As sábias palavras são da minha prima Elsa, com quem falei esta manhã sobre o que vai acontecer este fim de semana. Concluímos que vamos passar os dias em festas e festinhas e compromissos dos nossos miúdos. Há mais de um mês que não faço mais que andar de compromisso em compromisso com as gaiatas. Ora, o aniversário de amigas, ora os anos da Quica, ora festas de pessoal da escola, ora cumprir o calendário.
Sem Pão por Deus (é missão impossível fazê-lo amanhã), virei-me para o Halloween. Promete-se cumprir a rigor essa tradição (já) tão nossa que é o Dia das Bruxas.
O Diário Económico tem 25 anos e é preciso fazer notar a coisa. Foi porque esta minha amiga passou pelo DE que eu fui parar a Barcelona (foi ela que me falou de um trabalho por lá). Era lá que o vosso pai (já) trabalhava quando nos conhecemos. Sendo certo que é o jornal que mais tempo nos rouba em família, é também dele que sai uma das mais importantes lições que os pais podem deixar aos filhos: o valor do trabalho. De como é importante gostarmos muito do que fazemos. E nisso não têm melhor exemplo do que o do vosso papá.
A Teresinha é uma autêntica gaja -- feminina, delicada, manienta, chorona. Põe-me fora de mim. Não porque tenha alguma coisa contra o facto de ela ser uma Carrie Bradshaw de quatro anos mas porque, simplesmente, não sei lidar estas coisas. Ainda esta manhã discutiu comigo porque não lhe sabia pôr um gancho como ela queria, no alto da cabeça (coisa linda!). Esta é a criança que se pudesse alternava entre o vestido da Rapunzel e o da Cinderela e me disse que queria levar outros sapatos porque uma das colegas lhe disse que ela não usava sapatos de princesa. Que se queixa quando as amigas se ofendem entre elas com coisas como "és feia", "já não és minha amiga" ou "não vens à minha festa". Claro que acho muita graça a esse condensado de "coisas femininas". É uma novidade. Mas, há que dizer, dá muito trabalho.
E dá muito trabalho principalmente porque esse universo de "coisas femininas" está repleto de péssimos valores.Coisas como se dizer às meninas "és tão bonita" e cultivar desde a mais tenra infância a submissão ao corpo e ao que os outros pensam dele. Coisas que em si nada têm de mal, mas estão de tal forma incrustados que tendemos a achar que realmente as raparigas têm mesmo de ser assim e só assim. Para se ver como isto é assim, eu próprio começo por escrever que a minha filha "é uma autêntica menina".
E, então, parte da minha missão é dizer-te, Teresa, que a vida não se esgota em maquilhagens, bandoletes de cabelo e vestidos. Os livros não precisam de ser todos sobre princesas. Há mais no mundo. Podes explorar.
Pouco mais de um mês desde que os famigerados tpc começaram a aparecer. Depois das impressões iniciais, ando há umas duas semanas para escrever isto: está visto
que os adultos são mais irresponsáveis que as crianças.
Coisas que já aconteceram: - não se ir ver se há trabalhos de casa e serem feitos muito tarde; - ficarem pela metade; - não serem feitos no dia devido; - acreditar simplesmente quando a Madalena diz que não os traz e não ir verificar.
Sendo a mãe a mais irresponsável e procrastinadora, tomou para si a missão de zelar pelo cumprimento escrupoloso da tarefa, exigindo que sejam feitos no dia em que são marcados. A ideia é incentivar as boas práticas: não deixar para amanhã o que pode fazer hoje e evitar estragar os fins de semana tentando encaixar os TPC.
Com a vida social que as miúdas têm tido, temos tido que adiar os trabalhos para sábado ou domingo, mas uma coisa é a vida de todos os dias, outra é a criança passar uma tarde de sexta com os livros abertos e não os concluir. Que autêntica definição de perda de tempo. E que coisa desmotivante obrigar a criança a olhar para o livro de fichas duas tardes seguidas.
Outras coisas no meu método: - perguntar sempre se há trabalhos de casa. Não sei como é mas a mim ela diz-me semprea verdade. Outra coisa é a aparecer aqui uma simpática avó disponível para levar ao parque... - Confirmar sempre se o que diz é certo; - Perguntar se entende os exercícios e lê-los quando há dificuldades; - Envolver-me o menos possível.
Os paparazzi conseguem fotografar Manuel Maria Carrilho à porta da casa da ex-mulher com os filhos, em figuras muito tristes, mas não foi possível até agora, em quase três meses, descortinar uma fotografia, desfocada ou longínqua, de Ricardo Salgado. Ninguém o conseguiu ver a entrar em casa ou no hotel do Estoril Palace ou na Comporta. Nada. Não se sabe se está mais magro ou mais gordo, com mais cabelos brancos ou ar de quem não dorme. Podia fugir que ninguém percebia...
Levei a Teresa à Kidzania. Só ela e eu. Íamos celebrar o dia das bruxas, o que se faz por lá até domingo que vem, mas ficámos pelas atividades "normais".
Puxar pela imaginação
Conduzir. "Viste-me, mãe?"
Arranjar as mãos.
Lambuzarmo-nos com pipocas. Quer dizer, ela, claro. Eu tive que implorar. "Só uma, mãe".
...E andar de avião.
Depois, estreei-me como diva no Starbucks.
E a Teresa tirou-me as suas primeiras fotografias.
What????
Mas...
Ah, ok.
Quem diria que tudo começou assim...
PS: Ir à Kidzania a sós com a Teté deu para concluir que se a criança não fica sozinha (isto é, tem menos de 8 anos), o melhor é ir apenas com uma. Sem distrações, rende imenso. Quase impossível na maior parte das circunstâncias mas muito produtivo (ao nível da disposição da pequena criatura). Segunda dica, espreitar o site antes e ver o que vamos fazer. Não dá para andar a apalpar terreno. É preciso ser eficaz.
Vou aproveitar que estou com tempo e despejar para o Sapo teorias loucas sobre os hábitos de leitura de jornais. Os meus, não há razão para medos. De manhã leio o 360º, dou uma vista de olhos pelos jornais online. Ao almoço recebo o Económico à Uma, espreito o site do DN, recebo a Hora de Fecho do Observador e o Macroscópio. Quando tenho mais tempo, leio as escolhas que a The Atlantic me manda. E mais uma ou outra coisa que me suscite o interesse quando passeio pelo Facebook. Opinião, sobretudo. Que é logo o que é vedado quando as edições digitais são pagas. Uma treta... A pessoa não paga logo, começa a adiar, depois mete-se o almoço, a seguir um telefonema, mais qualquer coisa parva e quando se vai a ver... passou.
E o ponto é este: se não vou até ao fim por uma coisa que sei que vale a pena, faço porquê? Resposta sincera: POR NADA.
Não porque não haja matéria de grande interesse mas porque nada é insubstituível. Não posso ler uma crónica de alguém porque está "vedada", vou ao "The Guardian" encher-me de textos bem escritos, ideias diferentes ou outra coisa qualquer que até pode não ter nada a ver.
Daqui a 20 anos quando me estiverem a ler e disserem "caramba, a mãe era mesmo esperta" (porque é isso que vão dizer, meninas), devem ter em consideração que estou muito sozinha na minha convicção de que ninguém vai pagar mais por informação do que o que paga hoje. E já paga bastante. Em dados, Internet, banda larga, equipamentos e tudo o que faz da Apple, Samsung, AT&T e Verizon Communications empresas que estão nos 30 primeiros lugares da lista das 2000 mais valiosas do planeta, segundo a Forbes. A ombrear com bancos e petrolíferas, não é com a Nestlé, que põe uma coisa essencial na casa de todos nós: comida. Até quando estão no tapete as empresas de telecomunicações são intessantes. Essa é que é essa.
Temos a ilusão que não havendo papel não há suporte e não é verdade. Existe: chama-se tablet, smartphone, computador.
Não se pode esperar que as corporações que negoceiam à conta daquele espontâneo like numa foto no Facebook ou da leitura de uma pequena notícia no site de um jornal, de tudo o que lemos e partilhamos com os amigos venham dizer "meus amigos, vocês, produtores de conteúdos, são essenciais, temos de distribuir lucros convosco". Não. Nunca vamos ouvir o CEO de uma Vodafone ou de um MEO desta vida admitir que só há Vodafone e MEO porque há chamadas (cada vez menos), mensagens (muitas), interações em redes sociais e passeios por sites de jornais ou particulares, blogues e contas de Flickr.
A pequena migalhinha com que cada um de nós contribui para manter alimentar estas empresas devia fazê-los valorizaram mais a horas que passamos ligados. Mas não. Cópia privada? Nem pensar em pagarmos. Contribuir para que exista uma indústria cinematográfical local? Primeiro vamos a tribunal tentar resolver isto. Ser parceiro privilegiado de um grupo de media? Nem tocar no assunto...
Bem sei que isto é uma solução que deixa as corporações em estado de nervos. Ouvem falar em partilha de lucros e mostram logo o cartão da APAV. Coitadinhos, atacados por estes calões dos contéudos sempre a pedirem que os sustentem. É a maravilha do século XXI. Quando me estão a roubar os textos para serem "procurados" no Google ou "partilhados" no Facebook, ajudando ao tráfico de dados das suas empresas, através de aparelhos que constantemente me dizem que tenho de trocar por novos mesmo quando estão em perfeito estado, nunca se lembram que sou eu que lhes estou a pagar a mansão em Austin (a maior do mundo), as pesquisas da malária em África ou até 900 milhões de euros dados ao BES pelos bonitos olhos de Ricardo Salgado.
A sério que é giro. A PT (e a Cabovisão e a Nos) pôs o Estado em tribunal recusando-se a pagar uns três ou quatro milhões de euros para um bolo a repartir pelo cinema e audiovisual nacional e depois passou um cheque de 900 milhões ao BES? Uma pessoa não quer entrar no caldeirão da demagogia mas assim fica difícil, minha gente...
A mais nova também já diz "oh toodles". Bem, é mais "oh, oodas", mas percebe-se. E quando uma criança reconhece e imita a entoação de um bom "oh toodles" sabemos que está tudo a correr bem.