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Quem sai aos seus

Um blogue para a Madalena, para a Teresa e para a Francisca.

Sobre a TV que se vê (e que as crianças não podem ver)

Já se sabe: eu sou adepta que as crianças vejam TV. É uma óptima forma de entretenimento, logo que os pais não se limitem a conhecer o botão do on. Se soubermos o que eles vêem não há stress. E se não gostarmos, eles não vêem e pronto. E como não tenho paciência para conversas do género "a televisão é terrível", como se estivesse num episódio do Conta-me como Foi, não imaginam a minha cara quando os pais de duas adolescentes me dizem que as miúdas, por opção deles, só têm os quatro canais generalistas. Estive a ponto de lhes dizer que para terem isso mais valia nem terem televisor em casa. Contive-me. Mas é exactamente o que penso.

 

Já sabia e agora que passo tanto tempo em casa tenho ainda mais certeza. Mas que grande porcaria. E, pior, a degradação em dois anos e meio (a minha outra licença de maternidade) é abismal. Não há um único programa do horário nobre dos quatro canais que me interesse (eventualmente, o Milionário). Durante o dia é só desgraças e coitadinhos. A voz da Leonor Poeiras seria capaz de enervar a Madre Teresa de Calcutá. O José Figueiras nem menciono. Os Morangos não estão divertidos. Uma seca. Valha-nos, pois, o Cabo, onde há as notícias e, afortunadamente, séries como as que venceram os Emmy, o Mad Men e Uma Família Muito Moderna. Ter um adolescente em casa e privá-lo deliberadamente destes conteúdos de qualidade é que é um crime.

Quantos filhos queres ter?

A bem dizer, se não me preocupasse com contas e escolas e o futuro, queria ter uns sete ranhosos ou, muito simplesmente, todos os bebés que a natureza achasse por bem enviar-me. Se me perguntassem há uns meses diria que queria três, sem hesitar. Só que perdi a coragem. E começo a perceber um bocadinho melhor esta minha amiga. Perante a possibilidade de alguma coisa correr mal quem se mete nisso? Continuo com vontade de ter mais filhos (parece que é um desejo natural dentro da revolução hormonal pós-parto), mas isso requer uma dose de valentia que não tenho. Está certo que não tenho de decidir nada agora, mas ó miaúfa...

Ah, e mais uma coisa

Só para acrescentar ao post anterior:

 

Se acham difícil alinhavar quatro pensamentos em português corrente posso sempre mostrar-vos a dedicatória que a vossa bisavó escreveu assinalando o aniversário da Teresa. Estava impecável e, se quisermos ser mesmo puristas, só faltava dois acentos. Estamos a falar de uma pessoa com 80 anos e que raramente escreve... Portanto, se ela consegue, vocês também hão-se conseguir.

Sim, é snob, mas não quero vocês, miúdas, sejam assim

Hesitei bastante antes de escrever este post, porque já sei que é por coisas destas que depois uma pessoa ganha fama de snob e mania que é esperta, mas simplesmente não quero saber. Exijo que vocês, Madalena e Teresa, saibam escrever em português quando forem grandes.

 

Todos damos erros ortográficos, mas uma coisa é confundir reboliço (= o que rebola) e rebuliço (= confusão) ou acentuar com acento circunflexo os derivados do verbo pôr (é impor, repor, dispor e não  impôr, repôr, dispôr) ou escrever demais junto quando é separado, outra coisa é manter uma conversa de cinco frases no Facebook e cada linha ter um erro.

 

Para os meus padrões, até é aceitável começar uma conversa com um 'tas boa'. Assim: abreviado, sem acentuação, sem pontuação. Começo a ficar mais arreliada quando a pessoa não tem a decência de acentuar uma palavra que seja ou de pontuar uma frase que escreve. Deve achar que a minha vida é decifrar hieróglifos. Perco logo toda a vontade de continuar a conversa. Mas, de tudo, de tudo mesmo, e estou a falar de uma conversa que aconteceu mesmo, fico possessa quando vejo uma rapariga com pouco mais de 20 anos escrever "gostas-te" em vez de "gostaste". Porque isto já nem sequer é um problema de como se escreve. É de como se lê. De como se lê mal.

 

A conversa era sobre a Bimby e para piorar o que já ia mal quando lhe digo é fabulosa mas que não preciso assim tanto, sai-se com um sofisticadíssimo "Mas não fazes comer?" (o ponto de interrogação é meu, claro!).

 

Individualmente, nada disto é importante. Montes de gente fixe diz "o comer", muitas pessoas bem sucedidas dão erros... O meu problema com estas coisas em dias catastrofistas é pensar que já temos tão poucas hipóteses quando estudamos e fazemos tudo certinho que nem quero pensar nas coisas fantásticas que nos estão vedadas porque ignorámos o que o dizia a profe de português. É a marca da juventude, acho eu: achamos que nada do que fazemos aos 10 ou aos 15 anos terá consequências no que seremos aos 30. Depois um dia acordamos e tem. Sublinho, miúdas: mesmo que façam tudo certo não posso garantir que não vão acabar nos trabalhos errados a fazerem o que não gostam. Mas sei que se não fizerem mesmo nada, mais possibilidades existem de serem infelizes naquilo que vão ser obrigadas a fazer durante boa parte do vosso dia.

 

E isto é para o caso de não vos poder lembrar disto quando entrarem nos teen e vos der para a parvoíce. Se der... (que eu espero que não dê).

"É acordar um dia sem apego a nada"

Volta e meia, a minha mãe diz: "Tens ali um caixote com coisas tuas. Podias abrir e mandar fora o que não te interessa".

Estou a adiar, adiar, adiar...

A caixa já lá está há uns bons 10 anos e ainda não dei o passo.

1) não me apetece olhar para essas coisas.

2) aborrece-me meter a mão no pó.

3) acho que não há lá nada que verdadeiramente me faça falta, mas depois vai custar-me livrar-me de coisas que têm algum significado.

Estou à espera do momento certo.

"Acordar um dia sem apego a nada", como diz o meu irmão.

É raro isso me acontecer e quando se dá, como hoje de manhã, nunca estou em casa dos meus pais.

Mas não dei o tempo por perdido.

Parece que também sou perita em acumular tralha.

Comecei por procurar um creme, acabei a deitar fora várias embalagens de porcarias que não uso nem usarei. A encontrar coisas que efectivamente me fazem falta. A pôr bolsinhas para lavar.

E a interrogar-me seriamente sobre a razão que me levou a guardar uma que tinha o fecho estragado.

É assim que as pessoas vão parar à Oprah.

 

Agora vou arrumar papéis.

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