Disse que não queria, que não lhe apetecia. Convenci-a. E a mesma pessoa que dizia que não queria, foi capaz de dizer "NÃO VOU SAIR DAQUI SEM CONSEGUIR". E conseguiu (incipientemente, mas conseguiu).

Até agora não tinha podido ter o seu próprio quarto. Havia sempre alguém a crescer mais ou a nascer. Desde há uma semana, é sempre a primeira a ir para a cama. Pede para ir dormir.

Havia que cuidar bem do quarto da princesa. Sabia que tinha de ter rosa, o resto foi adaptar ao que havia. E acrescentar um pormenor especial que vi na casa das gémeas e que achei que ia fazer a diferença (é preciso dar-me o desconto: o talento para a decoração é inversamente proporcional ao gosto que lhe tenho).

 

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 Quando lhe perguntei o que tinha gostado mais no novo quarto trouxe-me a andorinha de Bordallo Pinheiro. Foi o wedding gift de uns amigos que se casaram há cinco anos, dois meses depois da Teresa ter nascido. Faz sentido que fique com ela.

Achei tão gira a maneira como pegou na andorinha que lhe pedi que repetisse para tirar a foto.

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 Uma vez que parece ser a única que se interessa pela Hello Kitty estou a legar-lhe a coleção cá de casa.

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Faltava o toque final: o charriot carregado de disfarces, os cestos com colares, a maquilhagem.

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Primeira reação quando entrou no quarto: "os meus brinquedos?".
Segunda reação: passarem dois dias disfarçadas. Ela e as irmãs.
(O que significa que já está tudo num virote!)

Bom fim de semanaaaaaaaaaaaaaaaaa

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Atlantic: Caminhantes ao luar em Tijuana, México. Ontem.

Custou mas chegou. Dois dias de fazer nenhum. Ou quase. Suspeito que uns certos 6 mil caracteres ainda me vão atravancar o sábado, mas nada de stress. Aí estão dois dias para gozar a família, canções, vídeos, episódios de "A Teoria do Big Bang", o sol e a lua. Soa líricozinho, mas acho que é mais ou menos isto.

[E aproveitar para agradecermos a vida que temos quando lermos coisas sobre refugiados ou vermos imagens impossíveis. É seguir a seleção de fotos da Atlantic para chocarmos de frente com o imenso privilégio que é ser europeu, mesmo em condições difíceis. Se fecharmos os olhos e esticarmos a mão tocamos na balança da injustiça e vemos como pende. Aqui, resgastes para mantermos o consumismo a funcionar, do outro lado do mundo ordens para deixar os carros na garagem, fechar as fábricas e manter os céus limpos e, perto de nós, pessoas a fugir a uma guerra. Corrijo: pessoas cuja vida é tão má que não hesitam em submeter os filhos a atrocidades em nome de qualquer coisa que acham que será melhor. Quão baixas podem ser as expetativas?]

Descobri a casa dos meus sonhos...

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Localização ideal, o aspeto que gosto, piscina, afastada da estrada q.b., garagem para seis carros, elevador, vedação, terreno de 14 mil metros quadrados, lareira, churrasco e etc. Nem o preço -- 880 mil euros -- me demoveu. A casa perfeita tinha de ser cara, não é?

Demos voltas à cabeça a tentar descobrir onde seria aquela maravilha. E depois, quase como se fosse um sinal, dei de caras com ela nas minhas corridas. O aspeto é ainda melhor do que nas fotos. Simplesmente ideal. Uma vista espectacular para o vale, com o mar ao fundo. Era como estar no meu quarto em casa dos meus pais mas mais perto.

Depois li melhor.

A casa perfeita tem três quartos. Aliás, apenas três quartos. Dois são suites, um tem casa de banho partilhada. Foi um balde de água fria, seguido de revolta: que tipo de casa que custa 880 mil euros tem apenas três quartos? E porque raios dois têm casas de banho e o outro tem de partilhar o WC. E, já agora, partilha com quem? Não é que estivesse (pudesse) fazer uma proposta pela casa mas sonhar não custa. Fiquei tão lixada como se tivesse assinado a escritura.

E como de tudo se pode congeminar uma teoria, concluí que as casas, como tudo, só mostram o que somos. Não foi por falta de dinheiro que a casa não ficou maior. Uma das suites tem 60 metros quadrados. Apetece-me pôr aqui três pontos de exclamação. Aliás, vou pôr: 60 metros quadrados!!! Tem o tamanho de um apartamento. Não tenho nada contra as divisões grandes, mas é preciso que ande tudo em sintonia. De que tamanho tem de ser a sala para andar ao ritmo do quarto? Isso para não dizer que no mesmo espaço se poderiam fazer três quartos com 20 metros quadrados ou, se formos pessoas que gostam realmente de espaço no sítio onde dormem, dois quartos com 30 metros quadrados.

Nem chego a perceber bem para quem foi feita esta casa, mas, suspeito, para uma família de quatro. Se bem que as coisas estão a mudar, muitos prédios e moradias que encontro por aí são feitos assim: a pensar na família que o mundo acha normal - um casal e dois filhos. A nuance agora é o mesmo espaço de casa mas um dos quartos ser "o escritório". Tenho um problema com "o escritório". Geralmente, é aquela divisão onde se guarda a roupa por passa e os livros que não se leem. É uma divisão mental. Sonhamos com uma zona tranquila onde podemos estar com os nossos pensamentos e depois isso não se concretiza porque não temos tempo para lá ir ou não temos assim tantos pensamentos com que estar (o que não tem mal nenhum, mas resulta em desperdício). Tudo detalhes que mostram como somos e deixo à consideração da arqueologia futura.

Mas voltemos à casa dos meus sonhos, em localização ideal e com ar de férias: que fazer se queremos levar convidados? Vão e vêm no mesmo dia, e é se querem, porque apesar de só termos espaço para um casal e dois filhos (e um deles nem tem a sua própria casa de banho), a garagem tem espaço para seis carros. Aqui deixem-me só dizer uma coisa. Esta casa é realmente fabulosa e não tem culpa que tenha três filhas e não caibamos todos ali, mas arranjar espaço para seis carros numa casa construída para 4 pessoas é um bocadinho de consumismo a mais. Ou então estão a contemplar a hipótese de se guardar um trator, o que é perfeitamente razoável tendo em conta que o terreno tem 14 mil metros quadrados e alguém tem de tratar dele. O que me leva ao ponto seguinte.

Não há aposentos com privacidade para uma empregada ou empregado, alguém que possa ajudar a cuidar desta casa? Este é o tipo de pergunta que deixa o meu pai embaraçado com a sua própria filha e, bem sei, de muitas pessoas mas vamos a ver: quem é vai limpar esta maravilha? O meu esposo e eu com as suas mãozinhas, no seu tempo livre? E quando é desfrutamos da piscina? Ter uma casa grande e ninguém para ajudar a mantê-la tem um nome: escravidão. A não ser, claro, que as pessoas gostem de limpar e arrumar e isso seja um real divertimento. Se for assim, ótimo. Problema resolvido e menos dinheiro que se gasta, mas não sendo eu essa pessoa que se diverte milhões a esfregar, lavar e arrancar ervas daninhas, tenho esperança que no dia em que possa dar quase um milhão de euros por uma casa de férias posso também ter quem me ajude a gozá-la em pleno.

Mas continuemos. Não há imagens da cozinha, uma pena, e não é referida a existência de uma lavandaria. Outra estranheza, a meu ver. Uma lavandaria é fundamental. Mas, aqui, já nem estou a falar desta casa, onde não falta espaço para contornar a situação. Quanto mais não seja abdicando do trator! Não, quando falamos em lavandaria o caso é mais grave e merecia uma queixa na Ordem dos Arquitetos. No afortunado mundo dos arquitetos até se lava roupa (e põe-se a máquina na cozinha) mas estendê-la??? Isso já é pedir muito. Nesta mesma casa de onde escrevo, de 2005, foi preciso inventar um estendal. O que é sintoma de qualquer coisa é que a planta de uma casa passe por dezenas de mãos, entre arquitetos, engenheiros, maquetistas, pedreiros, carpinteiros e demais profissionais da construção, e ninguém dê por tão comezinha questão.Será porque as profissões mais qualificadas também já eliminaram estas tarefas da sua agenda? Será por machismo? Será discriminação de género? A prova de que existe um fosso abismal entre classes sociais? [Já agora, antes que me venham com histórias de "falas de fosso entre classes sociais mas queres ter uma empregada", espero que entendam a diferença entre criar um emprego ou sobrecarregar alguém com tarefas domésticas a troco de nada mais do que uma bonita casa].

Agora, sim, setembro pode chegar

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Enquanto andámos no bem bom das férias, entregámos a nossa casa aos cuidados do senhor Cláudio que levantou uma parede e devolveu a nossa casa ao seu aspeto original. Cada criança tem agora o seu quarto e os pais tiveram de se aconchegar. Acabou-se a suite com duas casas de banho e dois roupeiros! Uma tragédia, claro. Pequena, porém, se comparada com o estado em que ficou o nosso precioso lar depois da passagem dos pedreiros. Estava habitável, mas tudo fora do lugar.

À medida que uma pessoa cresce, esta pessoa pelo menos, dá cada vez mais valor à ordem. Ter tudo fora do sítio estava a deixar-me com os nervos em franja, o que ensombrou um bocado o regresso ao trabalho. Não bastava aquela coisa de voltar a ter horários e obrigações, e tinha as coisas espalhadas em três sítios diferentes -- casa, casa de fim de semana, casa da avó... Caos! Sempre uma inspiração, a Joanna Godard leu-me os pensamentos e escreveu sobre isso de sentirmos ansiedade e esses dias em que nos vamos deitar com a ideia de que fizemos tudo errado ou que nada bate certo... Porque é que o simples facto de não ter os relógios todos na mesma caixa ou os sapatos no armário pode mexer tanto com uma pessoa? Ou será apenas do tempo?

Seja o que for, finalmente, o comboio está de volta aos carris. Foi preciso um fim de semana de arrumação de livros, 12 horas de limpezas e arrumações na segunda-feira, muito maldizer o consumismo e mais uns pozinhos na terça-feira e já podemos dizer que está tudo impec (só falta mesmo terminar a arrecadação e então podemos dizer que não falta nada). Na segunda-feira, já passava das 22.00 quando fomos jantar. Pão, manteiga, bife, batatas fritas e molho. "Nós merecemos", dissémos nós.

As crianças chegaram ontem a casa. Melgaram-me a tarde toda. "Já podemos ir ver o quarto novo?". E quando as portas se abriram foi o delírio. De gostar e de lamentar. Gostaram de ter espaço. Tiveram pena de ficar sem alguns brinquedos à mão. Andaram nos quartos umas das outras, exploraram tudo. E a mãe está para lá de contente com o resultado (zero compras, tudo reciclado de uns quartos para os outros). Uma vez que li uma dessas especialistas em destralhar dizer que o primeiro passo quando iniciamos esta tarefa é precisamente NÃO comprar caixas ou o que quer que sejam. As casas dão as respostas. Lá tem a sua razão, é preciso admitir. Falta uma estante no quarto da Madalena para guardar os preciosos Playmobil, um aparador com 50 anos que o Iuri há de recuperar quando começar a chover para a Teresa e detalhes. Só para não virarmos totalmente as costas ao consumismo desenfreado. O desgraçado podia nunca mais recuperar.

Estamos prontos para um novo regresso (50% esperança de cumprir os planos traçados, algum dia havemos de conseguir; 50% ironia à volta desta necessidade de começar tudo todos os anos, todos os meses, todas as segundas-feiras, todos os anos letivos).

Só penso em piscinas

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 O dia passado na piscina da Praia das Maçãs, com os primos (e as primas) foi um dos melhores das férias para mim e, tenho quase a certeza, das miúdas também.

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Não paro de pensar em piscinas desde então. Já recomendei esta a uma amiga, falei com outra para nos pormos ao sol, estou desejosa de pôr o pé na da Praia Grande (será este ano?). Nem de propósito, ou mesmo por isso (porque é verão e se calharmos só pensamos em estar de molho), dei de caras com esta maravilha (obrigada, Banksy).

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 Era a maior do género na Europa quando foi inaugurada, em 1937, em Weston-Super-Mare, perto de Bristol. Só o nome do sítio é um programa, e a prancha art déco é de babar! Nem preciso de fechar os olhos para uma pessoa se imaginar ali... E como umas coisas levam às outras, fiquei a saber que apesar da sua beleza foi demolida no início dos anos 80. Em 1983, the pool, como lhe chamavam os locais, foi convertida em parque aquático e passou a chamar-se Tropicana. Ah, os loucos anos 80...

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O drama da mulher branca é o verniz gel... E em branco

Eu sabia que isto do verniz gel ia dar... porcaria. Cheguei de férias com os cotos num estado miserável, marquei no sítio do costume, não consegui chegar a horas, todas as Nails 4 Us estavam cheias, a habitual está cheia amanhã e com a prodigiosa Fernanda só tenho vaga dentro de uma semana. É uma tragédia, é o horror, quase tão mau como a pausa por tempo indeterminado dos Buraka Som Sistema. E porque é que isto é péssimo e vai para lá de eu ter entrado na fase "espero que tenha bolsos para esconder essas mãos"? Porque não posso reverter. Se fosse uma manicure normal, era algodão com acetona e até a Quica me tirava o verniz. Como me deixei ir na cantiga do gelinho, que dura e dura e mantém o brilho e mais não sei que predicados, só com uma rebarbadora é que isto sai e mesmo assim não é garantido. Se isto não são problemas...
O outro drama da canícula é o verniz branco. Estou apaixonada por verniz branco, um tom que a menina (é mesmo uma bebé de 24 anos) que me arranja as unhas resiste a aplicar. A teoria dela é que branco em pele branca fica mal. Ora, eu contesto esse pensamento aqui e em qualquer universidade do mundo que me queira chamar para falar do caso. Não só o branco é lindo, como até faria a Nicole Kidman parecer morena. O contraste, senhores, o contraste é o segredo. Mas, pronto, que se lhe vai fazer. Também já lhe disse que o encarnado fica lindo em unhas curtas e ela até se arrepia. Problemas. É o que eu digo.

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