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Quem sai aos seus

Um blogue para a Madalena, para a Teresa e para a Francisca.

Nós

Acorda. Aquece leite, muda fralda, veste roupa. Bebe leite. Brinca na casa de banho. Lava a cara. Abre a porta. chama o elevador, ajuda a descer as escadas, ecolhe chaves, abre porta, manda passar, abre outra porta, diz que pode passar, manda para o popó, põe na cadeira, põe o carro a trabalhar, entra no elevador, põe os óculos, sobe no elevador, abre-se a porta, vira à direita, apanha o túnel, canta Buraka, pára nos sinais da Camilo Castelo Branco, dá a volta, estaciona, diz bom dia, desce a rua, vira a esquina, entra na confeitaria, dizem bom dia, pega-se ao vidro, volta para a rua, diz adeus ao segurança, coca à campaínha da escola, entra.


 


Infantário.


Trabalho.


 


Sai a correr, toca à campaínha, faz figas para não ser a última, ri-se com a Isabel, veste o casaco, começa a descer a rua. Qué colo!, pega-se. Chão!, deixa-se. Dá beijinhos. Entra na garagem, vai buscar a chave, desce para o carro, choraminga, pede a bu (chucha), liga ao pai, liga à avó. Canta Buraka, dança sentada. Abre a porta, desce de elevador, estaciona o carro, abre a porta, fecha a porta, abre a porta, fecha à chave. Sobe as escadas, chama o elevador.Vadori! Entra no elevador, entra em casa.


 


Mala na cadeira.


Respira fundo.


 


Mete água a correr - fecha ralo, deixa correr até ao quente, tempera, sai. Entra no quarto, escolhe roupa, escolhe pijama. Põe a roupa no cesto da roupa suja, pega ao colo, pega toalha, mete na banheira, tira concha, tira caranguejo, tira estrela, tira leão marinho,  inventa história. Esfrega cabelo, rabinho, pés, mãos, tudo. Pass com água. Tira da banheira. Seca, põe creme 1, põe creme 2, mete fralda, veste pijama, faz palhaçada, leva para a cozinha, senta na cadeira, serve sopa, dá colher, deixa fazer bagunça, serve o peixe, dá colher, parte fruta, faz perguntas. Vai para a sala. Brinca. Pede Panda, vê Panda. Pede stóia, vai para o quarto, deita, dormita. Leva para a cama de grades. Adormece.





Mais ou menos isto. Todos os dias.  Se não houver  imprevistos.

Isto foi ontem, já não vale

Apetece-me fazer queixinhas e não ter de pedir desculpa e dizer "mas olhem que eu gosto muito da Madalena!" Porque acordei às 05.00 da manhã com a Mini a choramingar, porque encontrei uma gaveta aberta e dezenas de elásticos de cabelo pelo chão. Logo aqui que já ninguém usa cabelo comprido. Porque não faz nada do que digo à hora da refeição. É calmíssima, mas tira-me do sério:


 


- Mamã, não pupa!


- Tens de comer a sopa.


- Mamã, não! Mamã, a outa!


- Qual outra?


- A outa papinha.


 


Ou, depois de uma hora a saltar-descer-subir-saltar-descer-subir do sofá, aparenta sono, mas depois não quer dormir.


 


Ou, o pior, não poder viver com um mínimo de espontaneidade, sem passar o tempo a prever o que vai acontecer. Sem estar sempre a antecipar o próximo passo. Exemplos:


Banho = é preciso levar a toalha para a casa-de-banho (já para não falar que é preciso antecipar vários dias que vai acabar o gel duche e é preciso substituir)


Sábado de manhã = stress total porque é preciso planear as refeições ou a coisa descamba e lá temos nós de aturar uma birra.


 

Para que vejas, filhinha, como é a natureza humana

A tua mãe chegou cansada e rabugenta, furiosa porque não tinham posto a notícia que eu queria no online.


Estava danada por ter de ouvir queixas de quem só reclama - ora porque os trabalhos são bons, ora porque são maus. Só gostou de vir trabalhar porque tinha um serviço de manhã, e subiu contentinha avenida da liberdade acima a escrever mentalmente a notícia.


Era espectacular, e eu pensava: isto compõe-se, já sei de cor o número de clientes do Meo (500 mil, se interessar a alguém), vou contactar este, aquele e o outro - já tenho os telefones desta gente toda! Depois faço a outra coisa e mais-não-sei-que-mais e adianto trabalho para o fim-de-semana...


Mas chego e não é nada daquilo e tenho 300 mil coisas para fazer e, caraças, estou farta de vos ver, grito:  "amanhã ainda sai no jornal que a ERC processa a Cabovisão, que estreia novo documentário na RTP1, que foi despedida da Playboy, que tem na capa a Catarina Furtado"...


Reclamo, e é injusto.  É tão boa a sensação de contar!


Portanto, apesar das quase 13 horas que levo aqui, hoje é um dos melhores dias da minha curta vida neste jornal.


Na sexta vou ao concerto de Backstreet Boys (e recuo nove anos no tempo).


Tenho dois trabalhos giros para fazer.


E, sem que eu tivesse que mexer uma palha, a notícia que eu queria já está no online.


 

Casinhas com arroz e ervilhas? Jamé

Porque sou uma mamã preocupada com o que dá a comer à sua cria, comprei este livro:


Tudo muito giro, tudo muito útil, até à parte em que sugerem que se  façam coisas como casinhas de arroz, debruadas com ervilhas, janelas de feijões verdes e árvores que são brócolos só para tornar a hora da refeição mais aprazível para a criança. Se algum dia me virem a fazer isto, por favor, internem.me. Em todo o caso não chamem a Segurança Social (conhecendo o fervor normativo desta gente são capazes de achar isto bem).


 


Acho inacreditável esta mania de que tudo o que tem a ver com crianças tem de ser divertido e super-mega-fixe. Uma coisa é achar, como acho, que devemos retirar prazer em tudo o que fazemos, mas isso não tem a ver com a coisa em si. Tem a ver com cada um de nós. Nós é que temos de encontrar o lado bom de tudo na vida. O que é vocês acham, mães, pais, pessoas deste mundo?

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