E é assim que a Teté remata as suas discussões com a irmã
- A Manena tem de respeitar a minha pivaxidade.
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- A Manena tem de respeitar a minha pivaxidade.
A palavra estimular.
A criatividade, a curiosidade, a atenção, o raciocínio, a lógica...
Vai ser triste sermos pais destes futuros adultos absolutamente normais, com vidas duras, felizes e infelizes, sujeitos aos mesmos desafios de sempre mas tão estimulados para serem perfeitos.
Deus nosso Senhor sabia muito bem o que estava a fazer quando me fez rodas baixas e assim para o anafado. Não fora isso e eu andaria sempre nua e passaria os dias a comprar roupa e acessórios. Sou uma fácil. Segunda-feira, quando fui entregar o convite à minha amiga Lena começámos a investigar lojas do Príncipe Real. Numa delas, a b design, encontrei este vestido. Branco e de pregas. Ideal para uma sardinhada. Tudo o que em teoria não deveria usar, mas que não resisti a experimentar. E não é que o raio de vestido é bué confortável e ficava bem? O que me consola é que ele é demasiado informal e, na qualidade de mãe das noivas, pretendo ir mais enfeitada do que a Paula Bobone nos Globos de Ouro (mas em bom, naturalmente) e aquele modelo não está à altura. #abuscacontinua é a minha nova tag fétiche.
Parece que o meu coração leva mais gente do que o Pavilhão de Portugal.
Até pode ser que esteja completamente enganada, e eu quero estar enganada, mas o nosso CR7 deve estar prestes a subir ao altar com a Irina. Aquele vestido branco dela na capa da "Vogue"... Estas fotos fofinhas dos dois no Instagram dela... Ai, ai...
Só as pessoas que se arrepiam todas quando um giz passa pelo quadro de ardósia conseguem compreender o que sinto quando ouço muitos repórtes de televisões nacionais a fazerem diretos com adeptos espanhóis. Valha-me Deus...
A Madalena esteve a ver o desenho do vestido e disse:
- Gosto, mas este laço... Não é muito o meu estilo.
[Um dia vocês vão perguntar à mãe porque é que escolhi este vestido e então posso contar-vos que escolhi porque conheço a Maria João Correia, a designer que faz a Little Wings. Que adorei o trabalho dele desde o primeiro minuto. Desde que a minha prima, madrinha madrinha da Teté, que me falou dela. "São o teu género". E eram. E então eu passei a ir sempre espreitar as novidades ao Lisbon Kids Market. Por mail e mensagem combinámos que ela ia fazer as vossas roupas batizado. Nos anos do vosso primo Rafael, quando ela estava imersa em trabalho, combinámos o tecido -- azul às risquinhas -- e o modelo. Esta semana chegou o croqui. Pelo meio, a Maria João abriu uma loja e tudo. E só posso agradecer que tenha tido tempo para nos fazer uma coisa especial. Às vezes fico parva com a quantidade de pessoas fixes que conheço.]
A mãe podia estar calada e guardar a roupa em segredo. Mas não era a mesma coisa.
Dá-me ideia que fora do mundo do jornalismo ninguém se preocupou grandemente com o artigo de ontem do "Observador" sobre a história de amor entre Mário Machado e a mulher, Susana. Um skinhead e uma menina de Cascais. Já entre jornalistas foi o fim do mundo em versão Prós e Contras. Passámos o dia nisso, não dando a devida atenção ao videoclip "Hora de Matar", o novo single dos Mão Morta, uma canção que, traços gerais, canta que perante o que os políticos fazem aos cidadãos se torna legítimo matar. É legítima defesa, diz um dos versos.
Eu também acho que está na hora de matar. Está na hora de matar a voz do Adolfo Luxúria Caníbal de tão má que é. Infelizmente não vou ter sorte nenhuma, restando-me simplesmente não carregar no play.
Detesto este discurso politicamente correto, a fazer de conta que defende os interesses dos mais fracos quando, na verdade, é apenas incitar as pessoas a tirarem de si a irracionalidade. Como protesto, que pobreza.
No caso do texto do "Observador", coisa muito diferente se passa. Li por aí que branqueava o papel de Mário Machado como líder de movimentos racistas e xenófobos e os crimes que cometeu.
Devo dizer que gostei imenso do texto e que não me senti minimamente tentada a concordar com Mário Machado. Sempre achei que as suas ideias eram erradas e o seu comportamento racista altamente reprovável. Fiquei contente quando a justiça o prendeu pelos crimes que cometeu. Crimes que atentavam contra a paz com que me apetece vivier no mundo. Detesto violência. E quando acabei de ler o texto continuei a achar a mesma coisa sobre ele. A história de amor? Achei surpreendente e, por cinco nanosegundos, até me passou pela cabeça isto: "as mulheres fazem cada coisa para não ficarem sozinhas". Foi um flash, ok? A mulher tem o direito a gostar dele e achar que é educado e romântico. A bem dizer, e é aqui que vou: ele próprio, cumprida a sentença pela qual foi condenado, tem o direito a reiniciar uma vida e a ter opiniões. Por mais que me pareça inacreditável que alguém pense que seria melhor viver num mundo em que dois homens e duas mulheres não possam casar, não posso fazer nada. As pessoas pensam como pensam e desde que não prejudiquem os outros, temos de os aceitar. Desde que não prejudique os outros. Isto é muito importante dizer (reforçar).
As coisas que ele pensa repugnam-me de tal forma que a minha primeira reação é dizer "devia ser proibido poder manifestar-se, associar-se, qualquer coisa". Mas essa é, precisamente, a armadilha destas convicções: proibi-los é jogar com os mesmos trunfos que eles e o pensamento, por mais proibido que seja, é sempre livre.
Os Mários Machados desta vida com o "Mein Kampf" na mesa de cabeceira é que acham que é bom um mundo conforme às suas convicções racistas e machistas. Deixá-los, pois, pensar como queiram. E se querem formar partidos, força. Logo que respeitem a Constituição e os princípios de não discriminação. Se forem capazes, acho bem. Criem os partidos que quiserem. E se forem da paz, tudo bem. A questão, porém, é que não me parece que sejam capazes de respeitar isto tudo ao mesmo tempo. Esta era a minha opinião antes de saber que Mário Machado tinha uma história de amor para contar. O texto apenas a vincou mais.