Não sei como é que esta situação me passou ao lado tanto tempo, mas o Portal das Finanças deve ser um dos sítios menos recomendáveis para uma pessoa passar. Sempre atribuí o meu repúdio por este género de serviços ao facto de não gostar muito de números. Percebi hoje que não sou eu que tenho um problema com a matemática. O ministério das Finanças é que tem um problema com a Língua Portugesa.
Eis o género de palavras e frases que o incauto cidadão encontra quando tenta exercer os seus deveres: declaração IES/DA, Modelo 10, IMI, IMT e, depois os mais vulgares IRS e IVA. Sou um burro a olhar para um palácio nos primeiros dois casos, tenho uma vaga ideia do que são os dois segundos e sei o que são os últimos. Caía-lhes os parentes na lama se escrevessem IES/DA - Informação Empresarial Simplificada/ Declaração Anual. Não, é assim. Quem sabe, sabe. Quem não sabe, ouça o Domingues de Azevedo no programa da Ordem dos Técnicos Oficiais de Conta na TSF.
Não existirá uma lei que impeça um organismo público de contactar com os cidadãos como se estivesse a mandar um SMS? Aliás, se no Portal das Finanças, sítio que se espera que a ministra das Finanças tenha passado a pente fino no exercício das suas funções se escreve assim, nem quero imaginar uma simples mensagem.
Ou então isto é poesia e o que digo é só injustiça.
Apanhámos o Sérgio, a Rita, o Pedro e o Afonso, mais a Gata e os filhos, a Princesa e a família a meio da avenida. Já não nos encontrámos com o Paulo e as gémeas, uma colega de trabalho e a Catarina. Era muito tarde já. Fizémos corta-mato entre a associação dos reformados e a Voz do Operário. Recebemos dois balões. Um voou e deixou a Madalena tristíssima. A Teresinha andou às cavalitas do Filipe e da madrinha. As crianças empurraram o carrinho da Francisca. Ela não se queixou. A Joana, a Matilde e o Rodrigo juntaram-se a nós. Acenámos ao Jerónimo de Sousa e encontrámos a Margarida. Quase nos Restauradores encontrámos a Rita, que estava com a Inês e nos disse que o André, a Susana e a Madalena também lá andavam. Encontrámos a Madalena. Parámos para um gelado. A Lena e o marido juntaram-se a nós. Antes de recomeçarmos a subida, apareceram a Catarina e o filho. A Madalena foi contra um poste e feriu-se no lábio. Passou. Dividimos farturas e voltámos para casa.
É muito difíicil explicar o que é uma revolução a crianças. É muito difícil explicar o que é o 25 de Abril. Não poder escrever tudo o que se pensa? Pedir licença ao marido para viajar? Existirem diferenças sociais tão grandes que Portugal mais parecia a Idade Média? Um mundo em Lisboa, da arte moderna, dos futuristas e ricos em geral e no resto do país, pobre, sem cultura, sem informação? É difícil explicar que existiu um mundo em se podia dizer se uma pessoa era da cidade ou do campo apenas pela maneira como se vestia. E quanto mais difícil é de explicar, mais percebemos porque é que importante celebrá-lo. Sobre os 25 motivos para celebrar abril já disse o que me parecia bom e não tenho grande coisa a acrescentar. Apenas dizer a democracia quando nasce é para todos. E por isso mesmo hoje vou descer a avenida da Liberdade com a minha família.